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Arthas Baratheon
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Berlim: Tradição e Modernidade. - Página 2 Empty Re: Berlim: Tradição e Modernidade.

Seg Abr 09, 2018 8:33 am
* A macabra máscara de gás dá lugar aos cabelos loiros, olhos zuis e queixo quadrado ostentado pela figura de baixa estatura, e ainda assim imponente, de Bertrand Fritz. Vestiu-se com a indumentária militar para cerimônias de condecorações ou reuniões da alta cúpula do exército. Era um sobretudo negro a cobrir o traje esverdeado repleto de estrelas em honra ao mérito, além de um cap com aba negra a lhe cobrir os loiros cabelos bem cortados.

A ocasião desta noite exigiria os melhores métodos e protocolos.

Seguiu através do ruidoso elevador até a sua sala e ficou curioso quanto ao currículo e mensagem deixados por Joseph. Após ler os principais manifestos da noite, dirigiu-se até o andar inferior à sua sala onde os homens alimentavam as máquinas com as peças móveis de suas prensas. Não pretendia destinar tempo esta noite para o diálogo com Goebbels, estava focado no encontro de maior relevância que aconteceria em breve. Por isso, deu recado a dois homens que ali trabalhavam, em pontos distintos do processo de produção, de forma a garantir que chegasse como deveria aos ouvidos de seu estimado servo e editor chefe.*


- Diga-o que receberei o rapaz na próxima noite. Desejo que Goebbels esteja presente na ocasião, o recepcione e converse com ele pessoalmente antes da entrevista e forme uma opinião pessoal acerca de seu caráter e competência - ao menos dentro do pequeno espaço de tempo entre a chegada do jovem e a minha disponibilidade para entrevistá-lo. E...

* Observou as peças serem colocadas nas prensas, pelos dois homens alemães em locais separados e repetiu a exata frase à ambos*

- Continue o bom trabalho. Sua dedicação é imprescindível para a construção de uma Alemanha forte e unificada. São suas mãos que começam a construir o futuro, homem!

* Deixou os homens em seus afazeres e retornou ao seu escritório, somente para cumprir a burocracia de todas as noites até que o momento de sua partida rumo ao portão de Brandemburgo se aproxime. Como de costume, chegará pontualmente no horário acordado. Em verdade, poucos minutos mais cedo, visto sua ansiedade.*
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Seg Abr 09, 2018 9:02 am
O tempo parecia se arrastar. Geist leu e releu relatórios e jornais estrangeiros antes que a proximidade do horário do encontro o fizesse se levantar. Um dos funcionários o comunicou que o carro estava pronto. O Fantasma deixou o escritório, mas antes que alcançasse a porta de saída, duas coisas relevantes aconteceram.

A primeira foi a chegada de um segundo funcionário que o entregou um envelope pardo antes de cumprimentá-lo respeitosamente e tornar às suas ocupações. Geist reconheceu imediatamente o modus operandi daqueles funcionários responsáveis por interceptar mensagens relevantes no sistema telegráfico nacional. De fato, dentro, repousava um fac-símile de mensagem, oriunda do Príncipe Gustav Briedenstein e dirigida a Eric Baring-Gould.

"Sua presença é necessária. Esteja aqui antes da meia noite. Emissário russo para tratar do caso Andreiev."

Os detalhes eram desconhecidos a Herr Geist, mas o conteúdo da mensagem atraia sua atenção.

A segunda coisa foi a visão, no último átrio do prédio, de um homem sentado em uma das cadeiras de espera. Era alto, louro e com calmos olhos azuis. Estava, porém, sujo e maltrapilho, e um odor de álcool emanava de sua respiração. Segurava em uma das mãos um pequeno embrulho e na outra uma pasta marrom. Dentro dela, Geist pode ver inúmeros recortes de jornal. O homem parecia devastado, mas mantinha um olhar firme e orgulhoso quando acenou com a cabeça para Bertrand Fritz. O Nosferatu teve a nítida impressão de já tê-lo visto em algum lugar.

O carro esperava do lado de fora. Cruzou as ruas de Berlim com celeridade. Nevava e os alemães prosseguiam para ou deixavam suas atividades laborais, encolhidos diante do vento frio que soprava de forma inclemente. A máquina girou poucas vezes - o Berlim Zeitung estava localizado no centro de Berlim - antes que Geist pudesse ver o imponente Portão de Brandemburgo. O veículo foi estacionado o mais próximo possível do monumento e, ao sair, Herr Geist identificou de imediato a figura alta e elegante de Baring-Gould, que se abrigava sob um guarda chuva escuro.
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Seg Abr 09, 2018 11:26 am
* O Fantasma, na pele de Fritz, caminhou até o homem sentado no Átrio de seu edifício destinado ao Berlim Zeitung. A noite exigia sua presença em outro lugar, mas as tratativas entre verdadeiros alemães deveria ser igualitária, sejam eles membros ou não.

Aproximou-se e com o mecânico sorriso que lhe é característico, estendeu a mão ao homem em cumprimento e prosseguiu com palavras que eram proferidas em tom baixo, mas firme*


- É uma honra recebê-lo no Berlim Zeitung. Sou Bertrand Fritz, também conhecido como Herr Geist pela minha ausência social em Berlim e dedicação exclusiva aos Jornais, que me transformam em um verdadeiro fantasma social dentre os nossos. Em todo lugar e, ao mesmo tempo, em lugar nenhum. Como percebestes no dia que se passou.


* Ignorou completamente o aspecto devastado e o cheiro de álcool que exalava o homem. Sem dúvidas, pagava o preço por sua dedicação a Pátria. Deveria, a apartir de agora, ser melhor tratado pelos serviços prestados e mais ainda, por aqueles ainda a prestar*

- Suas indicações são impressionantes. Devo, contudo, desculpar-me por não poder atendê-lo e conversar com tão dedicado compatriota esta noite. Assuntos políticos me arrastam a outro lugar. Deixo-o, então, aos cuidados de meu Editor Chefe, Joseph Goebbels, que o receberá e providenciará alojamento e tratamento adequado até a próxima noite, quando devo estar livre de tratativas sociais que impedem nossa conversa.


- Espero vê-lo amanhã a noite e espero também que sejas bem acolhido no Zeitung até que possamos trocar novas palavras. Bis Bald, meu amigo.


* Deixou-o, certo de que Goebbels trataria de seus cuidados. Ao chegar aos pés do monumental portão de Brandemburgo e avistar o Herr Gould, caminhou segurando o Cap militar e a ponta do sobretudo que lhe fechava as vestes.*

- Herr Baring-Gould, satisfação em revê-lo.

* Estendeu a mão em cumprimento, mantendo a máscara das mil faces em virtude do ambiente público*
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Seg Abr 09, 2018 3:00 pm
- A satisfação é inteiramente minha, Herr Geist.

O Brujah estampava na face um sorriso franco. Olhou para o Nosferatu e indicou com a mão esquerda um carro afastado do Portão. Caminharam até o veículo, que logo partiu pelas ruas enlameadas de Berlim. O veículo atravessou a zona urbana, relativamente vazia àquela hora da noite. Deixou os limites da cidade depois de vários minutos, adentrando a zona rural. Durante toda a viagem, Geist e Gould conversaram amenidades, descobrindo um sem número de ideias e perspectivas em comum.

Gesit percebeu quando o carro entrou em uma propriedade rural fortemente vigiada. Era um palacete antigo, com um claro estilo alemão bávaro. Os jardins eram bem cuidados e cercados por um muro alto e repleto de seguranças armados. Os portões de metal se abriram para o carro, mas o veículo não se deteve diante da entrada da casa. Ao invés disso, circundou a construção, acessando a parte posterior do imóvel.

Ali os dois cainitas desceram do carro. Gould guiou Geist através de um pequeno bosque. O Nosferatu jurou, por um segundo, ouvir uma melodia de Beethoven. Se viu diante de uma espécie de poço. Ao observar mais atentamente, percebeu que se tratava de uma escadaria circular, escavada na terra de maneira elegante, com colunas de sustentação e detalhes no teto. O local não tinha nenhuma iluminação a não ser aquela da luz da lua. No fundo, no entanto, Geist percebeu a luz amarelada de uma lâmpada elétrica.

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Gould desceu na frente. Os passos dos dois cainitas ecoavam nas paredes antigas repletas de musgos. Agora a melodia era claramente sentida, e vinha da parte inferior do poço. Quando ali chegaram, Geist notou a existência de um pequeno túnel escavado na rocha. No final dele uma pequena porta dupla. Gould bateu, antes de abri-la.

O ambiente não era por nada rústico. As paredes tinham sido aplainadas e pintadas com afrescos elegantes. O local era um só cômodo, vasto, cheio de coisas. Obras de arte, livros, papiros antigos, máquinas do século XIX e do século XX. Um gramofone era a origem da sinfonia. O lugar parecia entulhado de coisas. Mas Geist percebeu, rapidamente, que havia uma ordem ali. Cada coisa estava no seu devido lugar.

De pé, um pouco atrás do gramofone e diante de um divã de cor avermelhada, estava um homem. Era branco como o mármore. Seu corpo era musculoso e régio. Uma barba loura se prolongava do rosto. Os cabelos eram igualmente louros, e lhe caiam sob as costas em tranças longas. Vestia um terno escuro e bem cortado, que o deixava muito elegante. Quando se virou para Geist, o fantasma pode notar os gélidos olhos azuis. E, imediatamente, se lembrar de já ter visto aquele homem. Em um quadro na residência do Príncipe Briedenstein.

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- Herr Geist, você está na presença de Erik Eigermann, o Príncipe Original de Berlim e da Germânia.
Arthas Baratheon
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Seg Abr 09, 2018 7:44 pm
* O diálogo no interior do veículo era satisfatório. Além de notar os traços comuns que uniam o Fantasma ao Brujah, Herr Geist apreciava o ronco alto e compassado do motor daquela máquina que os transportava. Seus olhos se tornaram curiosos e ávidos pelo que viria ao avistar a propriedade rural fortemente protegida. Mas foi ao chegar à grande galeria em espiral que sua percepção começara a ganhar uma nova forma.

A máscara das mil faces desvaneceu conforme descia as escadas, ali não haveria a necessidade de subterfúgios. Afinal, caminhava por um esconderijo feito em pedra e mantido seguro por homens bem armados. Quem quer que ali estivesse, desejava manter-se encoberto pelas sombras da noite, o que lhe trazia algumas ideias e certa excitação.

Somente quando ouviu a sinfonia de Beethoven ao passo dos grandes olhos negros da Máscara de Gás fitarem a luz amarelada da Lâmpada, sorriu. Afinal, não era aquele o retrato claro da dualidade que ele apreciava na noite - e na Alemanha? Tradição e Modernidade. O medievalismo do local iluminado pela tecnologia da eletricidade lhe fazia lembrar o próprio refúgio, embora menor e metálico, era decorado como as casas alemãs de séculos anteriores e isso lhe dava uma impressão rasa daquele que encontrariam ao fim dos degraus.

Divagava até encerrar a descida e vislumbrar o homem próximo ao gramofone. Instintivamente um frio percorreu-lhe a espinha, há muito morta, como se ainda vivo fosse. Havia mais tempo naqueles olhos zuis profundos do que Geist pensara encontrar nesta noite. Após a introdução feita por Baring-Gould, houveram poucos segundos de um silêncio absoluto.

O Fantasma buscava a forma ideal de apresentar-se, ao menos em sua mente, visto que seu corpo mantinha-se imóvel. Decidiu, então, descobrir-se de qualquer disfarce em suas intenções e até mesmo aparência, afinal, não estava o Antigo e Verdadeiro Príncipe de Berlim - Ancestral como é - revelando sua existência e presença sem nenhum véu que o protegesse para o próprio Geist?

Se Erik Eigermann, sendo quem é, revela-se e apresenta-se desta forma, não cabe nada menos ao Nosferatu que demonstrar a sua real natureza - sem as máscaras que carrega há tantos anos - assim como fará com suas palavras e intenções a seguir.

Ergueu as mãos e colocou-as atrás da cabeça, destravou os encaixes aos pés das orelhas que seguiu-se de um sonoro clique e um leve desprender de ar. Segurou a Máscara pelo queixo e a retirou, deixando sua verdadeira face à mostra para que dialogasse com o Príncipe longe de seu esconderijo particular que costumava cobrir o seu rosto.*




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* Sua aparência deformada revelava-se aos presentes. Estava, propositalmente, nú de subterfúgios. Sua face alongada e terminada em dentes afiados e a pele que variava de cinza a esverdeada contrastavam com os dois rubis brilhantes que ocupavam os espaços de seus olhos. Era, de forma macabra, uma face esculpida com entalhes de morte.*


- É uma inestimável honra e, imensa e grata surpresa, conhecê-lo Majestade.


* Como se faria em outrora, colocou uma das mãos no peito e arqueou o corpo em respeito à realeza, em seguida sua voz - não mais abafada pela máscara - ecoou límpida e firme com o sotaque característico da língua germânica falada em perfeição de pronúncia. Apresentou-se, como os velhos costumes e a tradição exige*


- Chamo-me Geist desde que fui trazido à noite por meu Senhor, Mozart Von Löhnhoff e, buscando a recolocação da Germânia em seu lugar de fato e de direito  - acima de qualquer outra nação - posição da qual temos sido arrancados pelos opositores estrangeiros e, me custa afirmar, até mesmo por compatriotas que se deixaram amolecer,  acompanho Herr Baring-Gould até a sua morada em busca de sabedoria e auxílio na empreitada a seguir.

- Devo acrescentar que minha surpresa só é superada por minhas expectativas ao descobrir a sua presença, Majestade.


* Ergueu novamente a cabeça, olhando com seus olhos vermelhos intensos em direção àquelas órbitas azuis cristalinas. Não havia qualquer temor ou dúvida em suas palavras e, menos ainda, em seu olhar. Era palpável a sensação emanada de respeito e...ambição pelo que se seguiria.*
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Ter Abr 10, 2018 5:21 am
Eigermann retirou a agulha que dançava sobre o disco de Beethoven e o silêncio caiu sobre a sala. O velho vampiro caminhou, sem dizer uma palavra, em direção a Geist. Como um animal selvagem que analisava sua presa, caminhou ao redor do Nosferatu, escrutinando-o de alto a baixo, fino a parar diante do Fantasma. A aparência de Geist parecia não afetar Erik. Ele olhava profundamente nos olhos de seu visitante quando falou uma única palavra.

- Guerra.

Permaneceu em silêncio por alguns segundos. Depois, prosseguiu.

- Eu sinto o cheiro de guerra em ti. Sinto também o perfume característico daqueles que vencem as guerras. Você me agrada, Herr Geist.

Erik deu as costas. Caminhou até uma poltrona e acenou com a mão direita para que o Nosferatu se sentasse diante dele. Gould permaneceu de pé e Geist não deixou de notar o olhar respeitoso do Brujah em direção ao Ventrue. Uma coisa rara, realmente.

- Eu me lembro dos tempos antigos. Me lembro de como destruímos o maior Império da história. Eu liderei pessoalmente homens e mulheres em inúmeros ataques à Roma até que ela caísse. Eu me lembro, vagamente, do Sacro Império. Eu dormia, àquela época, mas sonhava. Via através dos olhos de meus filhos, através de seu Sangue. Eu estava de pé quando reinos esparsos se tornaram a Grande Alemanha. Quantos anos foram necessários para alcançar a grandeza? Não me lembro, não os contei. Mas seu que poucas décadas foram o suficiente para cairmos. O que somos hoje, Herr Geist?

O Ventrue respondeu à própria pergunta.

- Somos um povo forte submerso em uma maré de homens fracos. Nos deixamos levar, Herr Geist, pela paz. Não há nada pior do que a paz. Ela destrói os homens, os torna gordos e imóveis, sem honra e sem objetivo. Adquirimos as piores características de nossos vizinhos: a fraqueza inerente dos francos, a estupidez dos anglos a violência sem princípios dos seguidores de Maomé. O que eu tenho a oferecer é nada menos que a grandeza. A Germânia deve ocupar o seu lugar de direito e nós, germânicos, devemos governar toda a Europa, para livrá-la do caos em que se encontra, livrá-la da fraqueza e dos costumes indevidos. Somente o uso da força libertará nosso povo. Somente a nossa força garantirá ao continente uma nova era de glória.

- Até mesmo nós fomos contaminados, Herr Geist. O que é a Camarilla? Em meus sonhos vi também o quanto nós, Filhos de Caim, decaímos. Nossos métodos mudaram e o terror da descoberta ronda nossos corações todas as noites. Quando deixamos de ser lobos para nos tornarmos ovelhas pacíficas? Eu realmente não entendo...

O Ventrue parou de falar. Seus olhos piscaram velozmente, como se uma infinidade de imagens estivessem passando pela sua mente. Voltou a olhar para o Fantasma.

- E você, Herr Geist? O que tens a oferecer à Germânia?
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Ter Abr 10, 2018 9:16 pm
* As palavras daquele ancestral vampiro lhe percorriam os tímpanos como a mais bela das melodias de Ludwig van Beethoven, a Quinta Sinfonia. Sua face deformada e naturalmente maquiavélica ganhava um sorriso ornamentado com as presas salientes e pontiagudas como facas de guerra.

Seus olhos como rubis avermelhados brilhavam intensamente conforme o Ventrue avançava em seu discurso. Inconsciente, os dedos de sua mão esquerda começaram a dedilhar no ar, próximos ao seu peito, enquanto juntava as peças e maquinava planos futuros à luz do dito por aquele vampiro que possuía mais idade do que o Fantasma poderia imaginar.

Segundos de silêncio se seguiram após a pergunta do verdadeiro príncipe da Germânia. Não por desleixo ou dificuldades em responder por parte do Nosferatu, mas porque sua mente vagava nas possibilidades que se apresentavam. Sua voz iniciou o discusar enquanto a mão esquerda permanecia inquieta.*


- A chama que incendiará os corações Germânicos e iniciará a guerra, Majestade. É isto que ofereço, junto com minha própria existência se ela for demandada para garantir que a Germânia ocupe o centro do mundo e o governe, de cima, como deve ser.

* Caminhou, sem qualquer receio ou dúvida, em direção ao gramofone e o analisou deslizando uma das alongadas unhas que lhes compõem os dedos*

- Sim...somos homens fortes mergulhados em um marasmo de fraqueza e debilidade alimentados pela ausência de luta. E mais, ausência de uma causa comum que exija a luta.

- É verdade, Majestade, que se fará necessária uma Guerra contra os vizinhos que nos apertam em suas amarras culturais e econômicas, nos restringindo e nos reduzindo ao que somos hoje. Um Dragão Ancestral aprisionado na existência de um lagarto qualquer.


* Disse, virando-se e encarando aqueles olhos azuis brilhantes de seu interlocutor*

-  No entanto, a primeira das guerras precisa ser vencida em nosso próprio território, Senhor. Estrangeiros, aos montes, caminham em nosso solo e espalham sua fraqueza de caráter, de cultura, sua música podre e até mesmo seu linguajar inapropriado por nosso território. Mesclam-se e geram exemplares cada vez mais débeis que são apenas um pálido reflexo do que o povo Alemão é, ou deveria ser. É deles que precisamos nos livrar primeiro e são eles que precisam compreender seus devidos lugares quando adentrarem ao nosso território.

* Seus olhos avermelhados brilharam mais intensamente*

- Aos nossos pés.

* Continuou, ao passo de sua mão aquietar-se conforme as palavras avançavam, como um tique nervoso a ser controlado lentamente*

- Eu já iniciei esta guerra, Majestade. Tenho Inflamado o coração dos germânicos com uma onda de informações sobre suas origens, seus traços e conquistas e tenho alimentado seu desprezo por aqueles que os enfraquecem e os tiram postos de trabalho e ocupam suas ruas e casas com uma presença indesejada. Não há um único Alemão que não tenha um exemplar do meu informativo diário em suas residências e, posso assegurar, que os feitos já são notados. Homens já se destinam ao meu estabelecimento com o desejo ardente nos olhos de transformar a nossa pátria naquilo que ela foi forjada a ser: überlegen!

* Faz uma pausa, nota que deliberava falar indefinidamente sobre jornais e tecnologias da informação voltadas ao controle das massas com um Vampiro que acostumou-se à espada e ao cavalo. Respeitosamente desviou o assunto, tomando o devido cuidado de manter o contexto para apenas parecer que continuou de onde pretendia*

- Tens razão, Majestade. Transformamo-nos em Ovelhas passivas. A Camarilla possui parte do débito deste processo, mas não pode ser ela a inteira culpada. Afinal, não foi Hardestadt - Oriundo, assim dizem, de terras que compõem a Germânia - que idealizou e unificou os que caminham durante a noite na maior organização de vampiros já vista? Sim...conseguiu ele tê-los em suas mãos e regras por um tempo admirável.

- Ele os controlou, de cima, como nós agora devemos fazer com todos os outros. A Camarilla definha, eu compreendo e atesto. Mas isto também é um reflexo do enfraquecimentos dos nossos e, em especial, daqueles que ocupam posições de liderança na organização.


* Sentenciou. Havia sim um receio após as palavras ditas, mas para um vampiro daquele porte e idade seria inútil ludibriar suas palavras e intenções. Iria em frente, seria direto e assertivo naquilo que acredita em prol de uma Alemanha unificada e forte*


- Com isto, Majestade, e tendo em vista que os inimigos internos precisam ser extirpados antes dos externos eu lhe pergunto respeitosamente: O que será feito com os que lideram a Germânia há anos, através da Camarilla, e nos levaram à situação na qual nos encontramos?


* Questionou, tendo em sua mente a imagem fixa do Príncipe Gustav Breidenstein, descendente daquele mesmo vampiro à sua frente*
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Qua Abr 11, 2018 2:09 pm
Eigermann sorria diante das respostas de Geist. O velho Príncipe continuava sentado, analisando o Nosferatu com a máxima atenção. Ocasionalmente sorria, em outros momentos consentia com a cabeça. Ao final da exposição de Geist, foi a vez do Ventrue falar.

- Estrangeiros. Fico contente que o senhor entenda o papel e o local deles, Herr Geist. Nenhum grande império do mundo foi construído sem o trabalho de homens de fora das fronteiras, e não será o nosso a ser construido dessa forma. Não obstante, concordo com sua exposição. Me agrada que outros cainitas percebam que existe uma ordem no mundo. E que, dentro desta ordem, alguns mortais são mais capazes que outros. É natural que seja assim. É inevitável em todas as criaturas criadas por Deus.

O Ventrue cruzou as pernas. Geist percebia que Erik era extremamente capaz com as palavras, ainda que seu corpo fosse, visivelmente, o corpo de um guerreiro.

- O que você oferece, Herr Geist, tem um valor inestimável. Tenho aprendido sobre o valor da palavra nesta época, e mais ainda das palavras impressas. Que tempo fabuloso é este onde quase todos podem ler! O embrião dos nossos - se posso defini-los assim - ideais acessam cada vez mais corações e mentes. Desde já noto como és um cainita inteligente, capaz de captar o zeitgeist atual.

Só então o Príncipe se levantou. Sua postura mudou, se tornou mais ereta. Geist viu o nascimento de uma autoridade até então escondida sob uma máscara de gentileza.

- Quanto aos que governam Berlim e a Alemanha, Herr Geist, a escolha é muito simples. Minhas progênies deverão alinhar-se com o que eu considero ideal para o Império. Tenho plena consciência que, quando o momento for oportuno, precisarei me revelar. Não tenho ilusões de que esse período será pacifico. Não descarto a possibilidade de uma Guerra Civil.

Se girou em direção a Geist.

- No entanto, não era das cinzas de uma Guerra Civil que as as forças dos Impérios se renovavam? Não será diferente em nosso caso. Nós vamos destruir quem precisar ser destruído, Herr. Geist. E se vampiros fracos e incapazes, meus descendentes inclusos, precisarem pagar com suas não vidas o preço da nossa grandeza, que assim seja.
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Qua Abr 11, 2018 7:47 pm
* Não esboçou grandes reações, embora estivesse plenamente satisfeito com o pensar daquele Rei de outros tempos, que retornava em um momento oportuno e urgente. Havia encontrado a distância segura entre o sentir e expressar ao dialogar com tão antigo vampiro e, assim, continuou.*

- Guerra Civil. Talvez possamos contorná-la com um fato que ocorre, nestas últimas noites, em Berlim. Apesar de desejar as cinzas dos fracos, prefiro acreditar na chama germânica que arde em suas esquecidas almas e que podem ser acesas por um objetivo maior e comum.

* Interrompeu-se, dramaticamente, para destinar seu olhar à Baring-Gould. Não havia comentado nada durante o trajeto, mas possuía ciência da convocação deste pelo príncipe Gustav para tratar do caso Andreiev, assim como da presença do emissário, conforme seus interceptadores o informaram. Ao Nosferatu, nada escapava em Berlim.*

- Talvez vossa Majestade já esteja informado do assim chamado Caso Andreiev. Se não, permita-me elucidá-lo.

- Um espião russo, parte importante da corte de Moscou, caminhou por nossas terras e adentrou à noite de Berlim coletando informações sobre nós. Herr-Gould, sabiamente, indicou ao Príncipe Gustav que deveria apreendê-lo por violar os nossos segredos e invadir o nosso território quebrando certas tradições, como apresentar-se devidamente.

- Onde alguns vêem um problema, eu enxergo a solução. De acordo com minhas fontes, há um emissário Russo para tentar resolver o caso de seu compatriota, cativo na morada do Príncipe.

* Interrompeu-se, uma vez mais, e caminhou pelo salão erguendo uma de suas monstruosas mãos.*

- Vejo dois cursos de ações interessantes. Embora apenas um me agrade.

* Elevou o polegar.*

- Matá-lo. Isto criaria uma tensão imediata em relação aos vampiros de Moscou e, em pouco tempo devido as sanções econômicas e industriais que já ocorrem, seria o estopim para um conflito desenhado. Esta opção eu descartaria completamente, é infrutífera no momento e nos colocaria em disputa com uma nação que tem pouco ou nada a nos oferecer além de gelo e um grupo de Brujahs raivosos e de pouca massa cinzenta.

* Olhou Baring-Gould*

- Sem ofensa, obviamente.

* Ergueu o indicador, mantendo o polegar erguido*


- A segunda e a mais interessante das opções que apresentarei, ao meu ver.

- Negociar a libertação de Andreiev, como um gesto claro do mal-entendido. Aproximar-se dos Russos e manter os cães em suas coleiras, incapazes de tomar qualquer ação contra nós pois não haverá motivo. O que ele acha que sabe, será subvertido e manipulado, de forma que as informações cheguem aos mais importantes de Moscou sob uma ótica que nos interessa.

- Quando digo subvertido, Majestade, conto com vossas habilidades. É notável a habilidade de vossa família em manipular mentes mais fracas. Sendo o senhor quem é, imagino que não haverá outro capaz de notar o que o Senhor poderá fazer com a mente daquele pobre vampiro.

- Sugiro que enfie no mais profundo espaço da mente dele que, no fim, a grande trama que ele tanto teme é arquitetada pelos franceses. Pela patética Corte do Amor de François Villon. Para conferir maior crédito, alguns vampiros de nossa terra - aqueles que nos interessam destruir - precisam ser incorporados à trama Francesa. Os entregaremos, em cinzas, à Corte Russa como prova de boa vontade. Afastemos a Rússia da França e nos aproximemos, industrialmente e comercialmente do povo gelado.

- Os Russos têm muitos homens. Tantas bocas necessitam de alimento e tantos braços seriam úteis em um possível conflito maior que * Seus olhos incandescentes brilharam * pretendemos causar em breve.

- Esta é apenas uma parte do plano. Feito isso, um acidente diplomático precisa ocorrer. Um russo, relevante, precisa morrer e a culpa precisa cair sobre os franceses.


* Sorri, com as presas sobressalentes e desiguais*


- Teremos a suspeita já plantada e uma morte deixada às custas dos franceses. O Sangue quente dos que residem no gelo falará mais alto e, inevitavelmente um conflito se estenderá. Apoiaremos a nossa pátria-irmã, a Rússia, com nossa industria armamentista e homens. Enriqueceremos no processo e destruiremos a França.


- Não encarem este plano como imediatista. É de longo prazo e repleto de pequenas nuances que precisam ser completadas com perfeição. A primeira delas, ainda esta noite.

* Olhou em direção ao Brujah*

- Herr Gould, o senhor foi convidado a receber o emissário russo esta noite, correto? Isto criará a brecha necessária para que vossa Majestade, Erik, possa visitar Andreiev e brincar com a sua mente. Eu posso garantir sua entrada, invisível, no principado.

* Encerrou, era um longo estratagema e cheio de riscos, compreendia. Mas vislumbrava uma possibilidade imensa com as ações que esta noite trariam*
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Sex Abr 13, 2018 6:16 am
Eigermann ouviu calmamente as perspectivas e planos de Geist. O Nosferatu havia encontrado a distância segura para dialogar com o velho Ventrue, mas isso não queria dizer que a situação era confortável. Estar diante de Erik Eigermann era como estar diante de uma imensa represa. Um muro de civilidade e cortesia era a única coisa que impedia que o fluxo de um rio poderoso e incontrolável saltasse à vista. Erik respondeu da mesma forma calma que havia respondido anteriormente.

- Me agrada o teu plano, Herr Geist. Eric, proceda segundo o apenas orientado, considerando a opção que mais satisfaz Herr Geist.

Acenou com a cabeça para Baring-Gould. O Brujah se curvou com respeito e, posteriormente, deixou o salão subterrâneo, fechando a porta. O Ventrue observou a movimentação do Brujah antes de voltar os olhos para Geist.

- Te contarei uma breve história, Herr Geist. Uma vez, existiam dois irmãos, filhos de uma poderosa família. Reinaram sobre vastos territórios, como deuses. Mas discordavam em muitas coisas e essas discordâncias os levaram ao rompimento. O irmão mais velho seguiu para tratar com os inimigos, aliando-se a eles. O mais novo permaneceu em suas terras, suas hostes militares a dilacerar as legiões inimigas. Com o tempo, um terceiro irmão, mais novo surgiu. A ele foi confiado o território do traidor, o qual administrou com muita competência até o dia do seu afastamento forçado do poder.

Eigermann se levantou e trocou o disco no gramofone. Repôs a agulha e, em pouco tempo, a melodia metódica de Carl Maria Von Weber se espalhava pelo ar do salão subterrâneo. Sentou-se uma outra vez.

- Anos se passaram e estes irmãos perceberam que tinham muito mais em comum do que em contrário. Os laços familiares, infelizmente, quando quebrados são difíceis de se recriar. Havia alguma mágoa e alguma fúria, assim como o medo da vingança por mal entendidos que duraram por muitos anos. Assim, cada um destes irmãos escolheu permanecer isolado. Em pouco tempo, os inimigos se amotinaram e destruíram a velha e poderosa família, através de intrigas e falsas acusações. O que restou da poderosa linhagem foram imitações baratas dos grandes irmãos, limitados a serem manipulados eternamente pelos inimigos que, se aproveitando da antiga grandiosidade, passaram a governar os territórios ancestrais da família.

Erik continuava sério. Não expressava nenhum sentimento. Seu rosto severo e antigo era como uma máscara.

- Esses irmãos, velhos e cansados, continuaram por muito tempo. Mas não podiam fazer mais nada. O mais novo de todos nunca teve uma família expressiva, e seu reino foi usurpado por invasores. O traidor desapareceu, seus descendentes, os mais fracos de todos, se submeteram a outras famílias. O mais velho gerou uma descendência forte e capaz, mas que esqueceu os antigos preceitos e os antigos caminhos.

Eigermann se inclinou na cadeira, em direção ao Nosferatu.

- Agora, escolha um dos irmãos e se coloque em seu lugar. O que você faria para reunir a família e levá-la, umas vez mais, à glória de outrora?
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Sex Abr 13, 2018 7:33 am
* O Nosferatu sabia que aquela criatura poderia, em um piscar de olhos, transformá-lo em cinzas por uma só palavra dita fora do lugar. Mas não valeria o risco se as mesmas palavras destruíssem o muro e fizessem o rio correr desenfreado e, com sua imensurável força, varrer todos os inimigos da nação e neste mesmo fluxo limpar a mácula e a fraqueza que mancharam os alemães através dos últimos anos?

Para o Fantasma, sim.

Ouviu a história e posicionou-se, da forma que a compreendeu*


- Majestade, eu não sou um líder.

* Seus olhos em vermelho rubi contrastavam com o ambiente levemente escuro do subterrâneo e a luz alaranjada da lâmpada elétrica*

- Nunca liderei homens ou conheci seus anseios e os inflamei na tomada de territórios. Este tão honrado e importante papel jamais me coube e minha inexperiência em tal ação me faz enxergar o conto de forma pragmática, à luz daquilo que compreendo.


* Sua forma de falar era metódica e mecânica, prosseguiu*


- Se fosse o Irmão mais Velho,  ao trair  a minha família tempos atrás, eu teria destruído o meu irmão mais novo. Com isto garantiria que os meus descendentes fossem a imagem e semelhança dos meus ideais e não se tornassem divididos por ideias divergentes e equivocadas dentro da família.

- Se fosse eu o irmão do meio, que seria o mais novo ao tempo da traição, teria marchado com força e decisão para destruir o Mais Velho e fazê-lo pagar por sua traição. Não haveria divisões na família, por consequência, independente do vencedor do conflito.

- Se fosse o mais jovem de todos, aquele ao qual teve o território usurpado, faria alianças e construiria uma nova família destruindo os que não fossem capazes e selecionando os hábeis.


* Interrompeu-se por alguns segundos e concluiu*

- Como eu havia dito, Majestade, não sou um líder. Sou um homem de ideais e convições...

* Seus rubros olhos brilharam*

- O Ideal,  tem mais valor e peso que o sangue da família, em meus preceitos.

* Retirou um relógio dourado de bolso de seu sobretudo negro e comentou*

- Se procederemos com o plano, Majestade, devemos dar vantagem de poucos minutos à Herr Baring-Gould e, aproveitando a brecha criada por ele, ir até o principado para que o Senhor possa manipular a mente de Andreiev.
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Sex Abr 13, 2018 11:51 am
Eigermann ouviu atentamente a resposta de Geist. Um sorriso precedeu sua resposta. O Ventrue se tornava mais ameaçador quando sorria, dado que era uma expressão com a qual não parecia estar acostumado.

- É melhor que aprendas a ser um líder, Herr Geist. Eu não preciso de homens cegos, que saibam apenas obedecer ordens. Eu preciso de homens de confiança que sejam capazes de liderar quando o tempo assim exigir.

Recostou-se na cadeira. Juntou as duas mãos, entrelaçando os dedos e apoiando o queixo quadrado sobre eles.

- Adicionalmente, eu preciso de alguém de confiança que possa fazer uma breve viagem em meu nome nos próximos dias. O assunto é urgente. Acredito que você seja este homem, Herr Geist, e pretendo colocar à prova não só as suas capacidades de fazer guerra mas também suas habilidades diplomáticas e de negociação. Diga-me, alguma vez já visitou Constantinopla?

O Ventrue se levantou da poltrona. Deu alguns passos antes de se virar para o Fantasma.

- Quando ao espião, não se preocupe, não há absolutamente necessidade de ir até a casa de meu descendente. Tudo o que faço posso fazer sem deixar, ao menos por enquanto, o conforto do meu refúgio.

Erik Eigermann fechou os olhos, estando ainda de pé. Geist percebeu que o velho Ventrue parecia uma estátua, imóvel, no meio do salão. Permaneceu assim durante alguns minutos. A única alteração foi em um único momento: seu pomo de Adão se mexia, como se Eigermann estivesse pronunciando algo que Geist não conseguia ouvir. Posteriormente, abriu os olhos e encarou o Nosferatu. Talvez não tenha sido a intenção de Erik, mas a Besta de Geist se encolheu, instintivamente. O Velho Príncipe se sentou mais uma vez antes de falar.

- Está feito, Herr Geist.
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Sex Abr 13, 2018 1:57 pm
* O Nosferatu impressionou-se com as habilidades do Matusalém. Não por duvidas de suas capacidades, mas pelo simples fato de que em seus parcos cento e cinquenta anos, talvez menos, jamais ter presenciado tamanha demonstração de poder. Acessar e manipular uma mente com presteza e velocidade e  a uma distância considerável. O fantasma percebia o quão cauteloso teria que ser ao lidar com tamanha criatura.

Ouviu sobre...Constantinopla, e o respondeu*



- De fato, Majestade, creio que aprendizados interessantíssimos se darão nas próximas noites. Contudo, possuo minha própria forma de influenciar os homens e conduzir meus ideais para que sejam concretizados. A liderança, quando a adquirir experimentalmente, me servirá como mais uma ferramenta neste propósito.

- Não preocupe-se, sou deformado de muitas formas, mas minha visão costuma alçar vôos altos e precisos.

- Quanto a Constantinopla, fiz uma visita durante as Guerras Prussianas, travadas recentemente. Mas minha passagem foi breve. Nestas noites, Majestade, o local é um centro do Império dos Otomanos. Sua capital é chamada de Istambul.


* Sua curiosidade o atiçou e, induzido por seus próprios planos, questionou*

- Quanto a mente do Espião, Herr Eigermann, quais dos vampiros de Berlim foram incluídos na suposta trama francesa? Eu tinha algumas sugestões...mas a sua incrível habilidade me deixou sem palavras.
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Sáb Abr 14, 2018 6:56 am
Eigermann sorriu diante do questionamento de Herr Geist. Seus olhos azuis brilhavam como o mar do Norte.

- Estou satisfeito que esteja dispostos a fazer esforços, a desenvolver traços do seu caráter para o bem do Império, Herr Geist. Isso inclui, no meu parecer, uma dedicação em aprender a sutil arte de influenciar corações e mentes. Veja, pouco do que acontece em Berlim escapa à minha visão. Eu sei o que se passa nesta cidade. Sei o que se passou. É o meu Sangue quem me informa sobre os passos dados por meus descendentes. E é o meu Sangue que decidiu que Gustav Briedenstein é um vampiro fraco e incapaz, ainda que tenha cometido o Amaranto sobre uma de minhas mais amadas crias, Ilse.

Geist sentiu uma centelha de fúria, como se o muro da represa estivesse prestes a se romper.

- Briedenstein acredita que o Império deva negociar com as potências europeias, submetendo-se aos seus caprichos. Sua progênie, Wilhelm Waldburg, ainda que mais jovem, é muito mais capaz e eficiente e, de fato, é um nosso companheiro de ideias. Os planos que desacreditarão Briedenstein já estavam em andamento antes que você chegasse a mim. Sua presença é a coroação dos nossos esforços. Briedenstein cairá, em breve, e Ilse será vingada. Waldburg será conduzido ao poder, em uma espécie de transição, apoiado por um outro nosso confederado, Stephan Lutz, até que eu julgue que é chegado o momento para o meu retorno.

- Os russos serão informados, conforme sugerido por ti, de que Briedenstein aprisionou Andreiev em razão de ele ter descoberto suas relações com a França. De que, a longo prazo, os dois países se oporiam ao Império Russo. As cinzas de Gustav Briedenstein serão entregues pessoalmente por Andreiev à Corte de Moscou. O que poderia ser mais eficiente, como prova de boa vontade, do que as cinzas de um dos maiores Príncipes da Europa? A mensagem chegará, também, até a fraca Camarilla: a Torre de Marfim não é inviolável.

Eigermann se inclinou em direção a Geist.

- Evidentemente concordo com o senhor. O Emissário russo precisa morrer.

Se recostou novamente na poltrona. Geist percebeu que, quando desejava dar ênfase em relação a uma ordem ou instrução, Erik se movia em direção ao interlocutor.

- Adicionalmente, de ti, desejo o cumprimento de uma tarefa. Viaje até Constantinopla. Ali, incógnito aos olhos dos cainitas daquela cidade, repousa meu irmão do meio, Antiorix. Na condição de meu emissário, deverás negociar com ele. Seu entendimento de política atual é maior que o meu, prenda em consideração o que significa o Império Otomano. Se nos é interessante que os Otomanos participem ativamente da guerra, ótimo. Caso contrário, mantê-los em situação de neutralidade é essencial. Suas palavras bem articuladas seriam capaz de cumprir esta tarefa, Herr Geist?

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Sáb Abr 14, 2018 9:30 am
* Ouviu as palavras do ancestral vampiro à sua frente e atestou, em um rápido raciocínio sobre suas recentes ações, que aquele Ventrue movia peças do grande tabuleiro destes últimos anos há muito mais tempo do que o Fantasma mexia com os corações  e mentes dos germânicos. Era, contudo, apesar de toda a idade e poder, ainda precipitado. Antes de tocar neste viés, o respondeu*

- Será feito, Majestade. Partirei na próxima noite.

* Buscou as palavras, era preciso ser cuidadoso e preciso*

- Quanto ao Emissário, creio que um atentado à sua vida precisa ocorrer, de fato. Contudo, é absolutamente necessário que a culpa pelo atentado recaia sobre os franceses. Uma tentativa falha de assassinar o emissário e todo o plano se esvai. E, penso inclusive que...

* Sorriu, maliciosamente, por trás das presas sobressalentes*

- A sobrevivência ao atentado tornará o Emissário mais útil do que se fosse convertido à cinzas. Acompanhe-me, Majestade.

- Se assassinos o atacam e Barin-Gould o auxilia os destruindo, o Emissário terá todos os motivos para crer em Herr Gould e dever-lhe a vida, cessando qualquer desconfiança e abrindo as portas para que Andreiev retorne à Moscou com as cinzas de Gustav e as palavras que confirmam a França como o verdadeiro opositor Russo.

- Imagino que sejas possível providenciar o atentado e avisar Herr Baring-Gould do curso de ação a ser tomado, à distância, de forma tão impressionante quanto aquela que acabaras de realizar, Majestade. Isto, é claro, se atestar que meu plano possui a funcionalidade que eu acredito que tenha.
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Seg Abr 16, 2018 4:07 am
Erik Eigermann continuou sentado. Pareceu ponderar rapidamente sobre as palavras de Herr Geist antes de se pronunciar.

- Compreendo as nuances do seu pensamento, Herr Geist, e considero-as pertinentes. Contudo, a despeito do que comumente imaginamos, os Brujah não são um Clã de estúpidos. Tal Emissário já colheu algumas informações e, possivelmente, já começou a juntar as peças do seu quebra cabeça pessoal. Subjugar a inteligência dos Filósofos é um erro bastante comum. No entanto, procederemos como foi sugerido por ti. Veremos o quanto suas percepções podem se tornar verdadeiras e o quanto suas sugestões nos serão... úteis.

O Ventrue sorriu. Havia um elemento de desafio em suas palavras. Não era como se não confiasse em Geist, mas como se fosse importante colocar a prova as ideias do Nosferatu.

- Informarei imediatamente Herr Baring-Gould, não se preocupe.

Apesar das palavras, Erik não pareceu concentrar-se. Continuou conversando com Geist.

- Quanto à Constantinopla, fico agraciado pela sua disponibilidade. Se me permites, colocarei em ti uma mensagem gatilho. Assim que a sua consciência adentrar a cidade, meu irmão sentirá a mensagem e será forçado a parlamentar com o Senhor. Seria um problema se eu acessasse as camadas mais superficiais da sua mente?
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Seg Abr 16, 2018 6:41 am
* Caminhou pelo salão de pedra, observando a decoração, enquanto falava*

- Sim, Majestade. Eu não cometeria a falha de subjulgar as capacidades dos Brujah, tanto que estou trabalhando para usá-los em um breve futuro ao invés de tentar esmagá-los como baratas. Usar de suas ações passionais, no entanto, é um dever estratégico que nos cabe.

- Vejas, o que o Emissário acha que sabe cairá por terra quando um atentado contra a sua vida for realizado e Herr-Gould o salvar. O vampiro que supostamente é responsável pela prisão de Andreiev e um pilar da conspiração o salvando? Após um encontro com Andreiev? Ele saberá, neste exato momento, que as coisas não são tão simples quanto ele imagina.

* Seus olhos em rubi vermelhos e profundos se voltaram contra Eigermann*

- Todo  plano, contudo, depende da presteza daqueles que o executam. É absolutamente necessário que o atentado seja figurado para que a culpa caia sobre os Franceses. Os assassinos podem falar sua língua, ou portar seu símbolo. De uma form ou de outra, o Emissário precisa saber que foi atacado por franceses, em solo alemão, e salvo por Herr Baring-Gould.

* Ao ouvir sobre o gatilho, não se demorou em responder. Sabia o Nosferatu que sacrifícios seriam necessários e, não tinha ele mesmo dito no início do encontro que daria a própria existência para que a Alemanha voltasse a estar no topo do mundo? Considerou, no entanto, uma vez que o procedimento seria por demais invasivo*

- Tens minha permissão, Majestade, para colocar o gatilho adequado. Advirto apenas para que se mantenhas na superficialidade, pois eu serei muito mais útil em meu livre pensar do que atado às amarras de vossas poderosas habilidades que fogem, inclusive, à minha total compreensão. O que prejudicaria o avanço Alemão, a longo prazo.

E, se me permite perguntar, Majestade, qual a identidade de vosso irmão mais velho, aquele que o traiu e se aliou aos inimigos em tão passados tempos? Para nós, jogadores, as cartas precisam estar na mesa.
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Seg Abr 16, 2018 3:11 pm
Eigermann não respondeu de imediato. Levantou-se da poltrona e aproximou-se de Geist como um animal que se prepara para o bote. Sua expressão era calma mas, ainda sim, Geist sentia o peso da presença do Matusalém. Sem nenhuma cerimônia, o Ventrue tocou com a ponta de dois dedos a testa de Geist. Permaneceu nesta posição por cerca de dez segundos. Depois se afastou. Nada em Geist parecia alterado. O Nosferatu sequer sentiu o poder da mente do Matusalém a insinuar-se contra a sua. Era como se nada houvesse acontecido.

Erik tornou a sentar-se. Sorriu e respondeu a pergunta de Gesit.

- Antiorix, o Galo, que passou ao lado de Roma há milênio atrás, atraído pela beleza de um outro cainita. Passou a chamar-se Antonius e abandonou a Gália à própria sorte. As tribos residentes foram, então, esmagadas pelos romanos e a Gália se tornou uma província do Império. Posteriormente Antonius transferiu-se para Bizâncio, numa tentativa de escapar da minha ira. Ali foi traído por suas progênies quem por sua vez, se enganaram ao achar que o tinham destruído.

Fez uma pausa, seguida de uma expressão curiosamente mortal.

- Hoje os tempos são outros. Perdoei meu irmão. Não por entender o que ele fez à época, jamais entenderei. Mas os caminhos que nossa raça toma são caminhos tortuosos, e a intervenção dos mais capazes é necessária. Além disso, precisamos dos Otomanos na guerra que virá, assim como eles precisam de nós. E é exatamente por isso que preciso que você parta o mais rápido possível para Constantinopla, Herr Geist. Sinto que algo de perigoso ronda o meu irmão.
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Ter Abr 17, 2018 7:38 am
* Patético.

Um vampiro de tamanha envergadura convertido em um ser reduzido e dobrado por sentimentalismo barato acerca de sua família. O fantasma sentia-se incomodado por sua falha inicial ao avaliar o caráter daquele Ventrue. Acreditou, por alguns momentos, que ele seria um aliado de suma importância na construção de uma Alemã soberana e forte. Notou, ao fim da conversa, que as inclinações daquele ser giravam em torno de seu sangue, talvez até mais do que em torno da Germânia. Inaceitável.

Ainda sim, eram dois vampiros de imensurável poder que estavam dispostos no tabuleiro. Eigermann e seu irmão, Antiorix. Enganou-se ao encará-los como jogadores iguais, mas convenceu-se de que não passam de peças a serem movidas no verdadeiro jogo que se inicia e, assim como acabara de fazer com o plano envolvendo o emissário russo e Andreiev, Geist os usaria e os moveria conforme beneficiasse os interesses alemães.

Limitou-se em resposta.*


- Sim, Majestade. Será feito. Os Otomanos serão úteis.

* Começou a deixar o salão e se nada mais for dito, seguirá até o carro e, ofuscado, sairá daquelas terras rumo ao Berlim Zeitung para organizar sua viagem da próxima noite*
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Qui Abr 19, 2018 2:35 pm
Erik Eigermann observou enquanto Geist deixava o local. Prostrado naquela poltrona, o velho vampiro parecia inofensivo. O Ventrue não expressou mais nada, limitou-se a observar cada um dos movimentos do Nosferatu, imóvel como uma estátua. Inclinou a cabeça levemente, sem desviar os olhos dos de Geist.

O retorno ao Berlim Zeitung foi breve. Baring-Gould havia sido cortês o suficiente de deixar o automóvel à disposição de Geist. O carro cortou as ruas de Berlim, ainda enlameadas e cheias de neve, deixando Geist diante da redação de seu jornal. Passava das uma da manhã. Assim que adentrou o prédio, viu que o homem permanecia ali. Novamente ele cumprimentou o Nosferatu, enquanto bebia o conteúdo de uma xícara de metal.

Foi Goebbels quem se aproximou, velozmente, de Geist. Olhou para o homem antes de se dirigir ao seu benfeitor. Prestou continência.

- Ele insistiu em esperar o senhor. Há algo que eu possa fazer por ti esta noite?
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Sex Abr 20, 2018 8:24 pm
* Havia um certo alívio em deixar a presença do antigo vampiro Eigermann. Aqueles olhos e o peso do tempo que eles carregam pressionavam sua besta interior à níveis perigosos e incômodos. Seria uma necessidade e um desafio jogar com tais pesadas peças nas próximas noites. O Rei, Erik e o Bispo, Antiorix. O Nosferatu sorriu, sozinho, durante o retorno ao Berlim Zeitung.

Ao chegar, já devidamente "vestido" com a pele de Bertrand Fritz, qual não foi a surpresa ao encontrar o homem que portava tantos méritos e indicações. Isto o satisfez. Apesar de ter deixado ordens expressas para que Goebbels cuidasse do alojamento e conforto daquele homem, ele decidiu permanecer e esperar. Obstinação e foco? Talvez. O Fantasma averiguaria as reais inclinações daquele alemão, embora sua persistência tenha sido notada e apreciada.

Antes de se dirigir ao homem, respondeu a Goebbels*


- Providencie o melhor de nossa culinária e bebida e faça com que sejam servidos em minha sala, o mais breve possível. Além disso, preciso que organize uma viagem para a próxima noite, na qual irei sozinho. Após conversar com o homem que me aguarda, tão pacientemente, vá até o meu escritório e eu lhe darei maiores detalhes, meu caro Joseph.

* Caminhou em direção ao maltrapilho alemão que o aguardava e, sem qualquer cerimônia, estendeu-lhe a mão em cumprimento*


- Sejas bem-vindo ao Berlim Zeitung. Por favor, acompanhe-me até o meu escritório.


* Caminhou por entre as máquinas a vapor, esperando que o homem o acompanhasse. Sentia o cheiro das tintas e do papel e aquilo acalmava sua besta que estava excitada e exaltada pela presença já distante de Eigermann e suas lamúrias sobre família e irmãos perdidos. Ao chegar no escritório, indicou a cadeira à frente de sua mesa para que o visitante se sentasse, pegou um cachimbo de madeira de lei e nele depositou auchen finamore, produzido nos campos alemães e o ofereceu ao homem, indicando um isqueiro na ponta da mesa, apropriadamente longe de sua cadeira.*


- Sabe, meu caro, o Finamore é o melhor dos tabacos europeus. Não somente porque é produzido em nossas terras, mas porque exige um certo cuidado em sua apreciação. É necessário que se trague devagar, cautelosamente, apreciando o sabor e impedindo que o forte traço que lhe é característico embargue a língua e gere desconforto.

- Exatamente igual à sua paciência ao me esperar. Saibas que assuntos urgentes me destacaram do Zeitung durante o dia e noite de hoje, mas que o recebo com expectativas e uma certa curiosidade.


* Sorriu e buscou os papéis com o currículo do homem, somente para notar algo curioso*


. Ah, me dei conta de que apesar de tantas fascinantes indicações, ainda não sei vosso nome. Herr...

* Deu espaço para que o homem falasse*

- Diga-me, o que alguém que já fez tanto pela Alemanha, desde arriscar-se em espionagens nas ilhas britânicas até atuar como gabaritado jornalista, busca no Berlim Zeitung? Seus olhos indicam-me que não pretendes apenas um lugar nas prensas, se o for, seria uma decepção para mim.
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Sáb Abr 21, 2018 6:26 am
O homem seguiu Geist sem questionar, mas também sem expressar nenhuma palavra. Goebbels se retirou para seguir as ordens de seu mestre enquanto ambos seguiam para o escritório. Geist não pode deixar de notar que, mesmo em uma situação econômica visivelmente difícil, o homem mantinha uma altivez e elegância digna dos verdadeiros germânicos. Seus olhos passearam pelas prensas, observando as atividades noturnas do Berlim Zeitung.

Diante do tabaco, recusou. Era abstêmio. Segundo ele, as drogas em geral empobreciam o julgamento e a capacidade de análise. Agradeceu a oferta de Geist antes de começar a apresentar-se.

- Eu me chamo Irvin Buggraff, Herr Fritz, e é um prazer conhecê-lo pessoalmente. Sim, estive em diversos países europeus, trabalhando para o governo alemão em situações de transmissão de informações confidenciais. Atuei por muitos anos, servindo o país como meu pai antes de mim, até cair em desgraça.

Ajeitou-se na cadeira. Seu olhar era firme, sem vacilações.

- Em certo momento das minhas investigações, encontrei informações referentes a um homem, e de como ele negociava constantemente com britânicos, cedendo a estes o controle de parte de nossas atividades econômicas, ameaçando a nossa soberania nacional no processo. Infelizmente este homem é muito influente e poderoso, e o nome de minha família foi desacreditado. Fui reduzido a nada, Herr Fritz, mas minhas convicções continuaram inabaláveis.

Fez uma pausa. Parecia estar prestes a revelar um grande segredo.

- O senhor pode chamar de obsessão, mas eu acompanhei os passos deste homem. Não penso que Herr Fritz acreditará no que estou prestes a dizer. Parecerão palavras de um homem louco. Tenho motivos, porém, para crer que este homem não é o que diz ser. Não há registros civis sobre ele. Assume uma postura reclusa, jamais sendo visto durante o dia. É como se não existisse. Não obstante, detém uma autoridade absurda sobre nossos governantes e, quando o momento chegar, usará dela para submeter a Alemanha aos interesses britânicos. Há algo de sobrenatural nele, Herr Fritz, que ameaça todo o país. Disso não tenho provas, porém. As únicas provas das quais disponho, e que estão escondidas a sete chaves, são as do seu envolvimento com os britânicos.

Olhou Geist nos olhos.

- E é por isso que estou aqui. Após muito pensar percebi que o futuro do país depende da eliminação deste homem, que atende pelo nome de Gustav Briedenstein.

Apenas havia sido mencionado o nome do Príncipe, Goebbels adentrou a sala. Prestou continência, como de costume, e deixou dois papeis diante de Geist. Saiu da sala em seguida, sem dizer uma palavra.

O primeiro papel era uma das interceptações telegráficas. "Sou prisioneiro em Paris. Isabel estava associada ao Sabá. Emboscada contra os emissários de Villon. WW"

O segundo, era uma carta mais ou menos padronizada. Nela, o Príncipe convocava sua corte para uma reunião às 22 horas do dia seguinte.
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Sáb Abr 21, 2018 3:23 pm
* O Fantasma ouviu o relato daquele homem com curiosidade. Tentava manter a face imutável, embora sentisse vontade de sorrir. Ao fim de suas palavras, iniciou o seu próprio discurso*

- Um homem promissor, um verdadeiro Alemão, reduzido à cinzas por um impostor que domina nossas terras. Não és um louco, Herr Buggraff, és apenas mais um dentre tantos que tiveram o mesmo destino sob o julgo de Gustav Briedenstein.

* Empurrou a carta de convocação da corte, por parte do Príncipe, em direção ao mortal propositalmente.*

- Sim, ele é um monstro. Um monstro político e mortal para as pretensões alemãs. Luto contra as suas deliberações e suas tratativas absurdas com os estrangeiros como posso. Ou melhor, de forma sutil até esta noite. Tenho lutado com palavras, mas aparentemente somente ações levarão à uma mudança de curso em nossas terras.

* Levantou-se, indicou que Goebbels deveria permanecer no escritório enquanto discursasse*

- Tens nos olhos, Herr Buggraff, a chama acesa que eu tento inflamar nos corações alemães, através de meus jornais, que se tornaram passivos e submissos. Muito de nossa decadência é culpa de  Briedenstein.

* Enquanto discursava, o Nosferatu olhou seu relógio. Para que o Príncipe convocasse a corte, significava expressamente que Erik, o matusalém, não havia cumprido sua parte no plano de transformá-lo em cinzas para que pudesse ser entregue aos Russos. Isso poderia implicar que as outras partes do plano também não tivessem sido cumpridas. Surpresa? Nenhuma. Eigermann já havia se mostrado um patético sentimental e Gould, apesar de seu discurso, ainda não havia provado sua utilidade. Se este fosse o caso, comparecer à reunião da próxima noite colocaria sua própria existência em risco.

E mais importante que isso, o seu sonho de construção de uma Alemanha soberana se esvairia junto às suas cinzas.

Havia, contudo, uma oportunidade interessante a ser aproveitada. Andreiev e o príncipe estavam confinados no principado. Olhou aquele homem à sua frente e continuou*


- Me pergunto, Herr Buggraff, se estás disposto a transformar minhas palavras em ação e destruir de uma vez por todas a ameaça de Briedenstein. Sofreu perdendo seu nome, sua família, tudo que possuía. E se eu puder oferecer a chance de vingar-se e, no processo, livrar a Alemanha da opressão de Briedenstein?

* O Nosferatu não perderia tempo, muito seria definido entre esta noite e a próxima*

- Acenes positivamente e eu lhe darei os meios para destruir Briedenstein e suas tentativas que subjulgar a Alemanha aos ingleses.

- Se quiser construir junto comigo uma Alemanha livre e soberana, ter a sua vida de volta e alçar voos maiores enquanto Alemães que somos, aceite a proposta a seguir.

- Amanhã, logo nas primeiras horas do dia - quando o monstro Briedenstein não pode deixar sua mansão, você irá incendiá-la com o auxílio de homens de minha inteira confiança. Tens a fibra e a coragem de tomar as rédeas de teu destino em tuas próprias mãos? Eu acredito que tens, Herr Buggraff.  


* Levantou-se e olhou Goebbels*

- Adie minha viagem da próxima noite para a seguinte. Entre em contato com os meus lacaios no exército e providencie quinze soldados com lança-chamas e barris de combustível automotivo que deverão chegar, à paisana, no principado de Berlim exatamente assim que o sol se levantar nos céus. Eles, auxiliados por Herr Buggraff se aceitar minha proposta, queimarão o lugar completamente e não deixarão vestígios da mácula de Briedenstein na Alemanha Soberana que construiremos.

- Goebbels, o Exército anunciará através do Berlim Zeitung - após a queima absoluta - que toda a propriedade foi incendiada com urgência por conta de um risco de contaminação iminente da população com uma doença grave e incurável que está sendo estudada pelo governo.

* Olhou Irving Buggraff uma última vez*

- O destino da Alemanha está em vossas mãos, Nobre Alemão, eu confio plenamente em suas capacidades.

Sistema: Geist usa sua influência no exército alemão 5 para garantir que os homens com as armas e os barris de combustível estejam presentes e cumpram seu papel.
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Berlim: Tradição e Modernidade. - Página 2 Empty Re: Berlim: Tradição e Modernidade.

Dom Abr 22, 2018 7:34 am
Burggraff observava Fritz com uma expressão atônita. Geist percebeu que, durante o discurso, Irvin franzia o cenho diante de expressões como "Principado" e "Lacaios". O mais provável era que aquele mortal não acreditava que suas teorias haviam sido aceitas por um outro homem, ainda mais alguém com tamanha autoridade quando o proprietário do Berlim Zeitung. Sua expressão, contudo, rapidamente se transmutou em uma de determinação.

- Eu farei o que for necessário, Herr Fritz, para que este homem pague pelos seus crimes contra a nossa nação. Irei até o inferno se preciso. Estou inteiramente à sua disposição. Quando meu pai e minha família forem vingados eu poderei, finalmente, descansar.

Diante das palavras de Geist, Goebbels concordava com um aceno de cabeça, tomando nota mentalmente do que deveria ser feito. Quando seu patrão terminou, o jovem deixou a sala rapidamente para providenciar o que deveria ser feito. Geist permaneceu no escritório com Burggraff. O mortal examinava a carta que Geist lhe havia entregado com uma certa curiosidade. Quando Goebbels finalmente deixou a sala, tornou a falar. Geist sentia a lentidão típica da proximidade do amanhecer.

- Então, preciso deixá-lo, Herr Fritz. Devo organizar-me para fazer o que deve ser feito. Não se preocupe. No momento em que nos encontraremos novamente não existirá um Gustav Briedenstein do qual se preocupar.
Arthas Baratheon
Arthas Baratheon
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Berlim: Tradição e Modernidade. - Página 2 Empty Re: Berlim: Tradição e Modernidade.

Dom Abr 22, 2018 8:55 am
* Despediu-se de Burggraff. Em verdade, a ação quanto aquele homem não passava de um teste para seus princípios e como forma de avaliação da natureza alemã quando pressionada e massacrada e, logo após, incitada à ação pelas palavras do Zeitung. Sua participação ou não na ação incendiária de fato não traria grandes mudanças uma vez que são seus homens - do exército e à paisana - que farão o trabalho sujo. Se o fizesse, contudo, Burggraff ganharia uma vaga especial ao olhar atento de Geist.

A primeira parte do seu plano estava concluída, daria prosseguimento à segunda antes de seu sono. Deveria fazê-lo por partes, para não arriscar que intervenções externas o atrapalhassem.

Buscou Goebbels e quando o encontrou no Zeitung, externou o plano completo.*


- Meu caro Joseph, quinze homens bastam para a ação superficial, solicite outros trinta também armados com lança-chamas e bombas de diversos tipos para a explosão de algo mais...sólido.

* O Nosferatu vivia em um Bunker, conhecia Berlim como a palma da sua mão e conhecia as galerias subterrâneas, ao longo de mais de um século, ainda melhor. Obviamente, queimar a mansão era somente um recado mas dizimar o Príncipe era o objetivo e seu refúgio subterrâneo era mais uma falha que um mérito. A segunda parte do plano era simplesmente pôr fim, de uma vez por todas, à ameaça Briendenstein.

Explicou, detalhadamente, o local que deveria ter as maciças portas de ferro subterrâneas explodidas e depois que todo o local deveria ser incendiado logo após a mansão, acima do lugar, ter sido completamente tomada pelo fogo. Assim, não haveria fuga possível*


- Os trinta homens devem agir em consonância com os quinze na superfície, nas primeiras horas da manhã, assim que a mansão estiver em chamas, os de baixo explodirão as portas com explosivos apropriados e incendiarão absolutamente tudo em seu interior.

* Encarou Goebbels*

- Este, meu caro, é o seu teste final e eu só posso confiar a ti. Não me decepciones.

* Após conferir as ordens, seguiu assobiando a quinta sinfonia de Bethooven para o seu próprio Bunker, onde descansaria até a próxima noite*
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