Zigurate do Estrangeiro
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- Ya'rub
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Data de inscrição : 07/05/2018
Re: Zigurate do Estrangeiro
Ter maio 15, 2018 6:49 pm
Enquanto seu tio e primos falavam, Ya’rub mantinha um singelo sorriso sardônico no rosto. Não podia deixar de achá-los curiosos. Cada um dos presentes era muito peculiar. Mas, ao menos na opinião do feiticeiro, todos carregavam algo em comum: orgulho. Expressavam esse orgulho de modos distintos, alguns mais discretos do que os outros. Ainda assim, lá estava o orgulho.
Orgulho de seus poderes, orgulho de sua visão de mundo, orgulho de sua linhagem. Orgulho de ser o que eram ou orgulho de terem deixado de ser algo.
Ya’rub não reprovava esse sentimento. Achava-o... natural? Para ele, não havia pecado em se reconhecer naquilo que de fato se é. Compreender o lugar que ocupam na ordem universal e sentir-se confortável com ele. Mas achava engraçado o modo como muitos - talvez não seus primos, pois não os conhecia muito bem - sentiam-se na estranha obrigação de esconder esse sentimento.
Sabia, contudo, que o orgulho era um sentimento perigoso. Beba demais de sua fonte e perderá a noção do lugar que ocupa, sentindo-se maior do que de fato é. Ao lidar com os espíritos, de qualquer natureza, o orgulho era importante, mas pode colocar qualquer um em uma armadilha.
Era também o orgulho próprio que lhe dava outra razão para manter o sorriso. Apesar de respeitar todos ali, não sentia-se na obrigação de aquiescer com nenhuma das deliberações. Se quisesse sair dali naquele momento e bater nos portões de Mashkan-Shapir, assim o faria. Na verdade, tinha uma curiosidade quase sobrenatural para conhecer o local. É verdade que tinha pena e desprezo pelos infernalistas, mas adoraria vê-los de perto. Sabia que, em muitas ocasiões, falavam com os mesmos espíritos. Era a atitude perante eles que os diferenciavam.
Ya’rub ouviu a todos em silêncio. Quando o Estrangeiro saiu em retirada, o cumprimentou com um aceno de cabeça. Por fim, olhou para o gentil Enki e disse:
- Será um prazer, primo, ter a companhia dos espíritos que comanda. Há muito aprendi que é melhor caminhar acompanhado do que sozinho, e desde então tento seguir minha não vida respeitando este adágio.
Em seguida, despediu-se respeitosamente de seus primos e caminhou pela noite, em direção ao Trono Negro.
Orgulho de seus poderes, orgulho de sua visão de mundo, orgulho de sua linhagem. Orgulho de ser o que eram ou orgulho de terem deixado de ser algo.
Ya’rub não reprovava esse sentimento. Achava-o... natural? Para ele, não havia pecado em se reconhecer naquilo que de fato se é. Compreender o lugar que ocupam na ordem universal e sentir-se confortável com ele. Mas achava engraçado o modo como muitos - talvez não seus primos, pois não os conhecia muito bem - sentiam-se na estranha obrigação de esconder esse sentimento.
Sabia, contudo, que o orgulho era um sentimento perigoso. Beba demais de sua fonte e perderá a noção do lugar que ocupa, sentindo-se maior do que de fato é. Ao lidar com os espíritos, de qualquer natureza, o orgulho era importante, mas pode colocar qualquer um em uma armadilha.
Era também o orgulho próprio que lhe dava outra razão para manter o sorriso. Apesar de respeitar todos ali, não sentia-se na obrigação de aquiescer com nenhuma das deliberações. Se quisesse sair dali naquele momento e bater nos portões de Mashkan-Shapir, assim o faria. Na verdade, tinha uma curiosidade quase sobrenatural para conhecer o local. É verdade que tinha pena e desprezo pelos infernalistas, mas adoraria vê-los de perto. Sabia que, em muitas ocasiões, falavam com os mesmos espíritos. Era a atitude perante eles que os diferenciavam.
Ya’rub ouviu a todos em silêncio. Quando o Estrangeiro saiu em retirada, o cumprimentou com um aceno de cabeça. Por fim, olhou para o gentil Enki e disse:
- Será um prazer, primo, ter a companhia dos espíritos que comanda. Há muito aprendi que é melhor caminhar acompanhado do que sozinho, e desde então tento seguir minha não vida respeitando este adágio.
Em seguida, despediu-se respeitosamente de seus primos e caminhou pela noite, em direção ao Trono Negro.
- Sarosh
- Mensagens : 83
Data de inscrição : 07/05/2018
Re: Zigurate do Estrangeiro
Qua maio 16, 2018 9:34 am
* Sarosh focou-se em seu irmão, Khanon, e em seu pedido para que acompanhasse os sacerdotes garantindo o sucesso da escolta. Por um breve momento estendeu a palma de sua mão e dela brotaram pequenos globos escuros como a noite sem estrelas, não maiores que um polegar. Entregou-lhes a seu irmão.*
- Leve-os consigo irmão e, além do que permanecerá em tua posse, entregue um a cada líder no processo de escolta. Através dos Olhos de Ahriman poderei acompanhar vossos passos e chegar, velozmente, caso seja necessário.
* Sorriu, lembrando que de todos os filhos de Laza, era Khanon aquele chamado de O Forte.*
- Embora não creia nesta possibilidade.
* Voltou a seriedade comum, colocando a mão sobre o ombro de seu igual*
- Não subestimemos o inimigo, em detrimento ao meu comentário. São ardilosos e ausentes de honra.
* Se nada mais for dito, seguiu em busca do Trono Negro*
- Leve-os consigo irmão e, além do que permanecerá em tua posse, entregue um a cada líder no processo de escolta. Através dos Olhos de Ahriman poderei acompanhar vossos passos e chegar, velozmente, caso seja necessário.
* Sorriu, lembrando que de todos os filhos de Laza, era Khanon aquele chamado de O Forte.*
- Embora não creia nesta possibilidade.
* Voltou a seriedade comum, colocando a mão sobre o ombro de seu igual*
- Não subestimemos o inimigo, em detrimento ao meu comentário. São ardilosos e ausentes de honra.
* Se nada mais for dito, seguiu em busca do Trono Negro*
- Regista
- Mensagens : 586
Data de inscrição : 07/03/2018
Re: Zigurate do Estrangeiro
Seg Ago 13, 2018 8:22 am
A viagem de volta a Nippur foi mais rápida que a ida até o Norte gelado. Byelobog, usando de sua maestria sobre as criaturas inferiores, convocou poderosos alazões para que carregassem seus parentes. Deu-lhes seu Sangue, o que os transformou em bestas incansáveis. Dormiam em cavernas, orientados pelas mesmas bestas e se alimentaram ora de animais, ora de pastores e caçadores que encontraram pelo caminho. Enki explicou as nuances da não vida a uma atenta Zena, que devorava cada uma das lições. Demonstrou afinidade imediata com os dons da Percepção, assim como discutia com Enki a natureza da Feitiçaria comandada pelo Clã. O Ancião percebia que a progenie fazia anotações mentais que, segundo ela, facilitariam a transição e o entendimento das próprias capacidades.
Também Byelobog e Dracon, ambos sem progenie, davam lições valiosas à Zena. O Senhor do Norte a explicou como usar seu Sangue para comandar as criaturas da noite, e a Sacerdotisa aprendeu rápido. As lições do Dracon, contudo, eram de natureza mais esotérica, e versavam sobre a Mudança e sobre a natureza das maldições que acometiam os cainitas. Mesmo Enki pode aprender alguma coisa com seu irmão.
Na região de Canaan encontraram mortais que se refugiavam da guerra na Planície. Rumavam ao Norte onde, segundo eles, estaria sobre a proteção dos Filhos do Grande Caçador. Informaram aos viajantes sobre os últimos desenvolvimentos da batalha, especialmente sobre a queda de Khanon-Mehr e de Mancheaka,
Depois de uma longa viagem, com o céu cor de chumbo e sem estrelas, alcançaram Nippur. A cidade era muito diferente do que era quando Enki, Zena e o Dracon a haviam deixado.
Nippur cheirava a fome, morte e doença. Era lugubre, não mais a bela e ordenada cidade que conheciam. Mortais se amontoavam para dispor de poucas rações alimentares, e alguns deles apresentavam pústulas horríveis na pele. Alguns dos mortos ainda não haviam sido cremados. Encontrou, de imediato, Tinia, Filha de Ventru que, exasperada com a situaçõ tentava controlar as disputas por comida e água, além de instruir as pessoas a darem um funeral digno aos seus parentes caídos. Segundo ela, as atenções da Família como um todo estavam voltadas ao Norte, onde ocorriam os conflitos, com poucos cainitas permanecendo em Nippur. Os Antigos, porém, havia reconvocado seus Filhos.
Rumaram para o Zigurate, que parecia menos majestoso do que fora um dia. De fato, era como se suas paredes se deteriorassem rapidamente, impelidas, talvez, pela diminuição do interesse do Mais Velho naquele lugar. Entraram e mesmo ali cruzaram com mortais que oravam pelo fim do conflito, suas mãos magras tentando tocar os passantes, como se estes pudessem, com alguma forma de benção, retira-los da penúria. No fundo do Zigurate, os irmãos encontraram Gallod, que recebeu Byelobog com um efusivo abraço, ainda que tivesse a aparência exausta. No fundo do salão que servia de refúgio a este, encontrava-se Loz.
Tinha a pele bronzeada, como se tivesse passado um longo tempo exposto ao sol. Seus olhos eram de um verde intenso que contrastava com os cabelos escuros. A testa ainda era proeminente e o nariz estranhamente longo, assim como tinham permanecido os lábios arroxeados. Mas, no complexo, o Mais Velho apresentava uma aparência muito mais saudável. Sua aura era vibrante como sempre, intensa e quase invasiva, embora exibisse traços de uma preocupação incapacitante.
- O Inimigo amaldiçoou esta terra. - Foi a primeira coisa que disse. - É mais inútil do que nunca permanecer aqui.
Olhou, sério, para Byelobog. Este se curvou perante seu Pai, uma mesura profunda e cheia de respeito e temor.
- Discutiremos as ações da nossa Casa na guerra, que está alcançando as suas noites finais. É a nossa divida de honra com Nippur e de ira com Mashkan-Shappir. Após isto, deixaremos este lugar para nunca mais voltar. Antes, porém, desejo saber como procedeu a experiência de conhecer parte do Mundo. E, sobretudo, de conhecer Aquele Que Dorme.
Também Byelobog e Dracon, ambos sem progenie, davam lições valiosas à Zena. O Senhor do Norte a explicou como usar seu Sangue para comandar as criaturas da noite, e a Sacerdotisa aprendeu rápido. As lições do Dracon, contudo, eram de natureza mais esotérica, e versavam sobre a Mudança e sobre a natureza das maldições que acometiam os cainitas. Mesmo Enki pode aprender alguma coisa com seu irmão.
Na região de Canaan encontraram mortais que se refugiavam da guerra na Planície. Rumavam ao Norte onde, segundo eles, estaria sobre a proteção dos Filhos do Grande Caçador. Informaram aos viajantes sobre os últimos desenvolvimentos da batalha, especialmente sobre a queda de Khanon-Mehr e de Mancheaka,
Depois de uma longa viagem, com o céu cor de chumbo e sem estrelas, alcançaram Nippur. A cidade era muito diferente do que era quando Enki, Zena e o Dracon a haviam deixado.
Nippur cheirava a fome, morte e doença. Era lugubre, não mais a bela e ordenada cidade que conheciam. Mortais se amontoavam para dispor de poucas rações alimentares, e alguns deles apresentavam pústulas horríveis na pele. Alguns dos mortos ainda não haviam sido cremados. Encontrou, de imediato, Tinia, Filha de Ventru que, exasperada com a situaçõ tentava controlar as disputas por comida e água, além de instruir as pessoas a darem um funeral digno aos seus parentes caídos. Segundo ela, as atenções da Família como um todo estavam voltadas ao Norte, onde ocorriam os conflitos, com poucos cainitas permanecendo em Nippur. Os Antigos, porém, havia reconvocado seus Filhos.
Rumaram para o Zigurate, que parecia menos majestoso do que fora um dia. De fato, era como se suas paredes se deteriorassem rapidamente, impelidas, talvez, pela diminuição do interesse do Mais Velho naquele lugar. Entraram e mesmo ali cruzaram com mortais que oravam pelo fim do conflito, suas mãos magras tentando tocar os passantes, como se estes pudessem, com alguma forma de benção, retira-los da penúria. No fundo do Zigurate, os irmãos encontraram Gallod, que recebeu Byelobog com um efusivo abraço, ainda que tivesse a aparência exausta. No fundo do salão que servia de refúgio a este, encontrava-se Loz.
Tinha a pele bronzeada, como se tivesse passado um longo tempo exposto ao sol. Seus olhos eram de um verde intenso que contrastava com os cabelos escuros. A testa ainda era proeminente e o nariz estranhamente longo, assim como tinham permanecido os lábios arroxeados. Mas, no complexo, o Mais Velho apresentava uma aparência muito mais saudável. Sua aura era vibrante como sempre, intensa e quase invasiva, embora exibisse traços de uma preocupação incapacitante.
- O Inimigo amaldiçoou esta terra. - Foi a primeira coisa que disse. - É mais inútil do que nunca permanecer aqui.
Olhou, sério, para Byelobog. Este se curvou perante seu Pai, uma mesura profunda e cheia de respeito e temor.
- Discutiremos as ações da nossa Casa na guerra, que está alcançando as suas noites finais. É a nossa divida de honra com Nippur e de ira com Mashkan-Shappir. Após isto, deixaremos este lugar para nunca mais voltar. Antes, porém, desejo saber como procedeu a experiência de conhecer parte do Mundo. E, sobretudo, de conhecer Aquele Que Dorme.
- Enki
- Mensagens : 61
Data de inscrição : 07/05/2018
Re: Zigurate do Estrangeiro
Ter Ago 14, 2018 6:53 pm
*Quatro cavalgavam agora pela noite, e a sensação era exultante. A cada lição, Zena mostrava como a decisão de Enki de trazê-la para a noite foi acertada. Uma pupila ávida, que era treinada pelos três maiores místicos dentre todos os Moldadores, além dos conhecimentos trazidos por suas próprias trilhas percorridas. Tudo era bom.*
*Tudo era bom, até que chegaram a Nippur. O outrora jardim dos deuses era uma pústula. Enki e seus irmãos conviviam tanto com o belo quanto com o horripilante, mas o faziam apenas sob seus próprios termos. A decadência da cidade era evidente, e desprezível. Sentia-se no ar: Nipur e Mashkan-Shapir afundariam juntas, como gêmeas. Eles venceriam a guerra, mas nada que via trazia a palavra "vitória" à sua mente. Enki ouvia agora as palavras que Zena havia dito no norte distante: mesmo como senhores e lordes, eles ainda tinham um dever para com seus comandados. E era claro o quanto haviam falhado. Nipur mostrava, mais do que tudo, o que acontecia quando muitos de sua raça se uniam em um só local.*
*Ver Gallod, porém, é uma luminosidade na cidade decadente. Enki cumprimenta o irmão com um abraço entusiasmado após o cumprimento entre ele e Byelobog.*
-Eu vi morte e desolação enquanto estive distante, irmão. E me é de uma alegria imensa que não tenha sido tocado por elas.
*O olho de Enki dá um breve lampejo vermelho quando vê Loz. Era bom que houvesse mudado de corpo, também era bom vê-lo falar com clareza de forma direta sobre o que deviam fazer. E também, por muitas semanas, era bom vê-lo, para que conversassem sobre suas revelações.*
-Nossa Casa está cheia novamente. Me alegra vê-lo, Pai, porque não sei quando estaremos todos juntos novamente.
-Ver o mundo me mostrou o quanto somos pequenos. Sempre me intitulei um senhor dos rios, e me vi em um oceano. Eu preciso de mais, e mesmo que Nipur não desabasse, não poderia mais ficar aqui.
-E Aquele que Dorme... Ele não pode morrer, e isso é bom. Vê-lo abriu meus olhos para muitas coisas, como é o dever sagrado de nossa família. Também me trouxe propósito… e perguntas. Eu sei quem ele é, e sei que o conhecimento não agradaria aos nossos primos e tios. Também sei quem ele guarda em seu Sono, e é o que preciso saber; entendo que é poderosa, entendo que há muito sobre ela que não sabemos, mas preciso que suas palavras me guiem apenas nisso, Mais Velho dentre nós: Por que ela não pode sair debaixo das quatro pontas de seu véu?
*Tudo era bom, até que chegaram a Nippur. O outrora jardim dos deuses era uma pústula. Enki e seus irmãos conviviam tanto com o belo quanto com o horripilante, mas o faziam apenas sob seus próprios termos. A decadência da cidade era evidente, e desprezível. Sentia-se no ar: Nipur e Mashkan-Shapir afundariam juntas, como gêmeas. Eles venceriam a guerra, mas nada que via trazia a palavra "vitória" à sua mente. Enki ouvia agora as palavras que Zena havia dito no norte distante: mesmo como senhores e lordes, eles ainda tinham um dever para com seus comandados. E era claro o quanto haviam falhado. Nipur mostrava, mais do que tudo, o que acontecia quando muitos de sua raça se uniam em um só local.*
*Ver Gallod, porém, é uma luminosidade na cidade decadente. Enki cumprimenta o irmão com um abraço entusiasmado após o cumprimento entre ele e Byelobog.*
-Eu vi morte e desolação enquanto estive distante, irmão. E me é de uma alegria imensa que não tenha sido tocado por elas.
*O olho de Enki dá um breve lampejo vermelho quando vê Loz. Era bom que houvesse mudado de corpo, também era bom vê-lo falar com clareza de forma direta sobre o que deviam fazer. E também, por muitas semanas, era bom vê-lo, para que conversassem sobre suas revelações.*
-Nossa Casa está cheia novamente. Me alegra vê-lo, Pai, porque não sei quando estaremos todos juntos novamente.
-Ver o mundo me mostrou o quanto somos pequenos. Sempre me intitulei um senhor dos rios, e me vi em um oceano. Eu preciso de mais, e mesmo que Nipur não desabasse, não poderia mais ficar aqui.
-E Aquele que Dorme... Ele não pode morrer, e isso é bom. Vê-lo abriu meus olhos para muitas coisas, como é o dever sagrado de nossa família. Também me trouxe propósito… e perguntas. Eu sei quem ele é, e sei que o conhecimento não agradaria aos nossos primos e tios. Também sei quem ele guarda em seu Sono, e é o que preciso saber; entendo que é poderosa, entendo que há muito sobre ela que não sabemos, mas preciso que suas palavras me guiem apenas nisso, Mais Velho dentre nós: Por que ela não pode sair debaixo das quatro pontas de seu véu?
- Regista
- Mensagens : 586
Data de inscrição : 07/03/2018
Re: Zigurate do Estrangeiro
Qua Ago 15, 2018 7:02 am
Loz sorriu. Era um sorriso estranho. Poucas vezes o fazia, mas Enki percebeu que seu Senhor parecia satisfeito de suas andanças.
- Caminhem comigo, filhos meus. Nossos irmãos nos esperam no Trono Negro.
Loz tomou a frente, deixando o Zigurate. Foi seguido por Enki, Dracon, Byelobog e Kartaryria, que desceu as escadas do local para se juntar à sua Família.
Kartaryria era exótica.
Uma mulher que foi abraçada em seus trinta ciclos. Era alta, mais alta que os irmãos, além de extremamente magra. Sua pele era de um branco translúcido, através da qual se viam as veias azuladas. A cabeça era raspada, com tatuagens tribais que a decoravam. Vestia um longo e largo vestido de linho, no qual haviam algumas manchas de sangue. Tinha uma estrutura normal, embora Enki soubesse que o talento de Kartaryria com as artes de moldar a carne era tão grande que ela era capaz de criar novos membros sem nenhum esforço. As lendas sobre a cainita eram muitas, mas era particularmente conhecida como A de Muitos Braços. Os olhos eram de um verde intenso como as matas que Enki havia visto ao Norte. Kartaryria raramente falava. Beijou as mãos dos três irmãos e fez o mesmo com a testa de Loz.
Deixaram o Zigurate, caminhando pelas ruas de Nippur, que agora eram escuras e fétidas. O odor de decomposição dominava o ar e as casas e muros pareciam degradados aos olhos de Enki.
Loz respondeu a Enki, mas direcionou a resposta as três filhos
- Sacrifício. É a única coisa que impede Lilitu de romper o Véu e aplicar sua vingança.
Byelobog olhou de relance para Enki. O Dracon encarou seu Senhor.
- Meu Senhor e os Ancestrais de meus irmãos aceitaram de bom grado que suas existências fossem terminadas para que nossa espécie estivesse a salvo.
Loz riu, quase gargalhou. Parecia imerso em lembranças dolorosas, e aquela seria a única reação possível para um ser que tinha tanta dificuldade em compreender os sentimentos mortais.
- É óbvio que nós os destruímos, sem nenhum remorso. Ou quase sem nenhum remorso. Mas nenhuma morte, neste mundo, é em vão, todas servem a um propósito. Vejam os corpos espalhados pelas ruas de Nippur. Servem a nos despertar de nosso sono, nos comunica que enquanto estivermos aqui só experimentaremos morte e destruição.
Sorriu de novo. Balançou a cabeça negativamente. Enki percebeu que seu Senhor exibia um nervosismo diante do assunto. Algo jamais expressado por ele.
- A Morte serve para conter a Morte, filhos meus. O Véu que contém Lilitu é fortalecido pelo Sangue dos Filhos diretos de Caim. Meu Senhor tornou-se Kupala e Kupala aceitou meu Senhor. Os outros três tornaram-se outra coisa. Cada um deles morreu, nas vive, e isso é bom. Fizemos por liberdade. Fizemos por necessidade. E, no final, eles entenderam. O Pai Negro, todavia, não.
Parou. Voltou-se em direção aos Filhos. Havia uma estranha tristeza nos olhos de Loz, uma dor profunda que o Ancião buscava disfarçar com sorrisos e palavras de Sabedoria. Mas estava ali, visível. Estaria sempre ali. Era uma tristeza que encontrava eco nos corações de Deus Filhos. Loz não desejava fazer o que fez. Mas entendia que tinha sido necessário.
- Enquanto o legado de nossos Ancestrais viver, enquanto os Quatro Arcanjos que são parte de sua energia, sangue e espírito se mantiverem de pé, Lilitu não se vingará de Caim através de seus descendentes. E, se eventualmente os Arcanjos deixarem de existir, a primeira linha de defesa contra as abominações de Lilitu serão quatro de meus filhos. Foi a promessa que fiz e Kupala e a Ynosh. E pretendo cumpri-la.
- Neste momento vocês não devem se preocupar. Encontraram Ynosh, pois é de seu Sangue que somos feitos. Os outros resistem, protegidos por alguns dos meus irmãos. Laza. Sutekh. Haqim. O que quer que ocorra daqui pra frente, lembrem-se. São estes os nossos aliados até o Fim dos Dias. Laza protege o selo de Irad. Haqim o de Zillah. Sutekh o do Último dos Filhos.
Sorriu, como se tivesse lembrado de algo óbvio.
- E sim, Caim teve quatro descendentes, e não três. Do último, porém, prometemos jamais falar.
Continuaram a caminhada. Adentraram o Trono Negro somente para perceber que os Tronos não estavam mais ali. As Famílias estavam reunidas, com seus Fundadores de pé, à mesma altura de seus Filhos. Loz parecia satisfeito. Sussurrou para os seus.
- Afinal, somos todos absolutamente iguais. A Transcendência é para todos.
- Caminhem comigo, filhos meus. Nossos irmãos nos esperam no Trono Negro.
Loz tomou a frente, deixando o Zigurate. Foi seguido por Enki, Dracon, Byelobog e Kartaryria, que desceu as escadas do local para se juntar à sua Família.
Kartaryria era exótica.
Uma mulher que foi abraçada em seus trinta ciclos. Era alta, mais alta que os irmãos, além de extremamente magra. Sua pele era de um branco translúcido, através da qual se viam as veias azuladas. A cabeça era raspada, com tatuagens tribais que a decoravam. Vestia um longo e largo vestido de linho, no qual haviam algumas manchas de sangue. Tinha uma estrutura normal, embora Enki soubesse que o talento de Kartaryria com as artes de moldar a carne era tão grande que ela era capaz de criar novos membros sem nenhum esforço. As lendas sobre a cainita eram muitas, mas era particularmente conhecida como A de Muitos Braços. Os olhos eram de um verde intenso como as matas que Enki havia visto ao Norte. Kartaryria raramente falava. Beijou as mãos dos três irmãos e fez o mesmo com a testa de Loz.
Deixaram o Zigurate, caminhando pelas ruas de Nippur, que agora eram escuras e fétidas. O odor de decomposição dominava o ar e as casas e muros pareciam degradados aos olhos de Enki.
Loz respondeu a Enki, mas direcionou a resposta as três filhos
- Sacrifício. É a única coisa que impede Lilitu de romper o Véu e aplicar sua vingança.
Byelobog olhou de relance para Enki. O Dracon encarou seu Senhor.
- Meu Senhor e os Ancestrais de meus irmãos aceitaram de bom grado que suas existências fossem terminadas para que nossa espécie estivesse a salvo.
Loz riu, quase gargalhou. Parecia imerso em lembranças dolorosas, e aquela seria a única reação possível para um ser que tinha tanta dificuldade em compreender os sentimentos mortais.
- É óbvio que nós os destruímos, sem nenhum remorso. Ou quase sem nenhum remorso. Mas nenhuma morte, neste mundo, é em vão, todas servem a um propósito. Vejam os corpos espalhados pelas ruas de Nippur. Servem a nos despertar de nosso sono, nos comunica que enquanto estivermos aqui só experimentaremos morte e destruição.
Sorriu de novo. Balançou a cabeça negativamente. Enki percebeu que seu Senhor exibia um nervosismo diante do assunto. Algo jamais expressado por ele.
- A Morte serve para conter a Morte, filhos meus. O Véu que contém Lilitu é fortalecido pelo Sangue dos Filhos diretos de Caim. Meu Senhor tornou-se Kupala e Kupala aceitou meu Senhor. Os outros três tornaram-se outra coisa. Cada um deles morreu, nas vive, e isso é bom. Fizemos por liberdade. Fizemos por necessidade. E, no final, eles entenderam. O Pai Negro, todavia, não.
Parou. Voltou-se em direção aos Filhos. Havia uma estranha tristeza nos olhos de Loz, uma dor profunda que o Ancião buscava disfarçar com sorrisos e palavras de Sabedoria. Mas estava ali, visível. Estaria sempre ali. Era uma tristeza que encontrava eco nos corações de Deus Filhos. Loz não desejava fazer o que fez. Mas entendia que tinha sido necessário.
- Enquanto o legado de nossos Ancestrais viver, enquanto os Quatro Arcanjos que são parte de sua energia, sangue e espírito se mantiverem de pé, Lilitu não se vingará de Caim através de seus descendentes. E, se eventualmente os Arcanjos deixarem de existir, a primeira linha de defesa contra as abominações de Lilitu serão quatro de meus filhos. Foi a promessa que fiz e Kupala e a Ynosh. E pretendo cumpri-la.
- Neste momento vocês não devem se preocupar. Encontraram Ynosh, pois é de seu Sangue que somos feitos. Os outros resistem, protegidos por alguns dos meus irmãos. Laza. Sutekh. Haqim. O que quer que ocorra daqui pra frente, lembrem-se. São estes os nossos aliados até o Fim dos Dias. Laza protege o selo de Irad. Haqim o de Zillah. Sutekh o do Último dos Filhos.
Sorriu, como se tivesse lembrado de algo óbvio.
- E sim, Caim teve quatro descendentes, e não três. Do último, porém, prometemos jamais falar.
Continuaram a caminhada. Adentraram o Trono Negro somente para perceber que os Tronos não estavam mais ali. As Famílias estavam reunidas, com seus Fundadores de pé, à mesma altura de seus Filhos. Loz parecia satisfeito. Sussurrou para os seus.
- Afinal, somos todos absolutamente iguais. A Transcendência é para todos.
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