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Regista
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Sex Mar 23, 2018 10:15 am
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Quão grande é a Rússia dos Romanov! E, dentre as joias da coroa imperial, figura a grande Moscou, com suas torres e seus palácios. Moscou é um importante centro cultural europeu, onde música, literatura e política se misturam e de diluem. Dezenas de etnias disputam espaço, a fumaça da indústria começa a tomar o ar e os trabalhadores se organizam em seus partidos e sindicatos. Acima de todos figura o Czar Nicolau II e a família Romanov regentes incontestáveis da Terra Russa.

Sob as sombras, a Moscou dos membros não é muito diversa da sua contraparte diurna. Membros antigos e novos tecem esquemas de poder contra seus oponentes. A hegemonia Ventrue/Toreador, ativa há quase quinhentos anos, é cada vez mais desafiada por Brujah que, embora discordem uns dos outros, se organizam politicamente como nunca antes. A Camarilla de Moscou ainda tem de se preocupar ainda com a histórica dominação dos Tzmisce nas regiões vizinhas e a presença de numerosas tribos lupinas nas fronteiras. É excitante ser um cainita em Moscou, mas é tão perigoso quanto.
Dmitri Bogdanov
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Sáb Mar 24, 2018 11:05 pm
O bar estava novamente cheio. Mais uma vez, muitos operários deixavam as fábricas, após um longo dia de trabalho e paravam no calabouço, um grande bar construído nas entranhas de Moscou, no subsolo de uma fábrica de botas.

O ambiente, embora seja um bar, tem um certo ar de tensão, já que por duas vezes, alguns frequentadores do bar foram presos por conspiração contra o governo. Graças a segurança do local, muitos sovietes passam suas noites ali, conversando e planejando o futuro.

A vodka, de boa qualidade, era servida generosamente aos frequentadores, uma instrução dada aos empregados pelo chefe, Dmitri Stanislav, não por bondade e sim para saber um pouco mais sobre a vida cotidiana de seu povo, que uma vez embreagado, falava mais do que deveria.

Dmitri sempre mantém-se sentado no fundo do bar, observando o movimento e ouvindo as conversas que lhe eram convenientes, e hoje não era diferente. Ele aguardava a chegada daquele que o tirou do torpor, não do sono que acomete muitos dos seus e sim, o torpor da alma, do desejo.

A porta tange ao abrir, a conversa não diminui no bar. Um jovem, aparentando cerca de trinta anos entra, decidido. Ao lado dele, dois homens acompanham seus passos. Escolhem uma mesa e sentam. O jovem, vestido com roupas sóbrias, um sobretudo que lhe parece maior que seu tamanho, cabelos desgrenhados e um óculos redondo, que cobre seus olhos perspicazes, curiosos, que já observavam todo o bar. Os outros dois homens, operários comuns, não chamavam tanto a atenção de Dmitri, que a partir daquele momento, tinha olhos apenas para o idealista, para um representante do povo e um grande jornalista. Enquanto observava o trio conversar, Dmitri aguarda a visita de Valentin Antonov, pois, assim como o trio que Dmitri observa, ele teria grandes decisões a tomar em breve.

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Dom Mar 25, 2018 7:53 am
As conversas eram intensas e o odor de vodca barata empesteava o ar, assim como o perfume dos mortais que tentavam esquecer os problemas, o cansaço e a falta de perspectivas. O sentimento geral, contudo, era de intenso questionamento, e vez ou outras as discussões se tornavam mais inflamadas, situação rapidamente contornada com algumas doses de álcool e abraços fraternos. Risos preenchiam o salão e, ao fundo, se ouvia música tradicional russa.

O inverno havia chegado com força. As ruas estavam cobertas de neve, causando transtornos às carruagens e aos poucos carros que circulavam. A neblina se misturava com a fumaça das fábricas de Moscou, tornando impossível aos transeuntes verem muito adiante em seus caminhos. Havia, acima de tudo, o frio. A única vantagem - para os cainitas, claro - era o ritmo do sol, mais lento. A noite se estendia imensamente, dando aos Membros a possibilidade de passar mais tempo entre os vivos.

Uma lufada de vento despertou Dimitri de suas divagações. O homem que observava erguia o dedo energicamente, falando em um russo veloz e elegante. Sua face estava avermelhada pelo esforço de fazer sua voz sobrepor a balbúrdia. Em pouquíssimo tempo o bar silenciou, somente ele falava. Os frequentadores pareciam hipnotizados, aquiescendo com a cabeça a cada frase, a cada constatação de natureza política. Dimitri gira a face para observar Valentin Antonov enquanto este adentra o bar.

É um homem de estatura média, com um físico aparentemente atlético por baixo do pesado casaco. Os cabelos são bem arrumados e a face expressa uma simpatia estampada em um meio sorriso. As botas estão sujas de lama e neve e Dimitri percebe o esforço feito pelo outro cainita para respirar e manter as aparências. Enquanto se dirige à mesa aos fundos do bar, dirige um breve olhar ao homem que ainda fala com furor. Afasta a cadeira quando se aproxima, sentando-se à mesa de Dimitri e, sem tirar os olhos do homem, exprime suas primeiras palavras.

- É um orador poderoso, não? Como tens passado, camarada Dimitri?
Dmitri Bogdanov
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Dom Mar 25, 2018 9:03 am
Ao ouvir a voz de Antonov, que o tira de sua imersão, Dmitri tira de seu bolso um lenço branco e limpa discretamente as lágrimas que começaram a se formar nos cantos de seus olhos.

_Sim, um orador e tanto. Graças a ele, abandonei uma existência letárgica e vazia. Se ele, jovem, tenta mudar o mudar o mundo, porque eu me dou o direito a inércia? Não, passei tempo demais parado, observando de camarote nosso país afundar na neve e na lama. Agora que os mortais ensaiam uma reação, cabe a mim, digo, cabe a nós agirmos. Está na hora das coisas mudarem. E você foi a primeira pessoa em quem pensei. Apesar de não ter sido a única.

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Dom Mar 25, 2018 11:03 am
Antonov sorri. É um riso de cumplicidade, mas com um ligeiro elemento de tristeza. Seus olhos escuros passeiam pelo bar, pausando em cada um dos frequentadores. O homem que come avidamente num canto. O operário que toca num velho violão uma triste música tribal. Um outro que reza antes de comer enquanto o amigo observa, absorto, um pingente com a foto de um bebê.

- São belos, não são? Magnânimos. São o que nós jamais poderemos ser, não importa quanto tentemos ou nos apeguemos às nossas ilusões.

Antonov termina seu escrutínio olhando novamente para Dimitri. O tom das conversa, lentamente, começa a aumentar à medida em que o homem se levanta e se prepara para sair.

- Não quero parecer um corvo agourento, Dimitri. Mas temo que nosso encontro seja para que eu porte más notícias. Como você sabe, os camaradas Andreiev e Sernenko se encontravam na Alemanha, onde tratavam de assuntos importantes com membros do nosso Clã e observavam como se organizam os trabalhadores do país. A presença deles ali poderia nos trazer elementos interessantes de comparação com a nossa realidade. O fato é: Sernenko retornou, Andreiev não.

Antonov faz uma pausa. O bar está novamente imerso em barulho. Nenhum sinal do agitador que ocupava a mesa vizinha.

- Entramos em contato com nossos irmãos em território alemão e a resposta sobre o ocorrido foi taxativa, embora não surpreendente. O Príncipe Breidenstein, de Berlim, se recusa a liberá-lo. Julga que Andreiev é um espião russo e ameaça condená-lo à Morte Final.

Antonov torce as mãos em sinal de raiva. Ou de nervosismo.

- Discuti o assunto com Mikhailov, solicitando a sua intervenção junto à Príncipe para que exija a extradição de Andreiev. Evidentemente que ele se recusou, afirmando que um eventual posicionamento do Conselho e da Príncipe poderia portar ao agravamento das tensões já existentes entre as duas Cortes.

- Dito isso, meu caro, venho recomendar-lhe cautela. Não é um tempo fácil para a maioria de nós. A Príncipe Ivanenko busca de todas as formas livrar-se da nossa presença incômoda na cidade, ou se absterá de atuar caso nossa não vida esteja em risco. Peço, solenemente, que se você tiver alguma influência sobre Mikhailov ou sobre alguém da corte, interceda em favor do camarada Sernenko. É um cainita justo e dedicado, cujo único pecado é pertencer a uma facção minoritária dentro do nosso Clã.


Última edição por Regista em Dom Mar 25, 2018 12:35 pm, editado 1 vez(es)
Dmitri Bogdanov
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Dom Mar 25, 2018 11:57 am
Dmitri se levanta e olha pela janela o jovem revolucionário se afastando sob a neve, que recomeçara a cair. Com um sorriso igualmente triste, o anfitrião vira-se para Antonov, após ouvir os relatos, que para a pequena fração liderada por Antonov, eram terríveis.

Caminhou  até o balcão,  dispensou seu funcionário "pode ir meu caro Kamenev, vou encerrar por hoje! olhou por toda extensão do bar, para cada rosto cansado, para cada mão calejada, para cada copo vazio sobre a mesa. Aumentou o tom de voz e disse " Por hoje é só pessoal!!! Hora de voltarem para suas casas, descansar! Amanhã será um novo dia. " Ele expandiu a sua presença de tal forma, que todos ali presentes aquiesceram a sugestão do dono do bar e aos poucos, foram partindo para suas casas.

Tanto Dmitri quanto Antonov ficaram em silêncio, até que o ultimo mortal passou pela porta. Com um movimento rápido e incontido, com apenas um soco, ele destruiu a bancada. Tijolos, cimento, madeira e pedras espalharam-se pelo bar. Dmitri abaixou a cabeça, o ódio querendo saltar de seu corpo, a besta sacudindo-se de forma poderosa em seu corpo.

_ Lamento por ele, provavelmente iremos perdê-lo. Tanto ele quanto você, sabiam dos riscos. Dmitri fez uma pausa, olhou nos olhos de Antonov e continuou " Não quero parecer um idealista sonhador meu caro, contudo, as coisas que estás a fazer, só darão certo se houver uma união entre nossos irmãos e isso é impossível, pelo menos por agora. Enquanto Mikhailov for o nosso representante, as coisas não avançarão. Quero lhe fazer uma pergunta. Até onde você vai para salvar seu camarada e segundo, até onde pode ir para levar a cabo seus ideais?. Dmitri senta e observa as fisionomias de Antonov, enquanto aguarda uma resposta.
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Dom Mar 25, 2018 12:44 pm
A fisionomia de Antonov é impassível. Olha para o teto por alguns instantes, antes de voltar-se para Dimitri.

- Para mim você é um incógnita, caro Dimitri. Todos estes anos acima das duas facções me fazem compreender pouco suas motivações. E o seu conhecimento sobre mim, obviamente.

Valentin se levanta e começa a caminhar pelo salão vazio. Ao longe ainda é possível ouvir a algazarra realizada pelos último operários antes de descansar para um outro dia de trabalho pesado.

- Eu irei até o fim para salvar Andreiev. Nossos números são baixos e nossa camaradagem é estreita. Penso que a resistência de Mikhailov em pautar o tema com Maria Ivanenko esteja baseada muito na possibilidade de diminuir nossos números, de calar nossas ideias. Neste cenário, ele está traindo o próprio Clã em nome de uma Príncipe bastarda.

Antonov se alterara. Era possível ver as veias saltadas e os olhos inflamados. Em pouco tempo, porém, se recompôs.

- Eu não quero chegar às últimas consequências, Dimitri, mas irei até elas se necessário. Não desejo sequer conjecturar quais são os interesses de Mikhailov neste cenário. Mas uma coisa é certa: não enfrentando a Corte alemã estaremos dando um sinal de fraqueza que pode voltar-se contra nós em tempo breve.

- Portanto, se eu precisar contestar a posição ocupada por Mikhailov, assim será feito.
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Dom Mar 25, 2018 1:36 pm
  Dmitri caminha por entre as cadeiras e pelos destroços do balcão. Há anos não fica assim, inquieto, cheio de vontade e desejo de agir.

Sobre minhas motivações, tenho pouco a dizer, eu passei cerca de cem anos parado, desde a morte de..._ Há uma pausa desconfortável na fala de Dmitri_ desde a morte de Helen, nas mãos de você sabe quem, que eu não me metia na politica desta cidade. Ainda é algo que me dói, apesar de que menos do que eu desejava. Em Janeiro de 1905, com o levante dos operários, algo brotou em mim e creio que passei tempo demais parado.

Dmitri sentou-se a poucos metros de Antonov, acendeu seu charuto, deu uma longa e profunda tragada e então soltou a fumaça lentamente enquanto falava:

Sobre intervir no caso de seu camarada Sernenko, devo dizer-lhe duas coisas. A primeira, se tens um dever de responsabilidade para com ele faça algo. Segundo, eu não ajo por influencias ou tratados. Normalmente eu vou e faço. Quero realmente te ajudar Antonov. Ajudar a construir uma nova Russia, tanto para nós quanto para os humanos. Quero ajudá-lo com seus camaradas. Quero arrancar do trono aquela criatura e é o que farei em breve, com minhas próprias mãos. O problema desta cidade é que todos estão esperando demais, assim como eu esperei. Vou procurar o primógeno ventrue, creio que ele tem contatos que podem libertar Andreiev, caso ele o faça, darei o meu apoio para que ele deponha a sua senhora. Vou unir o útil ao agradável. Coloco os cães para brigar e ainda libertamos Andreiev. Tens alguma outra sugestão?

Perguntou Dmitri, com um sorriso nos lábios.
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Dom Mar 25, 2018 2:39 pm
Valentin escutava interessado as palavras de Dimitri. Seus olhos pareciam analisar as expressões de seu interlocutor. Quando Dimitri terminou, inevitavelmente com uma pergunta, Antonov se levantou. Chutou alguns pedaços da cadeira quebrada antes de começar.

- Eu discordo de sua posição em apoiar a progênie de Ivanenko. Não se esqueça que Vasily é infinitamente mais competente que sua Senhora. A única coisa que mantém Maria no trono é... a tradição de que ela ocupe o cargo. Mas Vasily não ajudaria em nenhuma hipótese os Brujah: prefere permanecer sob a saia de sua Senhora e, neste aspecto, é um covarde. Um covarde competente, o que o torna perigoso.

Valentin dá uma risada alta o suficiente para romper um pouco da tensão. Aproxima-se de Dimitri, a voz ligeiramente mais baixa.

- Escute, Dimitri. Andreiev mandou-me uma carta antes que os contatos cessassem. E é por causa dela que eu estou aqui. Foi bom ouvir suas opiniões e agora eu acredito que possa compartilhar contigo o conteúdo da missiva. Não será fácil, porém. Mas talvez não seja nenhuma surpresa.

Antonov desabotoa o casaco, retirando um envelope amassado com a mão esquerda. A caligrafia, em cirílico, indica o destinatário, mas não o remetente. Antonov retira a carta, entregando-a enquanto se gira e começa, novamente, a caminhar pelo bar.

"Caro Dimitri.

Confirmo as informações. Nosso homem repassa informações privilegiadas a um emissário alemão, um certo Eric baring-Gould, da família. Documentos em posse. Retornamos imediatamente."
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Dom Mar 25, 2018 3:04 pm
Dmitri amassa com demasiada força o pequeno pedaço de papel. Ele caminha resoluto até a parte de trás de onde era o balcão, abaixa e pega uma barra de ferro. Levando-a vagarosamente, erguendo a barra com uma mão e batendo a barra na outra, ignorando o peso do metal, como se fosse uma simples haste.

Então quer dizer que nosso primógeno está colocando nosso país em risco, numa aliança com o famigerado Eric. Espero que ele tenha informações para nós ou quem sabe, uma forma de libertar Andreiev. Lhe darei um dia para que traga uma resposta sobre o caso, caso contrário, ele não terá escapatória, nem aqui, nem na Alemanha ou em qualquer outro lugar...

Ele começa a caminhar em direção a rua, vira-se para Antonov e finaliza a questão, enquanto caminha em direção a casa de seu representante junto ao principado

E sobre a questão da cria da príncipe, não se preocupe, precisaremos de alguém para culpar pela morte de sua senhora. Além disso, pela tradição, o mais velho governará está cidade. Por sinal, quem é o mais antigo em atividade? Irei resolver nosso pequeno problema agora. Te vejo em breve.

Sob a forte neve que caia, Dmitri se afasta de seu bar, enquanto segura com força o pequeno pedaço de papel em sua mão esquerda, enquanto a direita ainda segura a barra de metal, apoiada em seu ombro...
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Seg Mar 26, 2018 6:34 am
- Você sabe que não pode vencê-lo em um combate físico, não é?

A frase saiu da boca de Antonov enquanto Dimitri exibia a barra de ferro. O visitante havia se levantado, quase que para impedir o outro Brujah de deixar o bar. Entretanto, diante do movimento de DImitri em direção à porta, permaneceu parado.

- O mais velho nesta cidade é Krasnov, Primógenito Toreador. O que não muda muito as coisas. Krasnov é ponderado e razoável mas, ainda assim, um Toreador que estará muito mais preocupado com a manutenção de sues privilégios do que com os problemas da cidade.

Antonov parecia razoavelmente aflito diante da demonstração de raiva de Dimitri.

- Eu não posso lhe impedir de seguir para encontrar Mikhailov, para fazê-lo responder pela situação que estamos vivendo. Você não está sob a minha autoridade, tampouco sob a dele. Talvez isso lhe faça o emissário perfeito para interrogá-lo sobre suas alianças. Mas talvez lhe coloque em uma posição vulnerável. Em todo caso, se ele agir contra você eu lhe garanto que estará agindo contra mim e os meus. É a única garantia que posso lhe dar neste momento, estando nesta posição.

Antonov acompanhava Bogdanov mas parou quando estava diante de sua carruagem, um veículo gasto e antiquado, sem cocheiros. Dimitri percebeu que o Brujah ainda permaneceu parado, por alguns segundos, acompanhando seu movimento enquanto se afastava em direção à escuridão da noite. Depois, subiu ele mesmo na posição do cocheiro e começou a se dirigir à direção oposta.
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Seg Mar 26, 2018 12:24 pm
Diante da constatação de Antonov, Dmitri pára, um pouco depois da carruagem. Ele força a respiração, para assemelhar-se a um mortal. Sua respiração condensa no ar gélido. Parado sob um poste, ele observa Antonov partir em direção contrária. Quando o mesmo desaparece em meio às ruas escuras da capital, ele segue em direção a seu objetivo.

Ele não precisa saber que não posso com ele e, em todo caso, um ataque surpresa é bem efetivo. Além disso, posso ganhar a posição dele, denunciando-o a príncipe... Caralho, posso estar maluco das idéias, contudo, me parece que esse miserável está acomunado com o filhote da príncipe... Pensava Dmitri enquanto caminhava.

Como de costume, Dmitri aguardou por alguns instantes, observando das sombras os mortais que iriam servir de alimento para ele, antes de chegar a casa de seu primógeno, Dmitri tem preferência por malfeitores, criminosos e pessoas de caráter duvidoso, um costume que construiu através dos tempos. E assim como no mundo cainita, não falta no mundo mortal...

Na praça do Czar, um grupo de homens começaram a seguir dois jovens que carregavam mantimentos em direção a saída da cidade. Eles falavam alto, até verem os dois jovens carregando pacotes. Pelas roupas que usavam e pela falta de convicção que andavam nas ruas da cidade, os jovens deveriam ser camponeses. Os homens estreitaram a distância entre eles e os jovens, que tentaram acelerar os passos. Chegando numa rua mais estreita e escura, próximo ao chafariz, que estava com a água congelada, refletindo as luzes distantes dos postes, os homens aceleraram e atacaram os jovens. O mais velho deles, largou os pacotes e correu o mais rápido que pôde, abandonando o outro a sua própria sorte. O outro caiu no chão, sentado sobre a neve que se amontoava na via pública.

Os homens riram grosseiramente, do pavor dos jovens. O que ficou, tremia de medo. Os cinco homens logo o rodearam, cercando-o, para que não fugisse. Eles falaram coisas grosseiras e chutaram os pacotes, rasgando-os e revelando seu conteúdo, alimentos. Mais risadas e empurrões. O garoto estava em pânico e já chorava com as primeiras agressões. Dmitri observou tudo, até que decidiu intervir, quando percebeu que um dos atacantes daria um golpe mais forte.

Graças aos dons, Dmitri se move com bastante velocidade e, antes que os homens percebessem, quatro deles já estavam no chão, inconscientes, a metros de distância do ponto de onde estavam. O que sobrou de pé, o mais violento, tremeu ao ver a figura de Dmitri surgir em sua frente, com os olhos brilhando em tonalidade rubra. O homem pensou em correr, porém, as pernas não obedeceram. Antes que pudesse gritar, uma mão poderosa agarrou-o pelo pescoço. O ar lhe faltou, suas mãos tentavam, em vão, desvencilhar-se daquela figura. Dmitri olhou para o garoto e disse: Vá embora moleque, recolha suas coisas e vá! Sem pestanejar, o garoto partiu, sem nem olhar para trás. Enquanto isso, o homem se debatia, até que suas forças acabaram. Dmitri o olhava friamente, sem se mover um passo. O homem sentiu um vento gélido passar e não sabia distinguir se de fato foi vento ou se foi a sensação de seu sangue o abandonando pelos furos que aquele maldito ser acabara de fazer em seu pescoço. Vagarosamente o mundo passou a ficar mais escuro, até que sem forças, desmaiou. Dmitri larga o homem, inconsciente, encostado na parede de uma casa. Ele ajeitou-se e voltou a caminhar, como se nada tivesse acontecido.

Ele caminhou por mais alguns minutos, e então, chegou finalmente ao seu destino. "TOC TOC"

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Seg Mar 26, 2018 5:14 pm
Os caminhos levaram Dimitri até o distrito de Ljublino, no centro de Moscou. O bairro era bem organizado e limpo, ainda que a neve ocupasse vastas porções da calçada. As casas eram mais ou menos homogêneas, baixas e encardidas da fuligem industrial. Uma casa, porém, se destacava em meio às outras. Era mais alta, com dois andares e em estilo vitoriano. Segundo diziam, estava abandonada há anos, depois que a família que a ocupava imigrara. Dimitri sabia, contudo, que aquele lugar era usado por Mikhailov para suas leituras noturnas. De fato, uma pequena luz estava acesa, indicando a presença do primógeno.

O portão cedeu facilmente à entrada de Dimitri e seus pés esmagaram as ervas daninhas do malcuidado jardim. A porta, entreaberta, deixava ver uma paisagem decadente. Os olhos de Mikhailov deixaram o livro para se concentrar no visitante no exato momento em que este bateu à porta.

Mikhailov se levanta. É um homem de estatura média. Tem uma face jovem e bonita, coroada com grandes olhos azuis. A barba é mal feita e os lábios são finos. Ele sorri, expondo dentes perfeitamente alinhados antes de falar.

- Meu caro Dimitri, a que devo o prazer de sua visita?
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Ter Mar 27, 2018 7:04 am
Dmitri sorri gentilmente para Mikhailov. Num gesto despreocupado, ele deixa a barra de ferro encostada na parede da casa. Ele olha para todos os lados, representando obviamente uma preocupação, para bom observador, nada genuína, e fala num tom baixo, porém, audível o suficiente para o anfitrião:



Qual a reação que a príncipe teria se descobrisse que existe um membro desta cidade, repassando informações para membros de Berlim? O que você acha?

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Ter Mar 27, 2018 8:23 am
Diante do questionamento, Mikhailov fecha o livro que lia. Dimitri observa a capa, uma antiga edição de "O Príncipe", de Maquiavel. O Primógeno deposita o objeto em uma mesa ao lado da poltrona, antes de cruzar as pernas e responder a pergunta.

- Irrelevante. Assim como mais da metade dos cainitas desta cidade, a Príncipe tem negócios com o Império Alemão. As perspectivas econômicas são interessantíssimas, existem inúmeros investidores inclinados a possibilitar a continuidade da industrialização russa.

Konstantin faz uma pausa, como se tivesse se lembrado de algo importante. Em seguida, aponta para uma poltrona vazia próximo à sua.

- Oh, mas sente-se, caro. Tenho a impressão que esta conversa nos tomará algum tempo.

Dimitri senta-se. A poltrona é velha e desconfortável, rangendo sob o peso do cainita.

- Imagino que a sua visita tenha relação com Valentin Antonov e sua contestação à minha posição. Particularmente não entendo seus objetivos e opiniões. Sim, eu tenho negócios com a Alemanha. Dizem respeito ao investimento em minas de carvão localizadas no centro do nosso Império. Não dispomos de discursos suficientes para investir em indústrias e ferrovias. Tenho dialogado com investidores externos, na tentativa de convencê-los a desenvolver essas áreas econômicas. É esse o teor das informações trocadas com o Império Alemão. Não vejo qual o grande problema nisso.

Konstantin se comportava em maneira calma. As palavras saiam lentamente de sua boca, de forma bem articulada, como um professor que precisa ensinar uma criança incapaz. Era uma figura curiosa. Seu rosto sugeria que havia abraçado com menos de vinte e cinco anos. Sua expressão, contudo, era elegante e sofisticada.

- Entendo que existam contestações a esse tipo de atuação. A minha atividade é, contudo, de natureza extremamente privada e de acordo com as inclinações políticas dos governantes mortais, em especial com a do Imperador. Se houver qualquer elemento que justifique a insistente discordância de Antonov, ficarei feliz em escutá-la.

Dmitri Bogdanov
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Ter Mar 27, 2018 9:41 am
Acomodado desconfortavelmente na poltrona, Dmitri analisa as feições de Mikhailov. Apresentando notável surpresa, ele deixa de sorrir, entrelaçando os dedos das mãos, como se estivesse tentando se controlar (apesar de estar muito calmo). Ele respira fundo e, faz uma careta de desagrado.

Meio empoeirado aqui não é? Falou o visitante, sorrindo amarelamente. Sem esperar uma resposta, continuou:

Então, não há mais nada a ser dito, já que a nação está a frente de seus negócios. Apenas por desencargo de consciência, irei ver a príncipe. Dmitri faz uma pausa grave, quase que dramática. Como bem sabes, não falo com a príncipe desde a destruição de Helen. Creio que ela me ouvirá com atenção. Agora, caso ainda queira a discrição, posso ficar calado em troca da liberdade do nosso companheiro de clã, que está sob a custódia dos cainitas de Berlim.

Sem cerimônia, Dmitri levanta da velha poltrona e pergunta:

Devo ir para casa ou para o principado?

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Ter Mar 27, 2018 10:22 am
Konstantin observa atentamente Dmitri enquanto ele apresenta as duas possibilidades. A expressão do Primógeno não se altera, permanecendo calma e contemplativa.

- Então o assunto envolve Andreiev. Espero que você tenha consciência que cada Príncipe é soberano em seus domínios. Isso se aplica especialmente ao Príncipe de Berlim. Um cainita em uma cidade estrangeira, ainda mais nesses tempos difíceis, de polarização, está submetido ao que quer que o Príncipe considere justo. Antonov sabia disso antes de enviar espiões a uma das Cortes mais absolutistas da Europa. São essas as nossas tradições. Eu não me intrometerei nos assuntos de uma Corte estrangeira.

Konstantin se levanta. Seu olhar passeia pela sala enquanto ele se move lentamente para colocar o livro que estava sobre a mesa de volta na prateleira empoeirada.

- Você pode procurar a Príncipe, se desejar. É uma escolha sua. As respostas que eu poderia dar-lhe foram dadas. Como disse à época, lamento pela destruição de sua cria. Mas lamento mais ainda que sua relação com Maria Ivanenko seja reestabelecida por causa de uma fofoca de salão.

Mikhailov se gira em direção à Dmitri.

- É uma pena, porém, que um membro jovem como você seja tão intransigente. As oportunidades de crescimento se apresentam a todos e evitar o crescimento econômico de nosso Império é condenar centenas de milhares de mortais à pobreza e à fome. De qualquer forma, cada individuo tem as suas convicções. As minhas são claras para mim mesmo, caro Dmitri. Espero que as suas sejam o mesmo para você.
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Ter Mar 27, 2018 11:38 am
Dmitri solta uma respiração profunda, como se lamentasse as palavras de Mikhailov. Ele olha uma vez mais para o primógeno, vira-se para a rua e começa a andar decididamente. Enquanto sai pela porta, que ainda estava entreaberta, ele fala reflexivamente, mais para si do que para o outro.

Engraçado, fazer negócios com uma nação que está polarizada à sua... Estranho.

Ele passa pela porta e olha uma última vez para Mikhailov.

Eu tenho sob meu poder, uma última carta enviada por nosso irmão e nela tem contida além das informações escritas, "impressões" que podem ser lidas por alguém competente. Para alguém que está na posição da príncipe, que pode estar sendo vítima de um conluio, é um prato cheio. Passe bem meu caro, já que quem não deve não teme, como deixou bem claro. Ah, para além disso, eu esperava mais de você como representante do clã. Talvez seja a hora de uma mudança nesta cidade. Uma mudança radical, de todas as formas, pois, se o representante do clã se acovarda nestas circunstâncias, imagine em outras...

Tendo dito sua última frase, ele sai, caminhando novamente pelo chão coberto de neve e cinzas. O vento cortante acaricia-lhe o rosto. Com ambas as mãos, ele ajeita seu sobretudo, pára ao lado da parede, pega a barra de ferro e continua a seguir, para onde, nem ele sabia naquele momento.

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Qua Mar 28, 2018 8:55 am
- Proponha, ou dê início, às mudanças que você anseia. Compreenda, entretanto, que todas as ações produzem consequências.

Foi a última sentença dita por Mikhailov antes de se recostar novamente na poltrona e acender um cigarro. Dmitri deixa a residência semiabandonada, caminhando pela rua que dava acesso ao local. A noite é anormalmente fria, mesmo considerando aquela época do ano. Poucos mortais ousavam permanecer fora de casa àquela hora da noite e os únicos que cruzam o caminho de Dmitri são alguns operários deixando o turno noturno.

A barra de ferro ainda repousava em sua mão quando ele passou pela Praça Vermelha e pelas vizinhanças de Kitay-Gorod. Dmitri sabia que era naquela região, em uma imensa residência de arquitetura neoclássica, que Maria Ivanenko recebia os peticionantes. A casa surgiu depois de alguns passos. Tinha uma cor azulada que contrastava belamente com a neve acumulada no telhado e nos jardins. As janelas do primeiro e do segundo andar mostravam luzes acesas, indicando a presença da monarca no local.
Dmitri Bogdanov
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Qua Mar 28, 2018 10:51 am
As palavras de Mikhailov ecoavam na cabeça de Dmitri, enquanto ele caminhava despretensiosamente pelas ruas, até notar onde estava. Decidido a resolver o problema de Antonov, parou na frente da casa de tons azulados. Fechou os olhos. Lembranças invadem-lhe a mente. Ódio. Inconscientemente entorta a barra de ferro e a larga no chão. Mais ódio. Sua visão fica parcialmente vermelha, como se um fino manto carmesim caísse sobre seus olhos. Lágrimas. Em busca de controle, ele segura nas grades, na entrada da casa em questão, respira fundo por algumas vezes, até sentir a calma retornar e o ódio retroceder. Ele passa pelo portão, e pára em frente a porta e pela segunda vez na noite, bate a porta de alguém que ele não queria ver... TOC TOC

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Qua Mar 28, 2018 11:24 am
É uma das servas da Príncipe que abre a grande porta dupla. É uma mulher de baixa estatura, com longos cabelos escuros e olhos esverdeados. Usa um vestido longo, branco, com detalhes dourados. Não faz muitas perguntas. Apenas constata a intenção de Dmitri de encontrar a Príncipe e o escolta, solicitando que espera no átrio.

O local é amplo e bem iluminado, com luzes elétricas espalhadas pelo recinto. Um perfume de flores pode ser sentido no ar e música ecoa nos salões mais internos. As paredes são brancas, assim como o chão, e obras de arte famosas - ou réplicas destas - adornam as paredes. Alguns objetos aparentemente valiosos e antigos repousam em pedestais de mármore róseo. A serva sobre um lance de escadas que presumivelmente conectava o átrio às salas do segundo andar, desaparecendo de vista.

A última vez que Dmitri tinha estado naquele lugar era uma situação dramática. Hellen havia sido destruída, assim como a progênie da Príncipe. Apesar disto, a monarca havia se recusado a investigar o ocorrido, e as relações entre o Brujah e a Ventrue se desgastaram desde então, resumindo-se a encontros casuais quando ocorriam convocações extraordinárias.

Não demorou muito para que a Príncipe surgisse na parte superior do átrio. Era uma mulher belíssima, com longos cabelos ruivos e um corpo bem proporcionado. Usava um vestido branco diáfano, feito de um tecido muito leve. Os olhos eram azuis escuros e emanavam uma superioridade e autoridade não planejadas. Dmitri sabia que, apesar de ser uma Ventrue, Maria Ivanenko era acessível, quase simpática. Do alto ela observou o Brujah durante alguns segundos, antes de dirigir-lhe a palavra. O fez sem ironia e sem segundas intenções, aparentemente seguindo um protocolo.

- Ah, Dmitri Bogdanov. O que posso fazer por você após todos estes anos?
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Qua Mar 28, 2018 12:18 pm
Boa noite majestade! Respondeu Dmitri, num tom neutro. Ele a observou atentamente, enquanto ela ainda estava no alto da escadaria. Ele manteve-se parado, sério, pensando uma última vez nas palavras de Mikhailov.

Já havia me esquecido do seu bom gosto para a arte e a arquitetura. Sorriu. Caminhou lentamente por entre as obras, até se deter na frente da escadaria.

Já que vossa majestade perguntou, vou lhe dizer o que podes fazer por mim. Na verdade, pela minha família, já que meu primógeno não quer fazê-lo, eu vim aqui pedir humildemente. Estamos com um problema diplomático, onde Andreiev está sendo mantido sob custódia, pelo principado berlinense. Gostaria, imensamente, que a senhora intervisse neste caso.



Dmitri afastou-se da escada, parou na frente de uma janela, ficando de costas para a príncipe, e ficou olhando a neve que insistia em cair sobre a cidade.

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Qua Mar 28, 2018 12:39 pm
A Príncipe desce lentamente as escadas que a separavam de Dmitri. Mantém-se em silêncio. Sua beleza é muito mais intensa de perto. Um elemento, contudo, destoa. No lado esquerdo do pescoço há uma cicatriz, como aquela deixada por uma punhalada. Maria parece não fazer esforço para escondê-la. Muito pelo contrário, o vestido leve e decotado deixa a marca plenamente à vista.

- Entendo, Bogdanov. Estava já ciente deste problema e pensava em como intervir, a despeito do desin... da impossibilidade de agir de Mikhailov. A despeito de ser uma decisão soberana da Corte de Berlim, Andreiev é um cainita que está sob a minha autoridade. Tenho grande consideração pelo seu Clã, a despeito das nossas diferenças e discordâncias. Os Brujah são uma pedra fundamental da estrutura Cainita de Moscou.

A Príncipe se aproximou de Dmitri. Era interessante como parecia frágil e inofensiva. Dmitri sabia, contudo, que Maria Ivanenko era uma excelente combatente, tendo presenciado sua atuação, ainda antes da morte de Hellen, contra hordas Tzmisce que ousaram invadir o sagrado solo da Mãe Rússia. Naquele momento, Maria parecia tomada pelo furor da batalha e pela defesa incondicionada do seu território. Quase como uma Joana D'Arc eslava.

- No entanto, não posso deixar Moscou para intervir nessa situação. Posso comunicar-me com Gustav Briedenstein e fazer um apelo. Não imagino, porém, como será sua reação.

A Príncipe pareceu pensar por alguns segundos. Amarrava os longos cabelos ruivos em um coque no alto da cabeça quando tornou a falar.

- Tenho, porém, uma sugestão. Se você aceitar, posso conferir-te um mandado de negociação em meu nome e munido dele você partiria até Berlim. Briedenstein não ousaria aprisionar-te ou fazer-te mal, não com a minha autoridade servindo-te como escudo. Poderia indicar alguém que te acompanhasse, por razões de segurança. O mandado lhe daria plenos poderes para falar em meu nome e negociar a libertação de Ivan Andreiev. O que me diz?
Dmitri Bogdanov
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Qua Mar 28, 2018 2:34 pm
Além de sua beleza, o cheiro que partia de Maria era inebriante. Caso ele fosse um toreador, provavelmente ficaria enfeitiçado pela beleza da monarca. Dmitri não escondeu a curiosidade em observar a cicatriz, tentando recordar se aquela marca existia ali quando a viu pela última vez. Manteve o olhar por um tempo e, tendo ele a noção da grandeza de Maria, desviou o olhar.

Devo dizer-lhe que estou mais do que satisfeito com a sua proposta, entretanto, isso poderia trazer grandes problemas diplomáticos para vossa alteza. Meu desejo agora é o de entrar em Berlim e acabar com quem fez isso com meu irmão de clã. A intenção do meu pedido era vê-la agir pelos seus, assim como nós agimos para defender estas terras. A sua sorte e a de muitos outros governantes é que nós brujah não conseguimos, por enquanto, seguir uma mesma cadeia de pensamentos e ideias. Ainda assim, somos usados como os braços fortes das cidades, apesar de saber bem a capacidade de vossa alteza. O Brujah fez silêncio por alguns instantes, organizando as ideias, pois, estar na frente da príncipe lhe era custoso, já que as memórias vinham e iam. Mordeu a própria língua, sentiu o sabor da vitae e voltou a se concentrar no pedido.

Além disso, existe algo mais que me incomoda e a partir deste ponto de nossa conversa, tens que me garantir que não sairá desta sala. Certeza eu tenho que sabes guardar segredos. O que me diz?

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Qui Mar 29, 2018 8:45 am
Diante das últimas palavras de Dmitri, a Príncipe pareceu expressar algum nível de simpatia.

- Não se preocupe com problemas diplomáticos. Eles chegariam à nossa Corte, cedo ou tarde. Quanto a agir pelos meus, é o que eu tento fazer todas as noites da minha existência. Não é fácil, contudo, em uma cidade rasgada por inúmeras disputas internas. Eu realmente sinto muito pela situação de Andreiev. Farei o que estiver em meu alcance para ajudar-te, Dmitri.


A Ventrue começou a caminhas pelo átrio, convidando o Brujah a juntar-se a ela. Passaram por um pequeno corredor que ligava a entrada a uma pequena sala-biblioteca, pequena e aconchegante, com vastas janelas que permitiam uma visão privilegiada da Praça Vermelha. Sentou-se em uma elegante poltrona de estilo francês, indicando ao Brujah que fechasse a porta antes de se sentar. Enquanto Dmitri fazia o solicitado, serviu duas grandes taças de uma Vitae carmesim.

- Diga-me o que te incomoda. Tens a minha palavra de que o que quer que seja dito permanecerá nesta sala. A menos, evidentemente, que afete Moscou como um todo.

Dirigiu a Dmitri um belíssimo sorriso e esperou.
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