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Territórios onde a Águia Dourada não repousa - Página 2 Empty Re: Territórios onde a Águia Dourada não repousa

Sáb Dez 16, 2017 11:19 am
* A escuridão da noite se prolonga e arrasta o homem em direção ao chão com uma violência controlada. O corpo do legionário de choca contra o solo rochoso e gélido com força o suficiente para fazê-lo cuspir sangue e engasgar com o próprio vitae.

Quando a voz daquele homem estranhamente branco ecoou em sua mente, o comandante romano debateu-se, com as mãos na cabeça em uma tentativa inútil de tirar o invasor de seus pensamentos. Fincou a espada no chão e levantou-se com dificuldades, frente ao oferecimento - assustador - para que bebesse o sangue do homem da montanha, com uma expressão clara de dor em sua face.*


-.ahhrgg...Jamais...Jamais beberia de teu sangue, criatura abominável.

* De pé, ofegante e sangrando, continuou*

- Vaguei nos campos dourados do sul até os territórios gélidos do norte, lutei inúmeras batalhas. Vi diversas e estranhas tribos e seus mais notórios guerreiros...venci a todos. Tu não és um homem, como qualquer outro e está claro que não posso vencê-lo. Mate-me ou deixe-me partir, mas não me peças para compartilhar seus hábitos escusos.


* Durante as últimas frases do legionário, a atenção de Dázbov é atraída para os seus próprios tentáculos. Por um breve, mas perceptível, momento eles fugiram a seu controle, dispersaram-se e envolveram tudo e o todo atrás do Legionário que, sem notar o que acontecia ao seu redor, continuava a falar*

- Partirei e um dia o verei cair, pois, como disses: Todas as coisas morrem, e tu também morrerás, criatura.

* O horizonte, o céu e as estrelas escureceram e fundiram-se em um abismo profundo e reconhecível. Em sua mente, Dázbov ouviu uma voz grave ecoar*

" Sangue de meu sangue, Progênie da Cria de meu irmão, é tempo de dialogarmos."

* O Legionário deu as costas e enxergou nada mais que a escuridão à sua frente, deixou a espada cair, espantado*
Cassimir
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Territórios onde a Águia Dourada não repousa - Página 2 Empty Re: Territórios onde a Águia Dourada não repousa

Qui Dez 21, 2017 11:49 am
Dázbov não chegou a se assustar com a voz ou com a escuridão que a acompanhava. Sabia que mais cedo ou mais tarde aquele momento chegaria. Não estava ansioso ou amedrontado. Curioso, talvez.

Ignorou solenemente o legionário mortal e seus rompantes de honra e heroísmo. Observou a escuridão diante de seus olhos. Quem quer que fosse era certamente mais velho que ele, dada a genealogia citada pelo visitante. Era alguém que merecia seu respeito mas, em última instância, Dázbov era ainda o Senhor de Ai-Petri.

Caminhou em direção à sombra, ainda ignorando o mortal presente na cena. Antes, porém, recomendou que o mesmo partisse:

- É uma pena que tenhas rejeitado minha proposta, legionário. Eu espero, sinceramente, que tuas forças sejam suficientes para garantir teu retorno à Roma. E espero que nos encontremos novamente, em circunstâncias diferentes.

Aproximou-se da Escuridão.

- Estou pronto para dialogar contigo, visitante. Mostre-se.
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Territórios onde a Águia Dourada não repousa - Página 2 Empty Re: Territórios onde a Águia Dourada não repousa

Ter Dez 26, 2017 11:57 pm
* O brilho das estrelas se foi. A luz prateada da lua se extinguiu. O solo, antes esbranquiçado pela camada de neve, enegreceu e ondulou como se vivo fosse. Tudo e o todo transmutaram-se em escuridão.

O Legionário fora dragado para o solo recoberto pelas trevas, desaparecendo da visão de Dázbov.

À frente do Senhor do Ai-Petri a escuridão se erguia, tomando forma. Tentáculos daquela matéria tenebrosa de tamanho colossal se entrelaçavam e arrastavam-se por toda a montanha. Era como se o mundo, de uma só vez, tivesse sido engolido pelo abismo.

Por entre as ondulações um torso humano se fez presente, constituído aos poucos pela escuridão. O tronco recoberto por tatuagens tribais ancestrais se prolongava de um dos tentáculos, não haviam pernas. Ele era as sombras e as sombras se prolongavam dele.

Não se ouvia nada, além da voz rouca e grave que ecoava conforme aquele corpo tomava forma.*


- O tenho observado.

* O corpo masculino, com músculos bem desenhados recobertos de desenhos pulsantes e móveis, ganhava uma face. Longos cabelos negros e uma barba espessa se mesclavam à escuridão enquanto os olhos dourados como o ouro brilhavam.  O olhar do visitante era estranhamente familiar e assustadoramente intimidador, embora seu corpo sombrio se mantivesse imóvel e seu tom de voz fosse baixo e rouco. Se a presença do demônio do leste evocou um embate entre predadores aos olhos de Dázbov, a visão deste vampiro à sua frente era comparável somente à um mortal a contemplar um mar revoltoso e imerso em tempestade.*

- O tenho testado.

* Por fim, o visitante é inteiramente visto, embora seu corpo ainda se mescle através de cabelos, pernas e costas à própria escuridão que envolveu o Ai-Petri e todo o horizonte à vista de Dázbov.*

- Chegou a hora de assumir o teu lugar, Dázbov. Pois tu és Cria de Borghav - Senhor destas terras antes de tua criação, progênie de Ekimmu, Filho de Khanon Mher - Minha Irmã e terceira Cria de Laza Omri Baras ou, como insistem em chamar as crianças da noite, Lasombra.



Última edição por Storyteller em Ter Fev 13, 2018 9:49 am, editado 1 vez(es)
Cassimir
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Territórios onde a Águia Dourada não repousa - Página 2 Empty Re: Territórios onde a Águia Dourada não repousa

Sex Fev 09, 2018 8:26 am
Dázbov encara o visitante por um tempo curto, mas que parece uma eternidade. Admira as tatuagens e as manifestações que a Escuridão Interior lança sobre o cume de Ai-Petri. Em seu interior, sabia que aquele momento chegaria, quando seu Clã e os de seu Sangue viriam até as terras geladas para retirar-lhe o conforto e a paz.

Contudo, não havia escolhido esse destino quando optou por deixar o Leste em direção a Ai-Petri?

O Deus Branco da Montanha caminha, lentamente, ignorando o destino do balbuciante mortal que estava à sua frente. Fixa os olhos claros nos de seu interlocutor, cobertos em escuridão, ancestrais, intensos.

- Estou pronto para realizar o que quer que meu Sangue deseje que eu realize.

Estacou, porém, antes de avançar definitivamente em direção ao visitante.

- Me resta perguntar, contudo, qual a identidade daquele que sobe até Ai-Petri.
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Ter Fev 13, 2018 9:48 am
* A ausência de luz era reconfortante. A escuridão que ocupava a antes branca montanha se prolongava até o limite de sua visão. O homem entrelaçado às dançantes sombras se aproximou e Dázbov teve a nítida certeza de que todas as vezes as quais utilizou de seus dons sombrios estava se utilizando de uma porção daqueles olhos. A voz ecoou, baixa, porém firme.*

- Nomes. Já me vesti com a identidade de muitos deles, Sangue do meu Sangue. Para nós, contudo, nenhum nome será suficiente ou verdadeiro para além de minha posição. Sou o Segundo Filho do Primeiro de Nós, Laza, fundador do Clã da Noite. E isto sempre me bastará.

* Ele estende a mão, em convite*

- Aproxime-se e conheça os outros. Àqueles que hoje sentam-se à cabeceira de nosso Pai e levam suas palavras a todos nós.

* A escuridão dança, inquieta, convidativa e ao mesmo tempo intimidadora. Dázbov, o Deus Branco da Montanha, quase conseguia ver rostos se prolongando da completa falta de luz atrás de seu interlocutor. Pareciam estar em sofrimento. Olhando ainda mais atentamente notava-se que não eram humanos.

O Abismo o convidava a entrar e como não ocorria há mais tempo do que pudesse lembrar, Dázbov sentiu um calafrio lhe percorrer o corpo e uma alegria lhe preencher o frio coração*
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Territórios onde a Águia Dourada não repousa - Página 2 Empty Re: Territórios onde a Águia Dourada não repousa

Qui Fev 22, 2018 10:35 am
Dázbov observa seu entorno. A montanha, impávida, a desafiar o céu escuro e sombrio. Seus olhos se estendem em direção ao vale e à planície, às inúmeras cabanas onde vive seu povo. Por um momento, parece ser capaz de sentir as orações noturnas, efetuadas em seus altares domésticos, diante de pequenas estátuas de rocha e palha descolorida que representam o Deus Branco da Montanha.

Conseguiria manter-se distante de seus seguidores? O que exatamente desejava sua família que, no curso dos últimos séculos jamais o havia procurado? Quanto tempo deveria permanecer distante de sua amada montanha?

Ponderou, por alguns segundos. O que seu Senhor faria em seu lugar?

Suspirou profundamente, não por uma necessidade, mas por estar prestes a tomar uma decisão importante. Talvez a mais importante em toda a sua não vida.

Tomou a mão de seu interlocutor e deixou que a Escuridão o abraçasse.
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Sex Fev 23, 2018 12:10 pm
* O vislumbre do vale branco foi a última visão antes do todo se tornar uma escuridão infinita e, estranhamente, acolhedora.

Ao tocar a mão do Cainita, Dázbov se viu envolto pelas sombras em uma escala jamais experimentada, seu corpo era tocado, quase acariciado pelos volumes pegajosos e dançantes que se erguiam e se projetavam do chão, do céu e de todo o Abismo que os envolvia.  Por vezes, rostos desfigurados e desproporcionais surgem nos prolongamentos de sombras.


O monólogo que se seguiu pode ter durado uma fração imperceptível ou uma eternidade de tempo, a própria compreensão de espaço, peso e existência do seu corpo são diferentes neste ambiente envolto em escuridão e ausência de sons e imagens.*

- Estará diante de meus irmãos, esta noite, Dázbov - o Branco, e precisas conhecer a fundo tua própria história antes de ouvir o que lhes dirão.

* O homem, inteiramente nu, caminha por entre a vastidão escura ao lado do Deus da Montanha enquanto fala*

- Ekimmu foi um Filho da Noite com uma perspicácia e uma fibra moral incomuns. Não tivesse Khanom-Mher o trazido para a família, eu o faria. Foi dele a estratégia de semear nestas terras e para onde o Leste se estendesse, a presença e influência do Clã da Noite. Ele é o responsável pela criação do Deus da Montanha e do misticismo criado em torno dele.

* As sombras o envolviam e suas tatuagens saltavam da pele e retornavam, em uma troca constante com o solo e o céu enegrecido do Abismo*

- Estas terras são domínios Ancestrais de outra família, os filhos de Tzimisce. A estratégia de Ekimmu foi estender alianças e nossa presença para quando o tempo chegasse, nós pudéssemos guiar os Demônios em prol de nossa causa. Assim, Ekimmu abraçou Bhorgav, teu Senhor, e o determinou a tarefa de organizar os povos e conquistar a confiança e o respeito destas terras.

* Ele interrompe a caminhada, observando Dázbov e seus olhos negros e profundos emitem um brilho dourado uma vez mais*

- Ekimmu era um Lasombra excepcional, mas falhou ao escolher Bhorgav. Ao longo dos séculos ele mostrou-se incapaz de reunir os povos e estabelecer aliança com o Demônio do Leste. A falha do teu criador, contudo, não foi completa. Ainda que uma pequena parte do planejado, ele cumpriu o papel de se estabelecer como uma divindade a ser respeitada e adorada. Ao menos por uma pequena parcela dos povos, os que se localizam no vale aos pés do Ai-Petri.

- Ekimmu dorme. Os esforços dele em Cártago exigiram muito de seu corpo e mente. O Conselho das Sombras, meus irmãos, deliberaram que Bhorgav deveria passar o sangue de Ekimmu adiante e ele assim o fez. Tu és o que Bhorgav falhou em ser.

- O observei e o testei através das forças romanas, em pequena escala, direcionadas ao Ai-Petri e as terras que  circundam. Há muito mais liderança e capacidade diplomática em tuas ações do que teu Senhor pôde apresentar. Agora, o Conselho das Sombras, o incutirá o dever de cumprir o plano traçado pelo Criador do teu Senhor, Ekimmu. Reunir os povos do leste, liderar os filhos de Tzimisce, aliar-se aos vampiros que guiam os povos do Norte gelado, mais cima de suas terras, e cair sobre Roma com força e decisão no momento apropriado.

* Ele volta a caminhar e as sombras o seguem*

- Avalizei tuas capacidades ao Conselho. Tenho grandes expectativas em você, Dázbov.

* Ele interrompe a caminhada, ergue uma das mãos que parece começar a dragar todo o abismo para sua palma. O horizonte começa a ganhar forma enquanto ele questiona*

- Tenho curiosidade acerca do Comandante Romano que encontrastes. O observei durante o ataque e há traços de caráter nele que me interessam. Qual a sua avaliação?
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Dom Fev 25, 2018 12:08 pm
Dázbov caminhava sem temor dentro da Escuridão. Ouvia atentamente as palavras e o julgamento do misterioso visitante e não pode deixar de sentir um forte orgulho da sua família, de sua história. Ao mesmo tempo, sentiu no seu íntimo uma profunda conexão com o Cainita chamado Ekimmu, cujo sangue corria em suas veias. Nunca, entretanto, havia julgado seu criador, Bhorgav. Jamais existira qualquer relação entre os dois a não ser o momento absurdamente íntimo no qual Bhorgav comungou em Sangue com Dázbov e, consequentemente, lhe forneceu todo o conhecimento de que o jovem necessitaria.

Toda a história repetida pelo interlocutor parecia plausível ao Deus Branco. Sabia que os Cainitas mais velhos que ele tramavam nas sombras, testavam seus discípulos e estabeleciam metas e planos a serem atingidos. Não se sentia manipulado. Ao contrários, sentia-se honrado em ser escolhido, em cumprir um papel de importância para o Conselho das Sombras. Exatamente por isso, ouviu atentamente as palavras do Cainita tatuado, enquanto observava a Profunda Noite passar diante dos seus olhos azuis-cobalto.

Não tinha medo de falhar. Havia superado o Frio e a Morte. O que mais, sob o céu, poderia ser uma ameaça?

Quando se horizonte fez visível, e seu guia perguntou sua opinião sobre o general, Dázbov fitou os céus. Era um excelente julgador de caráter, mas tinha pouca ou nenhuma paciência para a arrogância ou a auto-idolatria. Admirou, contudo, a proficiência do Cainita nas Artes da Noite, sem nenhuma inveja e sem tomá-lo como inspiração. Há muito certas emoções, para Dázbov, eram irrelevantes.

- Me parece um homem honrado, com um forte senso de dever e, exatamente por isso, cego tanto às ilusões quanto às oportunidades que o mundo oferece. É um guerreiro valoroso a quem foi permitido viver quando deveria morrer. Seu espírito e sua mente se tornarão inquietos e questionadores. Ao final, questionará tudo que está fora do mundo como o conhece e agirá imprudentemente na tentativa de sentir-se como se sentiu quando a Morte era uma possibilidade. Suas ações imprudentes o levarão a uma morte estúpida. Todo esse processo, contudo, pode ser freado a depender da utilidade que encontremos para ele e do momento exato que interviremos. Se interviremos.

Não havia emoção ou juízo de valor na voz de Dázbov. Eram sentenças disparadas com uma precisão quase metodológica. Como a de um homem das artes que estuda o comportamento de animais silvestres.
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Ter Fev 27, 2018 11:03 pm
* Silêncio perdurou por alguns segundos, quando o vampiro completou*

- A perda, absoluta, revela a verdadeira natureza do homem. Assim será com o General Lucius Aellius Sejanus.

*A escuridão se esvaía conforme o homem dragava a matéria escura e viscosa para dentro de seu próprio corpo. Logo, o horizonte se fez visível.

O mar se chocava contra as pedras em um ir e vir infinito, banhado pela luz parca da lua minguante. Uma cadeia de montanhas era vista ao longe. Fumaça, leve e constante, se projetava por uma delas.  Mais próxima, havia uma elevação de pedra à beira mar, com algumas dezenas de metros de altura, abrigava uma construção em curso. Apenas uma torre, alta e um tanto quanto quadrada em sua forma. Parecia semi-pronta.

Incontáveis homens carregavam pedras com o auxílio de imensas carroças com rodas de madeira e aço. Outros, esculpiam incansavelmente a parte baixa da montanha, nivelando o terreno para a colocação das rochas polidas que chegavam uma após a outra.  Aparatos de madeira que erguiam as pedras ao passo de outras descerem eram utilizados para empilhar as rochas. Uma muralha estava sendo erguida e uma segunda torre começava a se desenhar. Apesar do aspecto rústico e inicial, a construção era colossal e vistosa aos olhos do Deus da Montanha, acostumado à simplicidade das cavernas e do povo do norte gelado.

À frente dos homens, liderando-os na empreitada, havia um com cabelo crespo, pele bronzeada e barba cerrada. Vestes leves e notoriamente estrangeiras aos olhos de Dázbov. Eram esvoaçantes e lhe cobriam quase todo o corpo. A visão da construção e do homem que a moldava são guiadas pela voz do guia que o trouxe até aqui*


- O Construtor. Chamam-no de Hassan. Nosso pai o guiou até este monte e decretou que nesta montanha seria erguido o Castelo das Sombras. Aqui, deliberaremos sobre as noites que virão.

*  O homens envolvidos na obra ignoram completamente a chegada ou passagem dos visitantes. Não se ouve suas vozes, parecem determinados e completamente focados em suas tarefas individuais. Desde quebrar pedras até guiar carroças, animais e manipular os imensos aparatos de madeira que erguem as rochas polidas.

O homem estende uma das mãos, indicando um passadiço de pedras colocadas lado a lado que esboçam uma escadaria por fazer, , passando pelos homens e pela muralha em construção e indo até a torre da direita, quase pronta.. O caminho perdura até que de fato degraus se erguem, circulando parte da torre e desaparecendo na escuridão da noite.*


- Eles o aguardam.

* O vampiro olha Dázbov por alguns instantes, antes que concluir*

- Ouça. Pergunte. Banhe-se no conhecimento daqueles que o aguardam. Pois precisarás nas noites que virão.
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Qua Fev 28, 2018 2:16 pm
Depois de ouvir seu interlocutor e antes de entrar no castelo, os olhos de Dázbov percorreram a paisagem. O cheiro do suor e da Vitae dos homens inundava suas narinas, provocando a luxúria de sua Besta. O céu escuro se confundia com o mar e o barulho das ondas não assustava Dázbov, mas era pra ele um fenômeno quase que inteiramente novo. Havia visto o mar somente nas memórias de Borghav.

Era um chamado. Por um tempo, Dázbov se perdeu na escuridão da massa indistinta de água. Ouvia uma voz suave, porém firme, a invocar seu nome, como um cântico ancestral e estranho. Algo, num canto recôndito de sua alma, pulsava. Queria entrar no mar, permanecer dentro dele. Não sabia dizer quanto tempo havia passado quando conseguiu focar a sua atenção no castelo.

Era imponente, ainda que incompleto. Era uma ode à grandeza da noite e do Clã da Escuridão, um monumento destinado a permanecer e desafiar a eternidade, como faziam os próprios Cainitas. Aquele cenário, o mar mesclado à casa de sua Família, lhe trazia um ligeiro conforto. Era como se fosse o último lugar no mundo, além de Ai-Petri, que ele poderia chamar de casa.

Voltou-se ao seu guia, agradecendo com um aceno de cabeça e começou a caminhada em direção à construção feita de Noite.
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Qui Mar 01, 2018 1:01 pm
* A caminhada se alongou em contemplação. As pedras recém colocadas que se erguiam em uma escadaria para a torre leste eram sobrenaturalmente escuras. O som da água revolta e negra do mar a se chocar contra as rochas da montanha o acompanham durante o percurso e uma leve brisa , quente, circunda seu corpo habituado as correntes gélidas do norte.

Mais acima, o céu pairava em tom quase sépia, dada a luz semi-extinta da lua encoberta por nuvens. E, em um único facho que se projeta dela, o cume da torre é visto pela primeira vez. Aparentes janelas com acabamento arredondado parecem revestidas de uma escuridão dançante e, deste ponto da escadaria até a entrada da torre, as sombras no chão parecem ir e vir como o movimento das águas atrás e abaixo de Dázbov em um ritmo constante, compassado e em conformidade com o som projetado do mar.

Enfim, o Filho da Noite do norte adentra a torre oriental do Castelo das Sombras. A escuridão no interior da redoma, que parece infinitamente maior por dentro do que por fora, é acalentadora. É como estar em um quarto escuro quando os deuses do sono decidem abraçá-lo. Caminhando mais alguns passos, silhuetas de um andar superior lhe são reveladas. Parece haver um semi-círculo, como um segundo andar na torre, há cerca de seis metros de altura e alocado nesta redoma superior está o que parecem ser três assentos, talvez tronos, uma vez que a escuridão permite enxergar apenas as linhas das formas sem quaisquer detalhes.

Há silhuetas visíveis, mas não reconhecíveis, sentadas nos assentos da direita e da esquerda. O possível trono ao centro está vazio - ou assim parece.

As sombras dos dois seres que ocupam os assentos se alongam, de cima para baixo, estendendo a escuridão pela redoma no andar de baixo até tocarem, metaforicamente, o corpo do cainita albino. Uma voz grave, com um sotaque pesado e notadamente estrangeiro, ecoa pelo salão de pedra escura na língua do povo do norte, aquela falada aos pés do Ai-Petri*


- Dázbov, filho de Borghav, portador do sangue de Ekimmu. És convidado e bem recebido no Castelo das Sombras, destas noites em diante, lar Ancestral do Clã da Noite e de todos os filhos de Lasombra.

* A outra voz, muito mais suave e também soando no idioma das terras geladas, contudo em perfeição e sem qualquer sotaque, se faz ouvir*

- É com alta estima que recebemos o último filho de Ekimmu, que em justo sono nos deixa orfãos de sua sabedoria e presença notáveis. Aproxime-se e conte-nos sobre o que os séculos lhe mostraram do topo do Ai-Petri.

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Sex Mar 02, 2018 7:09 am
Dázbov encara por alguns segundos os dois Cainitas à sua frente. Suas vozes, ainda que eles tenham deixado de falar, ecoam fortemente em sua mente. Sua atenção, todavia, é arrastada para o trono vazio, em meio aos dois. A impressão que o atinge é que o trono em si, por alguma razão, emana uma tangível autoridade ainda que ninguém esteja sentado nele. Alça o olhar, fitando as paredes escuras e aparentemente sencientes. Sem encarar seus interlocutores - talvez por respeito, talvez por um temor primal que Dázbov jamais conheceu - começa a falar. A voz normalmente calma e desprovida de sobressaltos do Deus da Montanha assume um tom mais alto e firme. Era um Dázbov que não se via a muito tempo. Talvez não fosse Dázbov, o Deus Branco. Talvez fosse o homem por detrás da máscara.

- Eu não vi muito nesses séculos. Vi os homens do norte nascerem, crescerem e morrerem. Mas nenhum deles morreu de frio ou de fome, pois são corajosos e inventivos. A eles ofereci conforto espiritual e proteção física. Dediquei minha vida àquelas pessoas que, com seus corações cheios de Fé, sobreviveram à hostilidade do mundo e dos homens como eu sobrevivi.

Dázbov caminhou diante dos seus interlocutores. Continuou, ainda sem encará-los.

- Digo isso para deixar claro que tomarei qualquer ação que o meu Clã achar necessária. Exceto se esta ação resultar numa redução do bem estar do povo do Norte, que eu aprendi a amar e respeitar.

Estaca diante dos dois. Encara as figuras obscuras.

- O que eu vi, fora de minhas terras, foi a arrogância e ambição de homens que, liderados pelos nossos primos, são incapazes de aceitar qualquer existência que não se submeta aos seus caprichos. Nas memórias de meu Senhor Borghav conheci os horrores disseminados por Roma na Cartago dos Filósofos e entre as tribos de Gália e da Bretanha. Mas também vi seus exércitos chafurdarem nos pântanos do Leste, onde imperam os Demônios e confirmei que, como a própria natureza nos demonstra, nada é feito para ser eterno. Exceto, talvez, por nós mesmos.

- A conclusão é muito simples. Haverá guerra e conflitos, que porão em risco tanto a vida do rebanho quanto as nossas. E os Senhores? O que viram no curso destes séculos?
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Seg Mar 05, 2018 3:33 pm
* As silhuetas sombrias permaneciam estáticas em seus tronos enegrecidos. A voz suave. tênue e que emana paz a cada palavra inicia a resposta após alguns segundos do fim do discurso de Dázbov.*

- É um alento notar que nós ainda somos capazes, através de nossos descendentes, de compreender as necessidades e anseios dos homens, tratá-los com dignidade e liderá-los para que se perpetuem e prosperem onde quer que atuemos. A longa noite tende a nos arrastar para um caminho individualista e mais sombrio do que até mesmo nós, pertencentes ao Clã da Noite, devemos adentrar.

* Uma leve pausa e a mesma voz retoma o discurso. O cainita do Ai-Petri não precisaria realizar um grande esforço para notar que as palavras daquele ser sentado no trono da direita eram imbuídas de preocupação, talvez remorso, em um tom quase paternal.*

- Tuas palavras são ao mesmo tempo um alento e um pesar, Dázbov. A guerra já se abateu sobre os teus e sobre todo o mundo conhecido. A calmaria destas últimas noites antecede o maior conflito que nossa história contará por muitos séculos adiante e tu, assim como teu povo, sinto constatar, possuem um papel fundamental nos eventos que se seguirão.

* A outra voz, mais firme e muito menos polida no idioma do norte, continua. O som é nítidamente oriundo do trono da esquerda, na qual a silhueta parece maior e mais corpulenta que a primeira.*

- Nós, ao longo dos séculos, vimos nada mais que o sucesso passageiro de nossas ações abrirem espaço para fracassos cada vez maiores.

* As sombras deste interlocutor se alongam uma vez mais, aproximando-o de uma forma visual de Dázbov, ainda que estejam distantes um do outro e separados entre os andares da construção*

- Falhamos em permitir, por um longo tempo, o aflorar da Cártago dos Filósofos. Logo, a Cidade do Sangue se tornou a Cidade dos Sacrifícios e da balbúrdia infestada de servos de Baal e Shaitan. Infernalistas.

* Dázbov poderia acreditar que viu algo mover-se no trono ao centro das duas figuras. A voz mais grave continuou.*

-  A pesada mão do Clã da Noite caiu sobre Cártago e sobre todos aqueles que através dela mergulharam na perdição. A cidade se tornou uma besta imersa e sedenta de sangue e para combatê-la, forjamos uma aliança que fez nascer uma Fera maior e, como os séculos demonstraram, ainda mais voraz. Assim criamos Roma.

* A voz mais suave continua, após o silêncio da primeira*

- Roma se alongou para além de nossas mãos sombrias. A aliança com as demais famílias a fez ser tão grande quanto perigosa. Nos últimos séculos, sobretudo, nossa influência e controle diminuiu ao passo do Império adentrar a territórios antes imaculados que deveriam assim permanecer, como parte do pacto inicial. A Fera ganhou vida e se rebelou contra seus criadores. Chegou o momento de matá-la.

- Ao norte, os antigos filófosos e, agora, uma família essencialmente tomada pela amargura e pelo fervor contínuo de seu sangue, reúnem tribos de Godos e demais povos saxões ao norte. Ao leste, os Demônios saem de sua reclusa ancestralidade para tomar partido de embates que ocorrem - e cada vez mais ocorrerão - em seu solo sagrado. Nas províncias romanas orientais, levantes acontecem semana após semana e até mesmo os filhos de Saulot e Haqim possuem filiação a uma coalizão que se forma para a necessária queda de Roma.

- Todos estes, contudo, carecem de unidade e liderança. Tarefa que nos cabe na guerra vindoura.

* Novamente, desta vez com mais certeza, Dázbov viu e sentiu uma presença esmagadora no trono central. O espaço visívelmente vazio parecia observar-lhe. Era como se todo o castelo emanasse - repentinamente - uma autoridade devastadora e o peso do mundo lhe caísse sobre os ombros. Ao mesmo tempo, havia uma indescritível emoção e até mesmo orgulho a lhe percorrer o corpo. A voz mais grave, entoou*

- A tua posição e figura de poder e liderança plantada por Ekimmu, semeada por Bhorgav e colhida por vós é essencial para a integração de nossa Família na liderança do golpe que matará a besta faminta chamada Roma.

* As palavras mais polidas e em voz mais branda ecoa uma última vez.*

- O cenário é este, Dázbov, cria de Bhorgav e descendente de Ekimmu. És livre, assim como teu povo, para escolher o caminho a seguir. Sejas o líder de que precisamos e arraste os homens que o seguem a derradeira batalha ou vivas o resto de suas noites junto a teu povo, sem qualquer promessa de nós, Clã da Noite, de que a guerra não os alcançará da mesma forma.

* As palavras em tom mais intimidador e firme novamente ganham o ar, decretando*

- A escolha,  e todas as consequências que dela implicam, deve ser tomada neste momento e em definitivo.
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Territórios onde a Águia Dourada não repousa - Página 2 Empty Re: Territórios onde a Águia Dourada não repousa

Qua Mar 07, 2018 11:31 am
Por um momento Dázbov ouvia a voz dos seus interlocutores, mas elas não passavam de rumores indistintos. Sua atenção era totalmente voltada para o trono central e para a presença emanada dele. Entendia o teor do diálogo porque seu corpo e sua audição funcionavam automaticamente. Mas, em um nível mais esotérico, permaneceu em um outro lugar até que fosse o seu momento de falar. Tornou a focar na Escuridão projetada pelos seus anfitriões antes de expressar sua opinião.

- Não discordo do quanto apresentado pelos Senhores. É notória a ameaça que a máquina imperial representa aos povos que não se submetem ao seu jugo e os custos em vidas e riquezas que seguem a passagem de suas legiões. A nossa responsabilidade, conforme me foi ensinado pelo meu Senhor Borghav em suas memórias, não é algo a ser discutido. Como iremos atuar para mitigar as consequências de nossas escolhas é que é relevante.

Dázbov caminhou alguns passos antes de continuar.

- Nossa posição, contudo, é delicada. Àqueles que apoiavam Cartago nos odeiam, pois se recordam do nosso papel durante o conflito. Aqueles que estão fora das fronteiras do Império nos odeiam igualmente, considerando o nosso papel ativo no processo. O Império, capitaneado pelos Patrícios, nos odeia.

- Como podemos esperar assumir uma posição de liderança? Nossos irmãos confiam na nossa capacidade de ser os Guardiões que eles precisam? Estamos prontos, como Clã, para realizar esse papel? Eu não posso ser o líder que o Clã da Noite precisa. Não sozinho. Não sem o investimento, em mim, de uma autoridade que me possibilite cumprir o papel que os Senhores esperam que eu cumpra e, ao mesmo tempo, proteger o meu povo da violência infinita que virá.


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Qua Mar 07, 2018 12:11 pm
* Dázbov estava correto em sentir-se desprendido daquele local, espiritualmente, como se a presença invisível do trono ao centro o levasse para um outro ambiente. Em sua mente e alma. Algo mais o invocava direto para as sombras profundas daquele assento. As palavras a seguir foram breves e ditas logo após as que foram proclamadas pelo Cainita do Ai-Petri*

- Tua análise de nossa posição procede em igual proporção a confiança que depositaremos em vós. Contudo, há um descrédito exacerbado na indicação feita por nós para aquilo que exigimos de você, Dázbov.

* Continuou a voz mais firme, do trono da esquerda*

- Não ouse subestimar a autoridade do Clã da Noite sobre todos que nela caminham. Menos ainda, desacredite de nossas ações na longa noite. Há movimentos em curso que garantem nossa influência junto aos povos citados que suprem mágoas e perdas passadas em prol de um objetivo em comum: A queda de Roma. Tu fora apontado como o nosso representante e tudo que nós significamos para um Conclave que ocorrerá em breves noites, caso aceites a honra e o fardo que dela provém por conta da análise de nosso irmão, Daharius Anun-Har Sarosh, sobre tuas capacidades e posição estratégica.


*A voz mais branda se faz ouvir*

- Do Norte ao Leste, os que se aliam contra Roma anseiam por possuir uma força e influência de dentro do Império. Temos este trunfo ao nosso lado, Dázbov. Os líderes das famílias interessadas engolirão seu orgulho e lamberão suas feridas ao ouvir as suas palavras que ecoarão como as nossas.

*A voz mais firme finaliza*

- Toda a autoridade e influência de que precisas corre em suas veias. Cometemos um erro ao julgá-lo capaz para a tarefa, Dázbov, o Branco?
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Qua Mar 07, 2018 12:24 pm
Apesar do ligeiro aumento no tom de seus anfitriões, a calma não abandona a face do Deus de Ai-Petri. Dázbov mantém uma expressão serena, guiada de suas convicções pessoais e do entendimento que tem do seu papel. Encara seus interlocutores ao mesmo tempo em que faz questão de gravar a fogo, na mente, o nome Daharius Anun-Har Sarosh.

- Não ouso subestimar nossa autoridade. Mas não ouso superestimar nosso conhecimento sobre as intenções e ações do resto da Família. Não podemos, jamais, julgar que conhecemos o quadro completo. Não pequemos por vaidade.

Encarou os três tronos, lentamente, antes de dar sua resposta final. Quando falou, seus olhos estavam pousados no trono central, respondendo à Autoridade da qual os dois Cainitas eram, embora poderosos, subordinados. A autoridade de que precisaria já lhe havia sido dada.

- Nenhum erro foi cometido. A tarefa a mim confiada será cumprida.




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Qua Mar 07, 2018 2:12 pm
* As dançantes sombras do ambiente se aquietaram, como se o próprio Castelo tivesse se apaziguado após as palavras de Dázbov. Por fim, a voz firme ecoa uma última vez.*

- Desta forma, o Conselho das Sombras decreta que a mão pesada e decisiva do Clã da Noite cairá sobre Roma sob a alcunha de Dázbov, Cria de Borghav, Progênie de Ekimmu, Filho de Khanom-Mehr, terceira cria de Laza Omri Baras.


* Ao fim das palavras, as figuras sombrias se mesclam aos tronos, o vazio escuro e profundo ocupa o salão de pedra. Algo, no entanto, clama pela total atenção do Cainita do Ai-Petri.

O trono de centro parece, inquietantemente, ocupado. Há uma figura envolta em trevas mas claramente distinta das outras duas que ocupavam os assenta das laterais. O corpo é longilíneo, magro e alto, cabelos escuros como a noite se mesclam ao trono e as sombras que envolvem as pedras do castelo. O restante de seu corpo é apenas uma silhueta obscurecida e com contornos quase invisíveis.

Nada, porém, chama atenção tanto quanto aqueles olhos. Negros como o céu sem estrelas e profundos como o abismo da viagem realizada há pouco. Eles pareciam ser capazes de engolir tudo que há e que haverá, se assim quisessem. Um silêncio estarrecedor se abate sobre o local.

A figura, sentada no trono central, parece apoiar o queixo sobre a mão esquerda. Neste momento, Dázbov se dá conta de que ele sempre esteve lá, na exata posição na qual agora se encontra.

Um leve - mas perceptível - aceno positivo é realizado pela sombria e esmagadora presença daquele que o observa, antes de desaparecer por completo e todo o peso de sua estada deixar os ombros do Deus Branco da Montanha.

Estava, circundado pelas pedras e sombras do Castelo, tão sozinho quanto no topo de sua montanha natal.*
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Sex Mar 09, 2018 10:58 am
Dázbov permanece estático. Seu olhar, focado no trono central, escrutina todos os detalhes do objeto. A identidade do terceiro homem era um mistério, mas Dázbov imaginava saber de quem se tratava. Se suas suposições estivessem corretas, o trabalho para o qual fora escolhido só aumentaria de importância, assim como aumentariam as responsabilidades de Dázbov e a sua lista de inimigos.

Nunca se sentira tão honrado.

Meneou, levemente, a cabeça na direção do trono agora vazio, como um sinal de obediência e lealdade. Poderia ter sido, durante muitos anos, a encarnação do Deus Branco da Montanha. Contudo, no seu âmago, continuava a ser um filho da Escuridão e deveria aceitar as honras e deveres que carregava no Sangue.

Deixou pra traz os salões do Castelo, sentindo uma leveza renovada quando o barulho das ondas se fez sentir. Do lado de fora, lhe esperava o seu guia. Dázbov foi direto e sintético, expressando uma única frase ali, sob a luz da lua. Uma frase que teria o poder de afastá-lo., sabe-se lá por quanto tempo, das suas amadas terras geladas no Norte.

- Estou pronto para partir.
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Sex Mar 09, 2018 4:59 pm
* A descida das escadarias lhe pareceu mais longa. De cima para baixo, a visão do mar negro a se chocar contra a rocha da montanha abaixo era tão bela quanto convidativa. As ondas escuras traziam consigo um som estranhamente familiar e, de uma forma quase instantânea, a silhueta vista no trono central por breves momentos parecia estar presente em todo aquele infindável e escuro oceano.

Ao fim das escadas o cainita que o trouxe parece aguardá-lo. Ele permanecia de pé, voltado para as ondas, com a visão perdida por entre o ir e vir das águas. A aproximação de Dázbov o faz retornar sua atenção e girar lentamente o seu corpo em direção ao homem de corpo esbranquiçado. Ouve a confirmação de que o Vampiro do Ai-Petri estava pronto, afinal, quem não ousaria estar após ouvir o que deveria Deles.

Estende a mão e dela, por detrás das sombras, um pergaminho se revela. Entregando-o a Dázbov, ele sintetiza*


- O que fará com a informação contida neste papiro, é de tua inteira escolha e responsabilidade.

*Ao tocar o pergaminho, o vampiro nota tratar-se de um objeto incomum. Seus olhos são tomados por uma visão clara como as imagens a sua frente, como se sua mente deixasse seu corpo e caminhasse para outro local.

Trata-se de um homem velho, com cabelos alvos como a neve e barba de igual cor. Suas vestes são púrpuras e uma toga senatorial lhe cobre os ombros. Ele está sentado em uma pequena mesa de pedra a escrever o  papiro que está em suas mãos, não com tinta, mas com sangue colhido de seu próprio pulso.

As palavras ecoam em sua mente com a voz daquele homem. Uma voz cansada, tal qual sua aparência.*


...E assim, com tais provas cabais, atesto o desaparecimento tramado do Imperador de fato, Titus Venturus Camillus, que suponho ter encontrado sua morte final neste horrendo processo de destruição de Roma e de tudo o que ela representa por parte dos monstros que entre nós habitam.

Em posse destes dois pergaminhos, cuidadosamente escritos em separado para garantir a nulidade das palavras se apresentadas em separado, dou-lhes a inteira capacidade de arrancar as máscaras dos infratores que revelo a seguir.

De acordo com os crimes apresentados no papiro anterior, nomeio clara e definidamente a inteira culpa pela detestável trama a Juno Prestes, o Conselheiro do Imperador. Este não agiu sozinho ou livre de influências. Que esteja marcado na história com o meu sangue, vitae ao qual derramo nestas linhas, que Sahar - aquele ao qual chamam de meu filho - é de fato um Infernalista. Um monstro degenerado de intenções perversas e oriundas daqueles seres inomináveis aos quais ele serve.

De certo, devo minhas mais sinceras e profundas desculpas por minha imensa falha ao ser aprisionado por tanto tempo por tais seres. Incapaz, não pude alertá-los, meus Senhores, da degeneração que Roma tornou-se nos últimos séculos sob o falso governo de um fantoche de carne e espírito que ocupa o lugar do Imperador. Espero, do além deste corpo que já não mais devo ocupar, que minha falha não seja definitiva para o futuro de Roma.

Dionysius, cria de Jaspeth, cria de Capadocius


Sua visão retorna ao corpo, de onde por um breve momento, Dázbov notou o cainita que o trouxe olhar por cima de seus ombros em direção ao topo da Torre que acabara de descer. Em seguida, meneou levemente a cabeça em sinal positivo. O fazendo notoriamente para o topo do Castelo. Em seguida, concluiu*

- Devo acompanhá-lo ao Conclave. Contudo, o que ouviu do Conselho e leu neste pergaminho pertence somente a vós, assim como a palavra e a representação de nossa família na reunião da próxima noite.

* Uma vez mais, ele estende a mão em convite ao cainita do Ai-Petri e o horizonte se enegrece como um todo, deixando para trás o mar, o castelo e os sentimentos de pertença que o cenário traziam. A partir de então, apenas a mais profunda escuridão os envolve.
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Ter Abr 24, 2018 9:42 pm
* Dázbov e Sarosh retornaram, envoltos nas trevas, aos pés da longa e escura escadaria do Castelo das Sombras.

Sem dizer uma palavra, seu guia inclinou a cabeça em sinal de respeito voltando-se para a torre leste. Em seguida indicou, ainda em silêncio, para que o cainita de Dázbov fizesse a subida dos degraus.

Ao fim deles, novamente Dázbov encontrou-se no centro da redoma escura como o abismo do qual acabara de sair. Aquela escuridão, contudo, acalenta o seu existir e derruba toda e qualquer perturbação, dor ou agonia causada por eventos recentes. É como encontrar a paz de um sono profundo.

As silhuetas estão presentes nos tronos obscurecidos da esquerda e da direita. O do centro, no entanto, parece vazio embora olhá-lo sempre desperta uma sensação de poder, de superioridade.

Há um silêncio quase que absoluto naquele salão. Somente o ir e vir longínquo das ondas a se chocarem contra as rochas mais abaixo da escadaria são ouvidos, quase como um eco.*
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Territórios onde a Águia Dourada não repousa - Página 2 Empty Re: Territórios onde a Águia Dourada não repousa

Qui Abr 26, 2018 8:07 am
Havia uma forte sensação de paz em estar naquele lugar. Depois de todos os eventos passados, Dázbov se sentia bem. Havia feito, ainda que com alguma dificuldade, a Travessia das Sombras pela primeira vez, e a sensação era inexplicável. A familiaridade com a Escuridão era a condição essencial de sua Família e, à medida em que avançava no seu conhecimento sobre Ela, Dázbov se sentia mais e mais vinculado ao Castelo das Sombras e a tudo o que ele representava.

Despediu-se de Sarosh e encarou o castelo. Sua cabeça se moveu em um cumprimento à terra de seu Ancestral. Tomou o mesmo caminho que havia tomado dias atrás, subindo as escadas enquanto deixava que o som das ondas invadissem sua mente e alma. Uma parte de sua missão havia terminado mas era a parte mais fácil. Ao mesmo tempo, havia um elemento de preocupação em seu espírito. A imagem de Hubal ainda transitava em sua mente.

Diante dos três tronos, Dázbov faz uma saudação para o da esquerda e o da direita. Reserva uma saudação mais profunda e demorada para o trono do centro. Em seguida, rompe o silêncio.

- Eu saúdo o Castelo e aqueles que o ocupam. Retorno da cidade de Meca trazendo notícias sobre as deliberações do Conclave.

Dázbov se esforça para recontar, considerando os mínimos detalhes, sobre os acontecimentos em Meca. Menciona todos os cainitas presentes e a sua impressão sobre todos eles, em especial sobre Damek e Qaphsiel. Relata seu papel nas guerras que virão, como comandante da Frente das Sombras, e os objetivos que esta se predispõe a cumprir. Informa ao Conselho sobre as contribuições de cada um dos cainitas que estavam presentes e, por fim, relata o enfrentamento com a besta convocada por Ta-Urt e os eventos que aconteceram depois sem, contudo, mencionar a intervenção de Hubal e a sua identidade.

- A complexidade da situação me fez decidir vir até os senhores. Há três coisas que devo solicitar para que a tarefa que me foi confiada alcance resultados efetivos.

Fez uma pausa e olhou as silhuetas nos tronos. Dirigiu-se, porém, ao assento central.

- A primeira é que o Clã Lasombra dedique esforços à caça e erradicação daquela que se intitula Ta-Urt. A presença de tal cainita no Conclave foi uma falha inaceitável e intolerável, mas não estou aqui para apontar eventuais culpados. Enquanto Ta-Urt sobreviver, tudo o que planejamos não gerará frutos. Ahrmad e Qaphsiel se dirigem, neste momento, ao Egito para dar cabo de sua vida. Sabemos, contudo, que Ta-Urt é cria de Set, de forma que terão poucas ou nenhuma chance. É nosso dever, se realmente desejarmos que nossos objetivos gerem frutos, que apoiemos tal empreitada.

Continuou.

- A segunda é em relação à minha entrada em Roma. Assim decidi durante o Conclave, pois considerei que meus talentos são mais apropriados para atuar dentro do Império do que os da maioria dos outros. Deixo ao Clã a decisão sobre como se dará esta entrada, se de forma sutil e invisível ou em maneira aberta, ocupando um posto de autoridade na representação do Clã da Noite. Como havia mencionado na minha primeira visita, acredito que a segunda opção pode tornar as coisas mais efetivas. No entanto, confio na decisão dos senhores.

Por fim, voltou a olhar para os tronos da direita e esquerda antes de voltar a fixar o olhar no centro.

- Por último, preciso de informações sobre dois cainitas. A primeira é sobre Canatos, governador provincial e filho desta Casa. Qual a nossa relação com ele e em quem ele deposita sua lealdade? Penso que Canatos seja um aliado potencial nesta situação, mas não o conheço e tampouco conheço suas motivações. A segunda pessoa é o cainita que dispõe da outra metade do pergaminho que se encontra em meu poder. É extremamente necessário que o conteúdo seja completo, para que possamos avançar. Não sei se esta Casa sabe qual a identidade deste cainita ou, minimamente, como posso chegar até ele. Se este Conselho não dispor de tal informações, eu a obterei pelos meus próprios meios.
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Qui Abr 26, 2018 8:30 pm
* A escuridão pareceu se prolongar dos tronos em direção à Dázbov. Pareciam reagir, instintivamente, a cada palavra que o cainita de Ai-Petri fazia ecoar pelo salão de pedra escurecida. A voz da direita, em tom brando e típico daqueles que ensinam com as palavras e parecem escolher cuidadosamente as mesmas, quebra os parcos segundos de silêncio que se seguiram após o discurso de Dázbov.*

- O Conselho das Sombras saúda o retorno do escolhido dentre os filhos da noite e da escuridão para lidar com a ameaça de Roma.

- Tuas palavras, em consonância com o relato de nosso irmão - Daharius Sarosh - indicam um panorama ainda mais complexo do que imaginávamos.  Sarosh acreditava que Aníbal havia se aliado à Ta-Urt, antes do Conclave ter início, pois suas tropas caminham livres à leste das terras africanas e abrigam-se no território que compreende o Egito e aproxima-se de Alexandria. Terras estas sob os auspícius da Governadora Provincial que é Cria do abominável Set.

- A ida dele, Sarosh, ao Conclave foi para averiguar os limites deste possível acordo ao confrontar Aníbal. Surpreso, Daharius retornou com o informe de que a própria Ta-Urt havia comparecido ao encontro em Mecca. Desta situação e após as suas palavras, O Conselho das Sombras valida a hipótese da aliança entre o Brujah Hannibal Barca e a SetitaTa-Urt e, também, a necessidade de intervir, com força e decisão, sobre a Dama do Deserto.

- No entanto, esta citada aliança nos envolve na decisão de como lidar acerca de Aníbal. Se o interesse dele é somente garantir o passe livre e o abrigo de seus guerreiros no Egito, longe das garras da Águia Dourada, basta que aquele território esteja sob nosso controle. A morte final de Ta-Urt serve a este propósito.

- A segunda possibilidade envolve uma aliança mais complexa entre ambos e isto nos coloca em posição delicada quanto à Hannibal e aos Brujahs que o seguem. Ele é, afinal, um símbolo importante de resistência na guerra que se inicia. Contudo, se sua confiabilidade estiver manchada por conta de uma aliança tão excusa, nossa pesada mão precisará cair também sobre ele.

- Averiguar a profundidade desta questão caberá a ti, Dázbov. Antes de partir à Roma e ocupar a posição que dispomos para vossa entrada ao Império.


* A voz mais grave e impositiva da esquerda se ergue. As sombras se retraem, como se aquela voz fosse maior que a própria escuridão*


-  Malai, Sangue do meu Sangue, tornou-se um Senador quando deixei as cadeiras daquele pútrido Senado Eterno para observar e agir em um aspecto maior. Há alguns anos ordenei que ele se mantivesse longe da Capital e demonstrasse desinteresse, apatia, deliberadamente. Desta forma criamos uma falsa impressão de impotência ou imperícia por parte de Malai, enquanto ele caminhava livre pelo Império recolhendo valiosas informações, valendo-se de sua posição, para que chegássemos a este ponto. Com isto, dispomos de uma posição dentro do Senado - a estrutura de maior poder dentro do Império dos Romanos - pronta para uma substituição de acordo com nossos interesses.

- Tu serás indicado à substituir meu filho como Senador Eterno e a agir dentro das entranhas da besta, que é a Capital. Percebas que a demanda será de um risco inimaginável.

- O Império, sob a tutela de Juno Prestes, tenta manter a frágil aliança conosco e nos deve cadeiras no Senado. O cheiro do conflito se amplia e a ação de Prestes tem sido acrescentar água fria em um caldeirão em ebulição. Ele o avaliará, o testará, mas não negará a posição por nós indicada. Pois, politicamente, não pode assumir o risco de deflagrar nossa revolta.

- Contudo, a posição fará com que os olhos do Império repousem sobre vós. Deverás ser cauteloso e preciso em vossas ações. As demais posições políticas possíveis o prenderiam a um local ou à um outro cainita e isto não nos interessa, por isso, a maior posição é também a mais estratégica embora seja igualmente arriscada.


* Em seguida, a voz mais branda se fez ouvir*


- Canatos é uma de minhas crias. Ele tem atuado como um informante valioso e um braço deste conselho em uma posição estratégica para o nosso avanço quando o momento chegar. Como Governador Provincial da Macedônia, ele manteve-se na linha tênue entre cumprir suas obrigações para com o Império que representa e realizar os preparativos de nosso futuro levante.


- Contudo, algo aconteceu nas recentes noites. Temo que Canatos tenha sido descoberto, visto que mantinha contato com Dionysius - aquele que nos enviou a missiva que repousa em suas mãos - Todo o contato com meu filho se foi e sua presença não é notada em nenhum lugar. A destruição não é uma possibilidade, pois os meus meios místicos apontam que a fração do meu sangue que ele carrega ainda está intacta. Seu paradeiro continua a ser um mistério.

- Mistério também é o destino da segunda parte desta missiva, assim como o conteúdo que promete ser tão nocivo ao Império Romano.


* A voz mais grave retorna, firme, mas de um modo que expressa muito mais autoridade do que anteriormente*


- Dionysius, o Capadócio que escreveu esta missiva encontrou a morte final através do amaranto cometido por sua própria cria, Appius Galerius Buteo que, ao que parece, está à um passo de adentrar ao Senado Eterno. Tenhas isto em mente, Dázbov - o Branco.

- Daharius Anun-Har Sarosh será enviado para auxiliar teus aliados na caçada à Ta-Urt. Ele aguardará, no entanto, que tu desvendes a profundidade da aliança dela para com Hannibal Barca para que a destrua. A decisão final sobre isto repousa em suas mãos, Dázbov.

- Acerca de tua entrada no Império, terás duas noites para resolver a questão citada quanto a Dama do Deserto e o Brujah e, em seguida, seguirá para Roma e para a cadeira do Senado que o aguardará. Malai tomará todas as providencias cabíveis.


* Além da escuridão, o silêncio preencheu o salão. As silhuetas se mantinham lá, a observar e aguardar a resposta de Dázbov.*
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Sex Abr 27, 2018 11:37 am
Dázbov estava satisfeito com o posicionamento de seu Clã. Os Lasombra entendiam a necessidade de caçar Ta-Urt para que tudo o que havia sido planejado pelo Castelo das Sombras prosseguisse com perfeição. Ouviu atentamente as instruções dos seus anciões, revezando os olhares entre as duas silhuetas sombrias e o trono vazio no centro. Quando eles terminaram, foi a vez do Deus de Ai-Pétri responder.

- Averiguarei a extensão da relação de Hannibal Barca com Ta-Urt, se for do desejo deste Conselho. Temo, porém, as implicações que podem recair sobre a nossa relação com os Filósofos caso nossa fúria recaia sobre seu General. Não obstante, o preço a pagar por uma inação ou temor de um conflito é muito maior então, sim, a relação será esclarecida e informada a este Conselho.

Fez uma breve pausa e então retomou o raciocínio.

- Aceito, igualmente, a indicação deste Conselho para que eu assuma uma cadeira no Senado Eterno. Estou ciente dos perigos que deverei enfrentar para caminhar livremente nas entranhas da Besta. Contudo, penso que a proximidade da sede do poder, ainda que me coloque em evidência, me colocará próximo às raízes do edifício romano. Não tenho ilusões sobre o desconhecimento da minha identidade pelos romanos, contudo. É muito possível que Ta-Urt já tenho descrito às autoridades romanas sobre a minha existência e o que eu represento no Clã da Noite.

Pensou, hesitou e prosseguiu.

- Não obstante isto, eu gostaria que Dázbov, o Deus Branco de Ai-Pétri, jamais ponha seus pés em Roma, em respeito ao seu povo e àqueles que lhe davam sustento e companhia. Por isso, assumirei uma nove identidade. Ainda que minha aparência permaneça a mesma, e que meus inimigos saibam quem sou, não será o Deus de Ai´-Pétri que caminhará sobre Roma.

- Sobre Dyonisius, é necessário que saibamos quem são as pessoas que ele confiava. Eventualmente, a outra parte do pergaminho estará com uma delas.

Olhou para a silhueta de voz branda.

- Sigo, então, para o Egito antes de seguir para Roma. Se há indícios que exponham a relação entre Hannibal e Ta-Urt, eles estarão naquela província. Agradeço a honra de ter sido ouvido, mais uma vez, por este Conselho. Se nada mais houver para me ser dito, desejo partir imediatamente.
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Sex Abr 27, 2018 3:45 pm
* A escuridão se prolonga e se retrai a medida de que o som longínquo das ondas se propaga no chocar-se constante contra o rochedo, dezenas de metros abaixo de seus pés. A voz mais firme, que a esta altura já se fez notar naturalmente autoritária a deliberar sobre os mais simples assuntos, ouve-se novamente*

- Compreendestes perfeitamente a linha tênue e complexa de nossa ação acerca dos Brujah. Ótimo. Nossas relações para com os filósofos já é de uma complexidade ímpar, visto que fomos nós - também - que destruímos sua cidade de sangue e levamos a morte aos Cartaginenses. A necessidade do ato não sobrepuja a dor causada aos que lá viviam.

- Também por isto, não irás ao Egito. Lá a atuação caberá a Sarosh e aos seus aliados. Hannibal e Daharius possuem uma longa rivalidade datada de Cártago e o encontro dos dois é imprudente, embora por vezes se faça necessário.

- Neste caso em específico, tu irás até a Dalmácia. É para lá que Odoacro marcha, acompanhado por Hannibal, para que sacramentem sua aliança na guerra que virá. Aníbal é amargurado, mas é um vampiro de tempos idos. Não lida com subterfúgios ou enganações. Parlamente diretamente com ele acerca de Ta-Urt e descubra a profundidade desta relação. Como dito anteriormente, Sarosh é incapaz de realizar esta função visto a animosidade entre os dois. Creio que suas capacidades diplomáticas serão mais úteis.

* A Voz mais branda se segue*

- Dionysius era um cainita recluso. Esmurecido pela tristeza de ver tudo o que acreditava desmoronar, como alguns de nós também nos tornamos acerca de Roma. Ou ao menos da Roma que forjamos, séculos atrás. Não havia ninguém a quem ele confiasse além de Canatos. Me é estranha, inclusive, a sua relação para com a sua cria mais velha, Appius, que mantinha-se longe da Capital e de seu Senhor.

- Procedas como desejar acerca de sua nova identidade. Confiamos a ti esta tão importante demanda. Nos mantenha informados sobre o progresso, de tempos em tempos e caso seja possível, descubras o paradeiro de Canatos. Pressinto que o destino da segunda parte deste pergaminho enviado por Dionysius está intimamente ligado ao da minha Cria.
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Sáb Abr 28, 2018 5:14 am
Dázbov ouviu atentamente as instruções. Imaginava que o melhor local para obter tais informações seria o Egito mas, diante da observação do Conselho sobre o caráter de Hannibal Barca, concordou que parlamentar com o Brujah seria a melhor solução. Acenou com a cabeça para a voz mais autoritária, indicando concordar com o plano.

Diante das informações dadas pela segunda voz, mais suave, respondeu.

- Ótimo. Para mim estas informações são já bastante valiosas. Após meu encontro com Hannibal e a discussão que se seguirá, informarei imediatamente o Conselho sobre as minhas impressões que nortearão as ações a serem executada. Posteriormente, seguirei de imediato para a Macedônia, onde tentarei encontrar notícias sobre Canatos e sua relação com Dyonisius, na qualidade de seu irmão de Clã. Como eu havia dito anteriormente, estou pronto para partir e atender as deliberações deste Conselho.

Fez uma breve pausa.

- Quanto à minha identidade, peço que este conselho informe às autoridades romanas que o cargo de Senador será ocupado por um cainita de nome Aulus Otavius.


Aguardou uma nova instrução do Conselho. Caso não houvesse nenhuma, estaria pronto para partir.
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