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Muyaka
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Territórios Livres - A Invasão Bárbara - Página 4 Empty Re: Territórios Livres - A Invasão Bárbara

Ter Jun 12, 2018 3:29 am
O eremita se afasta do acampamento, adentrando a floresta até encontrar um local entre as árvores, onde poderia se unir à terra. Ele ainda ousou ouvir o canto matinal dos pássaros, que o fazem pouco antes do nascer do sol. Que saudades ele sentia do nascer do sol. Finalmente fundiu-se a terra, sentindo-se abraçado e protegido pela mãe natureza.

Ao acordar, Han executou um ritual que fazia sempre que podia. Desfez o poder da transmutação e sentiu-se envolto a terra. Como ocorre no nascimento das criaturas vivas, ele vence a terra que o envolve, com as mãos nuas, rasgando a terra, colocando-se para fora, sentindo o cheiro úmido no ar. A terra em seu corpo, era como uma pintura de guerra, seus cabelos sujos davam-lhe a impressão de ser uma fera a ser temida.

Caminhou por entre as árvores até chegar ao acampamento, na área onde seus homens e os de Gannicus já deveriam estar a postos e prontos para partir. O eremita carregou um pedaço de tronco e o colocou em frente ao seu destacamento. Subiu e observou toda a imensidão do acampamento, imaginando que os outros destacamentos já deveriam ter partido. Após certo tempo em silêncio, ergueu sua voz, para que o máximo de guerreiros o ouvissem.


Homens, é chegada a hora de partir. Como lhes foi orientado mais cedo, partiremos nesta noite rumo ao enfrentamento! No entanto, com a chegada das forças de Gannicus, devemos reforçar nosso estoque de alimentos. Ele fez uma pausa, avaliando todos os rostos quanto possível e depois continuou. E também a bebida, pois, como festejaremos a morte dos romanos? Ele erguera a mão direita, fechando o punho, numa demonstração de poder e força. Não nos faltará alimentos se prosseguirmos direto, entretanto, a prudência é a mãe do êxito. Não pretendo levá-los para vossa morte certa em caso de sitiarmos o território romano, devemos ter alimento o suficiente para matar os desgraçados de fome. Iremos incendiar suas cidades, envenenar seus estábulos e dizimar sua gente imunda! AGORA, SIGAMOS HOMENS! PELOS MEUS CALCULOS, CONSEGUIREMOS ALCANÇAR A TROPA DE BERENHAL E DE ODOACRO EM POUCOS DIAS, JÁ QUE SOMOS EM MENOR NÚMERO E NOSSA MARCHA SERÁ AINDA MAIS RÁPIDA! SIGAMOS, POIS, JÁ SINTO O CHEIRO DO SANGUE ROMANO QUE AGUARDA PARA ESCORRER POR NOSSAS LÂMINAS!!!

Tendo feito seu pronunciamento aos homens, procurou Gannicus com os olhos, talvez ele também quisesse dizer algumas palavras. Han ainda acenou para os homens que guiariam as tropas, indicou que queria lhes falar antes de que a marcha começasse.
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Qua Jun 27, 2018 7:01 am
Abaixo das frondosas copas das árvores, Han tornou-se um com a terra e repousou. No entanto, o sono diurno não trouxe paz.

Han alçava voo na forma de uma coruja de plumas prateadas, iluminadas pela luz parca da lua no céu escuro e sem estrelas. Abaixo de seus grandes olhos que enxergavam distâncias longínquas, uma guerra era travada. Homens digladiavam-se uns contra os outros. O solo verdejante tornava-se carmesim e os gritos de dor e agonia ecoavam pela noite como nunca antes presenciado pelo gangrel. Eram seus homens, o povo livre, a lutar contra as hordas romanas que, enfileiradas e atrás de seus largos escudos avançavam enquanto os bárbaros caíam, mais e mais, perante suas espadas largas e curtas as quais chamam de gládio.

Havia derrota em sua visão.

Mais à frente, o Rei Odoacro arrancava membros com as mãos nuas daqueles que o interpelavam em batalha até que um romano trajando uma armadura reluzente se apresentasse. Encararam-se e antes que a visão do Eremita lhe revelasse o destino daquele enfrentamento, uma águia de tamanho descomunal agarrou a coruja com suas garras afiadas e fortes.

Sentiu dor. Os céus rodopiavam, escuridão.

Han despertou e perfurou o solo deixando-o com pressa e em susto. Estava ofegante, ainda que não precisasse respirar de fato. Notou, ao retornar a si e caminhar pelo acampamento, que os destacamentos já haviam partido com exceção daqueles que manterão a posição e dos homens que marcharão a seu lado e de Gannicus. O furor causado pelo seu discurso inflamou o coração dos homens enquanto Gannicus apenas sorria, largamente, com a visão do novo líder dos Trácios. Pois era esta a condição alcançada pelo Eremita ao derrotá-lo.

Agora, Celtas e Trácios seguiriam o seu comandante rumo a guerra e sob suas ordens. Gannicus aproximou-se, assim como os homens em comando ao notar o chamado do Eremita. Foi o primeiro a apertar vigorosamente o antebraço de Han.


- Belas palavras, Eremita! Que o Sangue Romano escorra por nossas lâminas!

Os demais homens, aqueles destacados em liderança, aproximam-se e aguardam as ordens de seu líder.
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Qua Jul 11, 2018 12:59 am
O eremita ainda refletia sobre o seu sonho. Primeiro pelo fato de ter sonhado e em segundo pelo sonho anunciar a derrota. Seria de fato um presságio? Enquanto os líderes se aproximavam, ele clamou em silêncio aos antigos deuses, pedindo que eles dessem um sinal de que o sonho era apenas um fruto do medo.

Quando os lideres se pararam em sua frente ele sorriu, como sempre sorria aos humanos. Apesar de sua superioridade natural, ele demonstrava sempre uma empatia e uma postura humilde. Ele acreditava que tanto humanos quanto cainitas faziam parte de algo maior, ele só não sabia o que.

Por mais que não desejasse, desta vez deveria falar como um líder, um guia e não como um sábio eremita. Olhou sério para os seus seguidores e então começou.


Homens, sob estas estrelas que guiam nossos caminhos, assim como fizeram com nossos ancestrais, começaremos nossa marcha. Vós sois aqueles que guiarão seus iguais, quando o astro maior substituir as estrelas que me guiam. Terão a responsabilidade de continuar o trajeto pensado por mim e, por mais que pareça controverso em algum momento, não hesitem em seguir. O destino desta guerra depende de como vocês seguirão os meus conselhos e as minhas ordens. Han parou de falar. Flashs do sonho perturbavam a sua paz, não o seu raciocínio. Voltou a sorrir.

Além disso, quero dar a vocês um presente, algo que vai incendiar vossos corpos mais do que o hidromel que estão acostumados a beber e ainda os tornarão mais capazes fisicamente. Compartilharão comigo a minha força e o meu desejo de derrotar os romanos. A única advertência que tenho a fazer é a seguinte, vocês se tornarão ainda mais suscetíveis a mim e ao Gannicus, que fará a mesma coisa. Aqueles que quiserem, deem um passo a frente. Assim que terminarmos aqui, seguiremos em marcha pela rota que será entregue em suas mãos.


***
Em jogo, O eremita dará seu sangue aos comandantes e espera que Gannicus faça o mesmo. Após este evento, seguirão a viagem, como o planejado.
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Qua Jul 11, 2018 1:04 am
Os homens inflamam-se pelas palavras de seu líder. Consomem o sangue do Eremita e de Gannicus conforme indicado e sentem-se invencíveis. Implacáveis. A marcha se inicia e tão breve quanto começou, encerrou-se.


A visão de Han obscureceu, o mundo girou. A última coisa que viu foi o céu girar sobre sua cabeça antes de tudo se tornar o nada.



O despertar era dolorido. Havia sangue em sua face e abrir os olhos era um tormento. Ergueu-se somente para ver que todos a seu redor haviam caído. Dos mortais aos imortais mais jovens e mesmo Gannicus haviam sucumbido à mesma sensação que teve. Haviam, também, compartilhado daquela visão?

Incerteza. Aos poucos, os homens despertavam. Gannicus antes dos demais. Ele chorou, como uma criança, despejando sangue por entre os olhos avermelhados.
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Qua Jul 11, 2018 2:20 am
Ainda tremulo, O eremita se ergueu do solo ao qual foi forçado a se prostar. Percebeu que a moral de todos o seus seguidores havia sido abalada e, por mais difícil que seja admitir, a sua também. Aproveitando-se da escuridão, limpou rapidamente o rosto e manteve-se em pé, impassível. Ao menos queria parecer, não importava seus sentimentos. O que lhe corroía a mente era que aquela visão parecia ser uma extensão da primeira que tivera esta noite. Odiou-se por isso. Sabia que deveria relatar tudo a Odoacro, porém, deveria estar ali naquele momento, aqueles mortais precisavam dele e, se o Rei sucumbisse, tal qual a visão, significava que a luta não acabaria, não ali, não naquele momento. Ainda raciocinando sobre o que fazer, sentiu um arrepio subir-lhe pela espinha. Seria aquele o sinal dos deuses antigos? A derrota estava certa?

Esperou que todos se recompusessem, acudiu o trácio em sua triste situação. Apoiou todos os mortais. Ele era O eremita, o sábio. Não havia motivo para desespero, apesar de sua alma estar inquieta, aflita por seu Rei. Assim que todos se situaram, mais uma vez naquela noite o eremita ergueu a sua voz. Suas palavras saíram inflamadas de ira e paixão. Havia um tom de desafio na voz, como se quisesse provar aos deuses que eles estavam errados.


E é assim que Roma pretende nos derrotar meus irmãos! Eles já perceberam que sua derrota vai a galope e, num ato de desespero, usam de seus feitiços e mágicas para diminuir nosso desejo e nossa vontade de seu sangue! Eles acreditam que nos farão recuar diante de tal visão! Porém eu vos digo homens! Seremos livres! Livres! Na vida ou na morte não nos curvaremos aos romanos! Nossa marcha é para a vitória, para a aniquilação de nossos inimigos, mas, se os deuses assim não quiserem, e eu duvido disso, estaremos com nossos companheiros no mundo dos mortos, compartilhando um grande banquete e bebendo hidromel! Não há motivos para vacilar! Somos homens, somos livres e somos capazes de subjugar os romanos, até mesmo com nossas mãos nuas!!! Levantem-se homens, continuemos a nossa jornada! As estrelas são testemunhas de que não caminhou nenhum exército sobre esta terra tão mortais quanto nós!
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Sex Jul 13, 2018 11:04 pm
Han apoiou os mortais próximos a si como pôde. Estavam atônitos. Em seguida caminhou em direção à Gannicus para fazer o mesmo. Notou, ao aproximar-se, que as lágrimas rubras cessaram da face do Brujah que estava completamente estático. Os olhos do trácio jaziam sem vida, opacos, esbranquiçados. Estava sentado, recostado em um tronco de árvore caído, balançava-se lentamente para frente e para trás. Balbuciava ininterruptamente, de forma quase inaudível.

- Devorará a todos. Devorará a todos. A todos. Devorará a todos...

O Eremita olhou a seu redor e notou os mortais a encarar-lhe. Vacilavam, duvidavam, temiam. A dúvida preenchia os olhos daqueles que o seguiam e assim o Gangrel soube que precisaria conter-se e elevar a moral de seu povo ou a batalha estaria perdida antes de se iniciar.

Suas palavras foram fortes e tocaram o coração amedrontado de alguns, que começaram a erguer suas lâminas e urrar demonstrando força. Eram tímidos, poucos, seus espíritos pareciam por demais despedaçados. Ainda sim onda de coragem gerada pelas palavras do Gangrel começou a espalhar-se e o Eremita acreditou que seria capaz de contornar a situação. Até que o ouviu.

Os gritos eram altos, estridentes. O fazia com tanta força que gotículas de sangue espirravam de sua boca.


- TIRE-O DOS MEUS OLHOS! TIRE-O DOS MEUS OLHOS! DEVORARÁ A TODOS! DEVORARÁ A TODOS!

Gannicus se contorcia no chão, gritava, com as mãos a apertar a própria cabeça. Foi rápido, cruel e assustador.

Aquele brujah colocou ambas as mãos à frente do rosto e abruptamente enfiou os dedos nos próprios olhos arrancando-os inteiramente e esmagando-os. Sangue jorrava as torrentes dos globos negros que restaram em sua face, o sangue dos globos oculares esmagados em suas mãos lhe escorria pelos cotovelos enquanto gritava a plenos pulmões.


- DEVORARÁ A TODOS! DEVORARÁ A TODOS!

Encolheu-se em  posição fetal e continuou a balbuciar, susurrando, o mesmo mantra sombrio. Sob aquela visão, os mortais deixaram as espadas caírem. Alguns vomitaram imediatamente, outros começaram a deixar a formação embrenhando-se na mata. Havia, acima de qualquer razão, medo.
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Dom Jul 15, 2018 8:47 am
Os gritos de Gannicus deixaram o eremita paralisado, impotente. Por mais que tivesse seus medos, eles não poderiam, nem deveriam, afetar seus seguidores que, fugiam como animais medrosos, que fariam tudo para sobreviver. Era irracional, primal o medo daqueles homens. Por mais que aquela cena o abalasse, Jan pensou rápido. Deveria ajustar as coisas mais uma vez.

Abaixou-se junto a Gannicus e lamentou por seu amigo. Havia adquirido um grande respeito por aquele maldito Trácio, não o deixaria sofrer. min tateou o solo e ao encontrar o que procurava, foi rápido e preciso. Bombou seu sangue até sentir que teria força o suficiente para tal e, num golpe preciso de misericórdia, cravou a estaca no peito do comandante dos tracios. Manteve o corpo sobre ele, como se fizesse uma prece aos deuses antigos e o virou de lado, para que nenhum mortal visse que seu comandante estava imobilizado.

Lamentando sua má sorte, sorriu para os céus e para as estrelas. Procurou em sua mente algo que pudesse reverter uma vez mais aquele momento medonho. Já que eles estavam com um medo animalesco, o eremita decidiu dar-lhes uma demonstração de poder, apesar de desagradá-lo. Ele nunca gostou de demonstrar seu poder para intimidar os homens, no entanto, esta era a sua única saída, ao menos naquele momento, palavras não seriam suficientes.

Han elevou suas mãos e então, como se estivesse clamando aos espíritos e deuses, ergueu sua voz e gritou, para ser ouvido pelo máximo de homens possível.

Deuses e espíritos da floresta, eu Han, mais conhecido como o eremita, invoco humildemente vossa presença entre nós, que sofremos neste momento com a loucura passageira do medo. Que os animais guardiões me obedeçam e demonstrem aos homens o poder que me foi concedido por vós!


O eremita então passou a se mover como se estivesse num transe. A cada. Movimento que fazia, um som animalesco saía de sua boca. Ergueu e deu seu primeiro guincho, inaudível para os seres humanos. Convocou para si todos os morcegos que se abrigavam naquelas florestas e, aquele que o ouvisse, deveria atender seu chamado. Logo após, sua voz mudou novamente e passou a crocitar, alto e imponente, convocando os corvos. Os mortais iriam lembrar por que o eremita era um espírito da floresta. A ordem era para que corvos e morcegos envolvessem a zona em que os mortais estavam, deixando o céu ainda mais negro.

Os homens que fugiam por entre as árvores, ouviram um uivo alto, de congelar as pernas. E ali, não era um uivo de lobo. Era o uivo de uma besta invocando os lobos, para que cercassem os homens de volta até o ponto de origem.

Han bateu com as mãos nuas no chão e depois no peito e desta vez, o eremita, com os olhos vermelhos sangue, bramiu. Invocou os ursos que ali viviam. Eles deveriam atender ao seu chamado e bramir de volta para ele.

E então, Han aguardou que os deuses das florestas o ouvissem uma vez mais e que desta vez não houvessem mais surpresas desagradáveis e nem visões de terror, desejou apenas que as criaturas da floresta o obedecessem.

Enquanto aguardava, abaixou-se e pegou os olhos estourados de Gannicus. Quando aquele momento passasse, seria ele a ver quem devoraria a todos.


*Han usou o chamado, poder de nível dois de animalismo. Foram quatro tentativas, considerando cada espécie invocada. Han possui carisma 4 + sobrevivência 4. Além disso, está sendo gasto um ponto de força de vontade, para um sucesso automático.
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Dom Jul 15, 2018 8:14 pm
O Eremita atravessou o peito do atordoado e desolado brujah em um único e violento golpe. Sentiu, sob suas poderosas mãos, os estilhaços do galho que usara como estaca se partirem perfurando o coração de Gannicus que entrou em profunda inércia. No lugar de seus olhos, dois globos escuros e sanguinolentos se faziam presentes.

Antes que pudesse empregar seu chamado selvagem, Han sentiu seu peito apertar. Doía, mas não havia ferimento. Espremia, mas nada e ninguém o pressionava. Estava vazio, a partir daquele momento faltava-lhe algo. Sentiu a perda, embora não soubesse o que perdera.

Buscou forças, pois os homens precisavam de um guia, um líder.

O que se seguiu foi a natureza convergindo a um só ponto, sob um só comando.

Morcegos brotaram das copas das árvores e cobriram os céus. O todo se tornou lúgubre, mais escuro e profundo. A luz da lua ainda tentava encontrar brechas quando os corvos, em revoada, se fizeram presentes com o seu grasnar rasgado que percorreu as espinhas dos mortais.

O Eremita emana a fúria do selvagem, do puro, do verde e do predador que habita nas florestas.

Os homens saíam por entre a vegetação, retornando em marcha veloz arrebanhados como cordeiros assustados pelas dezenas de lobos que os guiavam de volta a seu líder. Ursos bramiram alto e gutural pela noite escura, se fizeram ver e eram enormes. Marrons e negros, gigantes que erguiam-se sobre as patas traseiras.

Dezenas de grandes predadores circundavam os homens atônitos. Um grande lobo cinzento aproximou-se de Han, farejou o solo a seu redor e sentou-se. Emitiu um uivo alto e poderoso que rasgou a noite profunda do céu encoberto pelas bestas que voavam e preencheu os corações dos homens primeiro de medo e, em seguida, da certeza de que nenhum inimigo os venceria pois a natureza, o solo e as árvores e tudo que por ela caminha estavam a seu lado.

Han, acima de uma pedra, estava um passo à frente dos lobos e ursos que colocaram-se a seu lado. Um corvo pousou sobre seu ombro enquanto os homens enfileiravam-se e montavam formação para batalha. Em seus olhos não havia mais medo. Admiravam, adoravam até, aquele líder tribal capaz de clamar pela própria mãe terra quando necessário fosse.

Ergueram suas espadas e urraram. Os lobos os acompanharam em profundo uivo. Os ursos bramiram com o poder de estremecer a terra. Os corvos grasnaram e os morcegos dançavam nos céus acima enegrecendo a vastidão e criando uma clareira acima do Eremita. A luz da lua emanava prateada sobre seu corpo em um facho descendente.

Ali, nascia o Líder dos Povos Livres.
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Dom Jul 15, 2018 9:06 pm
O eremita observava atentamente os animais e os homens dividindo o mesmo espaço. Os animais da floresta oprimiam os homens com seus grasnados, uivos e bramidos. O silêncio que chegava deles até Han o satisfizeram.

Novamente ele reproduz os sons dos animais, para que desta vez, se mantenham em pleno silêncio. Os únicos sons que os homens deveriam ouvir eram os de sua voz, da brisa e de seus corações pulsantes. O eremita manteve-se em silêncio sobre a rocha, com a luz da lua projetada atrás de si. Ainda havia luz. Ainda havia vida. Ainda havia medo, mas também, havia coragem.

Enquanto os animais se acalmavam, apertou o próprio punho. Temia, mais do que todos ali, que aquela sensação de perda não fosse apenas uma impressão e sim a morte de seu líder e de seu genitor. Ainda assim, haveria coragem, pois, mais vale um homem livre morto do que um homem escravo vivo. Este era o seu pensamento e, se fosse necessário, todos ali, inclusive ele, morreriam no processo. Mais uma vez naquela noite O eremita ergueu sua voz perante os homens.


Ainda que a morte nos aguarde de frente homens, com sua foice impiedosa, lutaremos. Ainda que nossos amigos e irmãos morram, nós lutaremos. Ainda que o céu se torne negro e as estrelas e a lua não brilhem mais, nós lutaremos. Ainda que mortos, nós lutaremos.

Já lhes foi dito, noites atrás, que o combate não seria fácil. Que o inimigo possui meios de tentar subverter e subjugar seus oponentes, porém, nós homens... Nós, homens livres não no curvaremos a Roma e nem a ninguém que não mereça o nosso respeito e confiança, como Odoacro e Berenhal fizeram conosco no passar do tempo. Eles nos temem e tentarão não nos enfrentar em campo de batalha.

Viveremos ou morreremos, contudo, uma coisa não mudará. Seremos para sempre homens livres.


Han libertou os animais de seu encanto e voltou a caminhar em frente ao destacamento. Abaixou-se, ao passar por Gannicus, e o carregou consigo.

Ao chegar num espaço mais amplo, ordenou aos homens que fizessem seu acampamento, separou os guardiões e por fim, afastou-se. Enterrara o corpo de Gannicus, envolvido num grande e pesado tecido. Antes de descansar porém, resolveu tirar o peso de seu coração.

Caminhou até uma área livre, respirou profundamente e fez-se fera. Transformou-se numa imensa coruja branca e então voou, o mais alto que podia. Procuraria, com seus olhos aguçados e potencializados com os dons de Caim, o destacamento de Odoacro. Voou para se certificar que estava tudo certo. Caso houvesse sinal de incêndio ou de luta, algo deveria ser feito e, se necessário, por ele.

Como ele conhecia as rotas e a região, voou o máximo que pôde. Aquele aperto no peito ainda o incomodava e, para ele, só era possível guiar um povo se não houvessem incertezas. Para o bem ou para o mal, ele saberia a verdade.
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Seg Jul 16, 2018 8:27 am
Havia esperança.

Os homens preencheram-se da certeza de que a terra, a natureza e tudo que nela vive estão a seu lado. Roma era o invasor, a mácula, o corpo estranho a ser expulso das terras da mãe natureza. Venceriam. Lutariam, sangrariam, morreriam e, mesmo que a morte viesse, venceriam.

Pois a liberdade é a maior das vitórias.

O Eremita caminhou até uma das áreas livres e ganhou plumas, suas pernas afilaram-se terminando em poderosas garras e seus braços alongaram-se e se tornaram mais largos, ganhando penas brancas que refletiam o prateado da lua acima da vastidão. A coruja alçou vôo, com seus olhos atentos e capazes de ver a esperança na mais profunda escuridão. Percorreu uma grande distância através das montanhas verdes, dos campos cobertos por árvores e pelas planícies preenchidas por grama alta. Cheirava a vida, a abundância. Cheirava a liberdade.

Até que, por detrás de um dos montes, o cheiro mudou. Havia o odor da morte no ar.

A visão da coruja alcançou um descampado no qual centenas de corpos jaziam. Sangue, às torrentes, cobriam aquele solo escuro. Dispersos pelo chão estavam os corpos sem vida de romanos e guerreiros do povo livre. Eram muitos, incontáveis. Não havia uma vivalma sequer.

E, sobre um rochedo, a coruja o viu.

De pé, com os poderosos braços erguidos e a face a fitar os céu escuro e sem estrelas. O corpo imenso estava escuro, enegrecido igualmente de forma que não se distinguia o que eram suas vestes e aquilo que deveria ser a sua pele. Seus cabelos e a longa barba, antes loiros e revoltos como a ira do Próprio Rei, eram agora da cor cinza e quebradiços. Estava de pé, como se desafiasse os céus, a terra, o inimigo e a própria morte.

Estava de pé, mas as cinzas desprendiam-se de seu corpo imóvel conforme o vento lhe açoitava. O Rei está morto.
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Seg Jul 16, 2018 10:05 am
Desolação, dor e desespero. Essas foram as sensações que o eremita sentira no exato momento em que vira o corpo de seu líder, ainda de pé, numa estátua de cinzas. Até mesmo a alma que habita o corpo morto de um cainita estremece frente a tamanha provação. Seria mentira dizer que, naquele momento, o sábio das florestas não hesitou.

Ele voou em direção ao campo de mortos, enojado com tamanha atrocidade. O exército bárbaro era imenso e somente uma força ímpar, semidivina poderia ter feito aquilo, pois, Odoacro era quase um deus entre os homens livres.

Han desfez a forma animalesca ao se aproximar do chão. Sentiu o sangue pegajoso dos mortos entre os dedos dos pés descalços. Ainda incrédulo, caminhou em direção a estátua de cinzas. Era verdade. O Rei estava morto.

Urrou como uma fera ferida, prostou-se no chão e lembrou-se de que os deuses não olham pelos amaldiçoados. Cravou os dedos das mãos na terra encharcada e levou até seu rosto.

Já em meio ao desespero, retirou de saco de couro, os globos estourados de Gannicus. Misturou ao sangue dos homens ali mortos e as cinzas da estátua de seu Rei, que se desfez em sua mão. De pé, sobre o monte de corpos que jaziam no chão, o eremita desafiou sua sanidade e sua fé. Esfregou as cinzas, o sangue e os olhos de Gannicus em seus próprios olhos e então clamou, entre prantos de ira e desespero.


Que assim seja então! Gritou as quatro ventos, enquanto uma baba de sangue escorria por entre seus dentes e lábios. Vamos! Mostrem-me a verdade. Que minha alma seja levada a sua total loucura ou a total compreensão do que é este ser que devorará a todos. Uma massa homogênea escorria entre seus dedos enquanto os esfregava no rosto. Que se revele a verdade é que eu possa ver o que afligiu e sacramentou a danação de meus companheiros, de sua destruição a sua loucura. Eu os desafio. EU OS DESAFIO! E CASO EU RESISTA, ERGUER-ME-EI PELA TERCEIRA E DERRADEIRA VEZ PARA ENFRENTAR O INIMIGO QUE NOS OPRIME. Neste exato momento, Han utiliza toque do espírito na mistura feita do sangue de seus aliados. Seria ali talvez, seu último teste. Seu último lamento.

*O eremita possui Percepção 4 e Empatia 4.*
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Ter Jul 17, 2018 8:31 am
À sua frente estava a estátua de cinzas de Odoacro que permanecia incólume, como uma Ode ao guerreiro que havia sido. Mesmo quando Han a tocou buscando suas cinzas, apenas uma pequena parte de suas vestes se desprendeu misturando-se ao sangue dos olhos esmagados - e já acinzentados - do Rei dos Trácios.

O Eremita praguejou, desafiou os céus escuros acima de si. E então o transe o acometeu.

Sentiu seu corpo dormente enquanto sua visão vagou pelo ermo e pela escuridão. Primeiro, o cheiro. Era o doce e inconfundível vitae. A viu, banhando-se em uma depressão feita em mármore repleta de sangue. A pele em tom ébano e os cabelos cacheados cor de cobre mesclavam-se ao líquido carmesim que escorria por suas belas curvas. Estava nua e, mesmo de beleza estonteante, eram seus olhos que dragavam a sua atenção. Dourados como ouro, refletindo o sangue à seu redor.

Acima do poço sanguinolento feito em mármore, dezenas de corpos jaziam dependurados por grandes chifres negros que lhes trespassavam os corpos. Pareciam chifres de animais como antílopes, touros e mesmo rinocerontes. Eram, no entanto, escuros e possuíam runas diversas e indescritíveis neles entalhadas. Os chifres atravessavam as pernas, braços e tronco daqueles homens e mulheres suspensos acima da figura que banhava-se em seu sangue a despejar-se sobre ela.

Os pescoços estavam lacerados, com as cabeças pendendo e ameaçando despencarem. Vertia sangue, muito sangue.

E então, o Eremita deu-se conta. Dentre os corpos dependurados estavam os de Gannicus e Aníbal, ainda não-vivos, com os olhos esbranquiçados a entoar um mantra sussurrante.


- Baala samai ravi bhaksha liyo. Tanit-Baal Sahar. Baala samai ravi bhaksha liyo, Nergal-Baal, Baala samai ravi bhaksha liyo Nergal-Baal. Baala samai ravi bhaksha liyo Tanit-Baal Sahar.


A visão ergue-se e, ao lado daquele poço sacrificial, haviam centenas de corpos lacerados e perfurados por chifres de igual forma aos que estavam dependurados. Ressequidos, sem qualquer sangue. Todos os corpos pareciam circundar a mulher a banhar-se em sangue e, vistos de cima, assemelhavam-se a uma face humana. A face de um homem.


Foi então que seu corpo sentiu um tranco. Via-se em meio a uma batalha campal. O cheiro de sangue fresco inundava as suas narinas e o som das espadas a se chocarem ecoavam firmes por seus ouvidos. Sobre o monte, o viu. Lá estava o Rei a destroçar com as mãos nuas os oponentes que ousavam enfrentá-lo.

Era um predador imenso, furioso, violento e aterrorizante. Esmagava crânios, arrancava vísceras com suas poderosas garras a cada golpe desferido na cintura dos Legionários romanos e suas armaduras que nada significavam para o Rei. Avançava sozinho, pois seus homens jaziam ao chão, derrotados.

E, então, o homem se fez ver por detrás das tropas romanas. O Eremita estremeceu. Medo. Primal e absoluto, como há muito não sentia. A face daquele homem era a face desenhada pelos corpos ensanguentados ao redor da estonteante mulher.

Negro, alto e esguio. Não possuía músculos protuberantes e um físico de guerreiro. Era jovial, longilíneo. Seus lábios grossos pareciam pesar-lhe na face enquanto os olhos - tão dourados quanto os da mulher de outrora - fitavam o avanço do Rei. Han notou que não trajava uma armadura, como pensou ter visto, era apenas um tecido vermelho que lhe caía sobre o ombro e cobria-lhe a metade inferior do corpo. Havia um chamativo colar esmeralda em seu pescoço.

Duvidou de sua visão, mas quando ambos encontraram-se acima de monte, a viu tornar-se realidade. O tecido que aquele homem vestia começara a emitir um brilho dourado, causticante. Han sentiu calor, precisou erguer os braços para proteger os olhos do brilho intenso. Os músculos pequenos mas bem delineados daquele homem de pele ébano brilharam em dourado, assemelhava-se a mais bela das armaduras que já tinha visto. Apenas ergueu uma das mãos e O Rei dos povos livres, o Poderoso e violento Odoacro, interrompeu-se em seu avanço e inflamou-se rapidamente.

Calor, dor, agonia. A visão se desfez e o Eremita estava de joelhos ao lado da estátua de cinzas do Rei. Suava sangue. Emanava medo.


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Ter Jul 17, 2018 11:19 am
O medo foi inevitável. A visão do desconhecido, do inalcançável, do impensável, mexeu com suas emoções. Han sentira a besta mover-ve, não, sacudir-se quase que incontrolavelmente dentro de si, devido a visão do fogo consumidor, que devorará a todos, devido a presença de uma criatura que a pudesse invocar de forma tão natural e precisa. Temeu o ser que derrotou Odoacro, o cainita mais resistente que Han conhecera em toda a sua não vida. Ainda em estágio letárgico, lamentou as diversas mortes que ali aconteceram. Aquela terra seria marcada para sempre pelo sangue dos heróis caídos, pois, morreram lutando por algo maior.

O eremita, prostrado, com o rosto na lama formada por terra e sangue, chorou. Chorou como deveria chorar. Perdera de mais. No entanto, seu contato prolongado com a natureza e com a bestialidade dos animais, O eremita começou a erguer-se, lembrando de suas próprias palavras. Ainda que o medo o atingisse violentamente, ele agiria como um animal, que, ao se deparar com um rival maior e mais forte, ao invés de fugir ou paralisar de medo, avança com tudo que tem, para matar ou morrer, mas, não sozinho. Teria que juntar as suas forças com outros, para que assim, tivesse chances de vencer.

O eremita olhou para o céu, fechou os olhos e sentiu a brisa tocar-lhe o corpo. O cheiro doce de vitae que era carregado pelo vento, dentro de pouco tempo, seria apenas o cheiro da morte. Recordou-se do pedido feito por seu antigo amigo, Aníbal, e então decidiu. Iria prosseguir. Passou alguns instantes analisando o terreno, rastreando a força militar romana, para enfim voltar para seu exército. Tinha pouco tempo e muita coisa a fazer.

Mais uma vez transmutou-se numa grande ave e voou o mais rápido que pôde ao encontro dos seus, pois, precisava orientá-los a manter a trajetória planejada, sob a tutela de Gannicus, enquanto ele seguiria até o ponto indicado no mapa dado por Aníbal. Acordaria o que quer que fosse, para manter seu povo livre.





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Sex Jul 20, 2018 10:16 pm
O Eremita pôs-se a rastrear. Notou que as legiões romanas deveriam estar a um dia, talvez mais, à sua frente seguindo por entre as montanhas. Todos os traços indicam um retorno ao mar ao qual os povos chamam de adriático e, dele, à Capital Roma.

Houve um breve alívio na constatação do rumo daquelas tropas. Se retornavam, as forças de Berenhal e Aníbal encontrariam menor resistência na Mércia - província para a qual se encaminharam. Han havia perdido o Rei, aquele que inspirava a liberdade em todos os que o seguiam. O filho de Odoacro e seu Senhor, Berenhal, ainda marchava e com ele caminhava a esperança da unificação dos povos e da vitória - ou seria vingança?

O Eremita analisou o pergaminho em sua posse, confiado a ele por Hannibal Barca, antes de transmutar-se uma vez mais. Nele, havia um mapa rusticamente desenhado sobre a pele de carneiro envelhecida. Traçava seu curso até uma província dos romanos chamada Esparta. Um templo, daqueles que alguns mortais prostram-se para despejar preces aos Deuses de Roma, está desenhado ao fim do caminho. Sobre o desenho, as iniciais A.O.

Além das letras, há uma inscrição em uma língua que foge ao conhecimento de Han.

Após analisá-lo, o Gangrel converte-se na imensa coruja branca e alça voo pelo céu negro a cobrir todas as terras, livres ou não, lembrando-o que há muito mais na existência do que os romanos ou qualquer outro consigam governar. Após horas voando, retorna ao acampamento de seus homens no qual as tendas estão levantadas e, com exceção dos sentinelas, os guerreiros do povo livre descansam em profundo em sono.

Gannicus permanecia onde fora colocado, estático e incólume, com os olhos - e talvez muito mais que eles - a lhe faltarem.

Havia silêncio. Havia - mesmo que breve - paz. Apenas os comuns barulhos dos animais noturnos ecoavam pela noite que se arrastava para o fim. É no silêncio noturno e na calmaria que as dores mais profundas se fazem sentir. Latejava em seu peito, como uma lembrança que demoraria a lhe deixar. Han jamais havia sentido tamanha perda. Apenas uma imagem fixava-se em sua mente todas as vezes que fechava os olhos.

A estátua de cinzas, de pé, sobre um mar de corpos ao chão.


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Sáb Jul 21, 2018 3:30 pm
Seus olhos pousaram no corpo inerte de seu aliado. Sua mente ainda vagava na lembrança da destruição de Odoacro e nas consequências disso. Será que Berenhal já sabia? Não deteve-se imerso nestes pensamentos. Han sabia que haveria o tempo para o luto. O pranto só vem após o final da guerra e esta, estava longe de acabar.

Pensou em Aníbal e em suas palavras. Como acordaria a criatura, se Odoacro jamais enfrentaria Roma novamente? Fora interrompido por alguém cujo poder ele não sabia a extensão. Hesitou. Com a mão sobre o mapa, chegou a conclusão de que Aníbal, mais uma vez, soubesse mais do que foi dito por ele.

Enquanto o dia se aproximava, o eremita caçou, alimentando-se do sangue de animais. Caçou alguns outros e os deixou no chão, ainda vivos, para que Gannicus se alimentasse assim que acordasse. O eremita pousou a mão direita sobre o peito de seu aliado, enquanto puxava a estaca com a mão esquerda. Han ainda derramou um pouco de seu sangue sobre os lábios do trácio. Era o momento de deixar o Trácio a par da situação e também, de deixá-lo provar sua força de espírito. Gannicus cuidaria do exército. Ele encontraria a criatura. Ainda esta noite, ele partiria.
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Sáb Jul 21, 2018 7:35 pm
O Eremita arrancou a estaca do peito de Gannicus  e o sangue esguichou com firmeza acompanhando a saída da mesma. Como um homem a despertar de um afogamento, o Brujah acordou da paralisia que lhe havia sido imposta. Seus olhos vazios, como dois buracos negros, fitavam Han enquanto falava.

- Han...o que...vi..não! Não importa, o Rei está morto. Eu vi. Eu vi tudo.

Dialogaram e o Gangrel que tinha compartilhado de sua visão através do sangue do Trácio, compreendeu profundamente a dor daquele homem. Intuiu ainda mais após o diálogo. Todos os corpos ao redor da mulher naquele poço de sangue eram vampiros e, todos eles, da linhagem dos Brujah.

O Eremita sabia que os olhos  daquele cainita tornariam a existir em algumas noites. O dano era demasiado grande para que o estrago revertesse rapidamente, mas ele voltaria a plenitude. Ao menos física. Gannicus tentava aparentar uma sobriedade em suas palavras e ações, mas nitidamente possuía o espírito quebrado. Talvez somente o tempo o moldasse novamente a ocupar o orgulhoso posto de Rei dos Trácios.

Ele ouviu as instruções de Han e logo despediram-se. O Gangrel alçoou voo na forma de uma bela e enorme coruja plumada em branco. A distância que percorreria era enorme. Cinco noites a voar, ininterruptamente, por entre montanhas, vales, lagos e mares. Descansou no interior da terra, valendo-se de suas habilidades e até mesmo nas profundezas das águas salgadas quando voava sobre uma paisagem sem chão. voou em busca de duas letras marcadas em um pergaminho, incerto do que encontraria. Voou por seu ideal, pela sobrevivência do povo livre e por vingança.

O caminho lhe era desconhecido, mas a posição dos astros luminosos ao céu escuro o guiavam. Quando necessitou, já em terras gregas, foram os viajantes - alguns assustados pela figura que os questionava mesmo de forma polida - que deram-lhe as respostas que buscava.

Enfim, avistou-a.

Han ouvira histórias de uma cidade imersa na guerra. No qual as crianças mortais eram selecionadas e treinadas desde tenra idade para a arte da batalha, da morte e do sacrifício. Os fracos eram descartados e os fortes tornavam-se ainda mais fortes. Uma cidade sem muros, pois nada  e a ninguém temiam. Aquela era Esparta.

O pergaminho, contudo, indicava que o seu destino não era a cidade e sim uma montanha ao sul desta. Tão próxima que a luz da lua escondia-se por detrás dela, tornando Esparta ainda mais escura. Voou naquela direção e, de cima, avistou o templo rabiscado no papiro.

Longas e largas pilastras  a sustentar um teto retangular, tudo feito em pedra cinzenta. Imaginou encontrar um ermo, pois ali uma criatura de tempos passados deveria dormir. Enganou-se, no pátio daquele local haviam cinco mulheres, esguias e altas, com seus cabelos variando de castanhos a negros. Vestiam-se com mantos brancos incólumes e semi-transparentes que revelavam as curvas daquelas belas mulheres. Eram joviais, as cinco.

Mantinham-se sentadas em um círculo perfeito, entoando mantras em uma língua de desconhecimento da coruja que as sobrevoava. Avistou, ainda dos céus, que o templo não possuía portas. Apenas uma abertura grandiosa e pouco iluminada.

Sua atenção foi atraída pelo olhar de uma das mulheres, que interrompeu seus cânticos e passou a observar a coruja.


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Sáb Jul 21, 2018 10:43 pm
O eremita compadeceu-se de Gannicus após seu relato sobre o acontecido. Ele sabia que seria uma questão de tempo, até que o maldito Trácio voltasse ao bom humor costumeiro, ou então, até que o mesmo definhasse com a alma quebrada e procurasse a escuridão do torpor. Despediu-se efusivamente e partiu rumo ao desconhecido...

††††††††††††††††††††††††††††††††††††††††††

A coruja pairou sobre a construção por instantes, até perceber as mulheres que cantavam seus mantras estranhos, sentadas num círculo perfeito. Sem delongas ou qualquer tipo de artifício, o eremita desceu lentamente até as mulheres, observando atentamente aquela que atraíra seu olhar.

Após o pouso, a ave tornou-se homem. De pé, resignado, pegou o mapa é o lançou aos pés da mulher.

Apesar de sua aparência rústica e barbara, o homem se pronunciou num latim perfeito, mas, carregado de um sotaque forte.


Venho em nome de um amigo. Há uma pessoa aqui que devo encontrar! Em minhas terras me chamam de eremita. Perdoem-me o jeito, mas, existe urgência neste encontro. Espero não tê-las assustado.

*O eremita usa auspícios 2, para se certificar qual a natureza daquelas mulheres.*

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Dom Jul 22, 2018 9:29 am
De forma inquietante, as quatro mulheres continuam a entoar cânticos compassados e contínuos, de olhos fechados e sentadas em semi-círculo, ignorando a chegada do visitante. Apenas àquela que havia levantado e destinado um olhar à coruja acompanhou a transmutação de Han sem qualquer indício de surpresa no olhar.

Seus cabelos eram escuros como a noite, olhos profundamente azuis e pele alva como o do astro maior a iluminar os céus. O Eremita utiliza-se de seus dons e nota uma aura vívida e vibrante, como a encontrada nos mortais. Ainda assim, há um fio dourado a percorrer-lhe o corpo de forma que Han jamais havia visto.

Ela se fez ouvir, falava em tom baixo e calmo. Parecia carregar uma sabedoria antiga e natural naquele semblante. De algum modo, ela lembrava o próprio Eremita em sua tarefa de levar conhecimento ao seu povo. Ela olhou o pergaminho em seus pés e abaixou-se, delicamente, pegando-o e enrolando-o. Aproximou-se estendo-o ao Eremita gentilmente.


- Sejas bem-vindo ao solo sagrado do monte Delfos.

Ela o fitou por um instante.

- Han, filho de Berenhal e líder do Povo Livre.

Em seguida, continuou.

- Aqui, não há ninguém a quem deves encontrar antes de encontrar a si mesmo.
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Dom Jul 22, 2018 9:43 am
Han estende a mão e segura o mapa. Em seu rosto, a expressão de surpresa não pôde ser evitada. Havia uma surpresa também ao reparar a aura da mulher.

Lamento mulher. Não sou líder de meu povo, apenas um espírito encarnado num corpo morto. O líder natural dos homens é Berenhal, meu mestre. Além disso, seja mais específica, pois, Aníbal me enviou até aqui com um intuito definido. Não me permita perder mais tempo do que já foi perdido nesta viagem. Se queres que eu pague algo, diga-me.

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Dom Jul 22, 2018 11:42 am
A face da bela mulher se mantém impassiva. Suas expressões leves e despreocupadas são imutáveis conforme as palavras apressadas de Han a alcançam. Com sua doce e leve voz, ela continua.

- O tempo move-se depressa ou lentamente de acordo com os olhos que o observam. Os homens dependem de um líder, uma vez que Berenhal já não caminha entre os vivos e não-vivos.

Não houve tempo para digerir as palavras daquela mulher, ela continuou.

- O único tributo para aqueles que desejam adentrar ao templo de Delfos é enfrentar a si próprio. És livre para seguir adiante. Temo apenas que não conseguirás avançar se não compreenderes quem de fato és.

Ela dá um passo para trás girando o corpo lateralmente, abrindo caminho para o Templo. A mulher em vestes brancas leves e esvoaçantes indica a entrada do grande templo erguido por pilastras em pedra cinzenta. O portal, aberto, é escuro a ponto de não ser possível ver adiante da entrada. Nem mesmo os olhos da besta interior do Eremita conseguem transpor tal escuridão.
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Seg Jul 23, 2018 12:36 pm
De fato não houve tempo para digerir as palavras da bela mulher. O eremita não vacilou. Não era uma opção hesitar, chorar ou sofrer. As noites recentes demonstraram isso. O tempo do pranto viria após a guerra, ainda que sua alma estivesse destruída com as mortes de seus senhores, suas ideias e seus objetivos estavam incólumes. Ele respondeu de imediato. Sua voz, rouca como sempre é em seu rosto, a expressão dura de um sobrevivente.

Como eu disse, sou apenas um espírito aprisionado num corpo morto. Um espírito cujo a vontade e o desejo é manter seu povo livre. Para isso fui mantido nesta existência, para servir ao povo. Como conselheiro. Como guerreiro. E se for necessário, como se mostra agora, como líder. Apesar de não ter a força e o poder de um e nem a sabedoria e a inteligência do outro, tudo que tenho é a minha vontade! Pois eu não sou apenas Han, o eremita. Eu sou uma extensão do sangue de Odoacro e uma extensão do amor de Berenhal. Eu sou Odoacro. Eu sou Berenhal. Eu sou o eremita. Eu sou o povo livre.

Ao finalizar suas palavras, o eremita adentrou a sala escura e, mesmo sem enxergar ele não temia, pois, era ele o líder do povo livre.
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Ter Jul 24, 2018 8:11 am
A misteriosa mulher nada o respondeu. Baixou o semblante imutável em um leve meneio de sua cabeça, aparentemente respeitoso, e o deixou seguir.

Han adentrou pela passagem escura de onde nada via e caminhou rumo ao desconhecido, privado da visão. Escutava apenas os seus próprios pesados passos na escuridão ecoarem longamente até desaparecerem. Alguns passos depois, tochas acenderam-se nas laterais do corredor de pedra iluminando a pedra branca com sua luz alaranjada. O monstro dentro de si encolheu-se e suas presas saltaram para fora. Acalmou-se ao notar que o corredor era largo e muito alto.

A construção parecia ser maior por dentro do que vista por fora. Imensas pilastras sustentavam o teto muitos metros acima de sua cabeça, todo o lugar feito em pedra cinzenta e reflexiva. Vislumbrou, finalmente, o fim daquele templo. Era um salão grandioso, com inúmeras estátuas de soldados esculpidos na mesma pedra de cor cinza, ricamente entalhados. Homens e mulheres com suas armaduras e lanças, espadas e escudos. Han notou que as indumentárias eram muito diferentes das utilizadas pelos soldados romanos. Se limitavam à um peitoral enquanto as pernas eram cobertas por saiotes. As espadas também diferiam, eram mais largas que àquelas utilizadas por seu inimigo.

Ao longe, enxergou uma espécie de altar com dois grandes esquifes de pedra. Estes feitos com um material ligeiramente mais claro, quase branco, semelhante à mármore. Ambos estavam fechados. Não haviam inscrições ou runas. Absolutamente nada distinguia um caixão do outro.
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Ter Jul 24, 2018 11:16 am
[b]Han se admirou com a beleza do lugar. Como era diferente de tudo que ele era acostumado.

Ele caminhou pelo salão, sentindo a frieza das pedras com seus pés descalços. Parou entre os dois esquifes, estava nervoso. Apesar de confiar em Aníbal, pensou se aquilo realmente ajudaria seu povo. Sabendo que parado não descobriria, empurrou primeiro a pedra da esquerda, até que a mesma caísse no chão e, antes de olhar para o conteúdo, virou para o outro esquife e fez o mesmo, deixando ambos os túmulos expostos.

O eremita enfim olhou para dentro das lápides, procurando o motivo que iria justificar a sua viagem.
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Ter Jul 24, 2018 2:10 pm
Han empurra as pesadas tampas de pedra que fecham os esquifes e, somente quando o faz com ambas, observa o interior delas.

Imediatamente sente como se todo o firmamento se debruçasse sobre os seus ombros. Não fosse  resignado e resistente - não fosse imortal - talvez tivesse se ajoelhado imediatamente.

No caixão de pedra da esquerda está uma mulher deitada em profundo sono, com cabelos negros caindo-lhes sobre os ombros. Traja um peitoral de aço que contorna suas belas curvas, além de uma saia vermelho carmesim. Há uma espada prateada, ricamente ornamentada com algumas pedras de cor esverdeada, repousando a seu lado. Observá-la é como encarar uma cachoeira alta e imponente de onde as águas se desprendem e despencam e, se o rio subir demais o seu nível, transborda com a força destrutiva da natureza.

É bela como poucas mulheres vistas pelo Eremita, mas há uma sensação predatória a lhe percorrer o corpo. Sentia o mesmo na presença do Rei, Odoacro. Tal qual o Rei de outrora o fazia, ela emana Majestade, poder e intimidação.


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No esquife da direita, também em profundo sono, há um homem com cabelos castanhos que alcançam o pescoço. Pele alva e uma face com traços bem definidos e leves. Trajava apenas uma túnica de cor branca com alguns colares em seu pescoço. Este, em contrapartida à mulher, exigia submissão a qualquer olhar. O Eremita sentia dificuldades em observá-lo por muito tempo. Sentia-se atraído e ao mesmo tempo repelido. Era como se ele, ainda que em profundo sono, pudesse mantê-lo à uma distância calculada e exata a seu bel prazer. Aproximar-se era um desafio, afastar-se era impossível.

Dele emanava realeza. Submeter-se não era uma escolha. Mas o que isso significava? Han era, agora, o líder dos povos livres e jamais se submeteria a outro que não os representasse. Ainda assim, sentia uma vontade corroer-lhe por dentro, a vontade de dobrar os joelhos perante aquela figura inerte no esquife da direita.


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Foi então que uma voz ecoou naquele imenso salão iluminado pelas longínquas tochas presas nas pedras que formam as paredes.

- Vens de longe, homem. Tens muito fardo e pesar sobre sua aberta mente. Sabes o que busca?

Era uma voz masculina, não tão grave, mas extremamente agradável. Ao longe, por detrás do altar e encoberto pela escuridão impenetrável, era possível ver a silhueta do homem que o falava. Alto, parecia trajar apenas um manto simples embora as sombras não permitissem enxergá-lo completamente.

Han estava no centro entre os dois caixões de pedra e, metros à sua frente, a figura ainda indistinta o observava com atenção.
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Ter Jul 24, 2018 8:50 pm
Han, ainda entre as lápides, fitou a figura imersa sob o manto da escuridão. Manteve o silêncio, enquanto o analisava, até que enfim, resolveu falar. Cada um carrega o fardo que deseja. Poderia estar vivendo uma vida livre e sem preocupações, no entanto, é a minha escolha que me faz carregar o pesar e o fardo. Venho de longe, a pedido de um amigo. Sei o que vim fazer, porém, me parece que nem mesmo o meu amigo sabia ao certo o que eu encontraria aqui. O eremita calou-se. Olhou para os dois corpos inertes, pensando qual deles deveria ser desperto. Como não tinha nada a perder, compartilhou seu pensamento com o estranho, que insistia em se manter afastado da luz. Devo acordar um deles, infelizmente não sei qual. Quando aqui cheguei, imaginei que seria apenas um. Aníbal não me disse precisamente se era um homem ou uma mulher. De toda a forma, terei de escolher um. Um deles irá se erguer contra meu inimigo e de algum modo, ajudará, mesmo que indiretamente, meu povo a vencer os cainitas de Roma. E tu, quem és que sente de forma tão sensível, apenas com uma observação, o meu pesar e o que quer de mim?

Apesar de não parecer, o gangrel já estava pronto para um eventual combate, observando cada movimento de seu observador.
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