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Istambul: A Cidade de Muitas Faces. Empty Istambul: A Cidade de Muitas Faces.

Ter Mar 13, 2018 6:44 am
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Bizâncio, Constantinopla, Nova Roma. Istambul tem tantas identidades que é impossível defini-la em poucas palavras. Como um dos maiores entrepostos comerciais do mundo antigo, a cidade cresceu em importância e em riqueza, congregando dentro de seus muros a cultura cristã, islâmica e judaica. Istambul era, e é, o elo de ligação entre a Europa e os grandes povos do extremo leste, contribuindo com sua riqueza e cultura, há pelo menos quinze séculos, para a manutenção dos luxos das cortes europeias. Disputada por romanos, bárbaros, cristãos e muçulmanos, sua história é uma história de conflitos e de sangue.

Sob a superfície, Istambul é uma cidade dividida. De um lado, a autoridade da Camarilla, personificada no Príncipe Mustafá, é unânime, ainda que o monarca seja considerado fraco e excessivamente submisso aos interesses do Clã Toreador que, desde Michael, o Patriarca, controla boa parte dos domínio da cidade. Mustafá fez de Istambul uma cidade aberta a todos os Membros, independente da filiação, o que não agrada os Ventrue mais tradicionalistas. O resultado real é uma profusão de clãs e linhagens, de seitas grandes e pequenas, todas disputando um espaço na estrutura de poder do local e devastando Istambul, noite após noite, com suas lutas intestinas.
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Ter Mar 13, 2018 5:11 pm
A passos lentos, Al-Amin sobe as escadas da adega que lhe servia de aposento. Ele não tinha mais uso para os vinhos que ali armazenava, mas gostava de pensar que repousava em meio à preciosidades.

A sala de estar do sobrado que lhe servia de lar era ampla. Vivia ali desde que chegara em Istambul, quando tinha pouco mais do que 20 anos. A decoração, luxuosa e eclética, era composta pelos objetos e mobiliário obtido pelo seu pai durante as viagens de negócios. Na mesa de centro, vários papéis estavam espalhados. Uma carta dava detalhes da inauguração do futuro Museu de Arte Islâmica e Turca, que acontecerá em algum momento do ano que se iniciara.

Ah, Istambul. O que será de você?

Enquanto servia para si uma taça de vitae, Al-Amin observa o seu mais preciso bem. Pendurada na parede, uma imensa peça de tapeçaria. O desenho era uma mandala feita em arte otomana, com uma série de alfinetes com cabeça de cristal, todos enfiados em algumas intesecções das linhas. Ao passar os olhos pelos alfinetes, o Assamita sussurava nomes em sequência. Cada alfinete, um nome. Cada nome, uma figura na intrincada rede política do Império Otomano.

Aproveitando o raro momento de paz, Al-Amin abre a porta que dá para a sacada, com a taça de vitae em mãos. O vento frio do inverno toca a sua pele, enquanto pequenos flocos de neve rodopiam em frente ao seu rosto entram no salão. No horizonte, o bairro de Sultanahmet. Dali, era possível ver Hagia Sofia e a Mesquita Azul, imponentes.

Al-Amin se vira para olhar o relógio que fica em uma das paredes da sala. Meia-noite. Pontualmente, a melodia da Salah de Ishta ecoa no céu da cidade, emanando dos minaretes das duas mesquitas. Aguçando seus sentidos, ele consegue ouvir o chamado para as orações que emanam de outras mesquitas mais afastadas. Al-Amin fecha os olhos e aprecia a melodia que invade e reverbera em seu corpo.

Só uma palavra poderia definir o que sentia por aquela cidade: amor.

Ainda olhando as Mesquitas que servem de símbolo à Istambul, Al-Amin levanta a taça em direção ao horizonte, fazendo um brinde:

- Abençoada seja, ó Portão da Felicidade. Que possamos viver esse amor por toda a eternidade!
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Sex Mar 16, 2018 6:56 am
As elegias cortam o ar em um coro de infinitas vozes. Se fosse possível vê-las como era possível ouvi-las, talvez seriam vistas como ondas de luz e calor, em cores e intensidades diversas, a envolver a gloriosa Istambul em um abraço caloroso e respeitoso. A cidade, praticamente, se paralisara por alguns minutos: se ouviam poucas carruagens a mover-se e poucos diálogos a acontecer, provavelmente fruto da ação daqueles que não compartilhavam a Fé. O cheiro de sal, oriundo das brisas do Mar de Marmara, inundava o ar e o som dos minaretes completava o cenário. Istambul era, durante alguns minutos do dia, um paraíso onírico.

Quando as orações cessam e o fluxo da cidade, lentamente, retorna ao normal. Al-Amin distingue o inconfundível som das rodas de madeiras das carruagens que giram na vizinhança. Um desses sons, contudo, lhe chama a atenção, uma vez que as rodas deixam de girar exatamente diante de seus portões. Pela janela, o Filho divisa uma carruagem escura e elegante, conduzida por poucos cavalos sob a autoridade de um cocheiro. É esse homem que desce da carruagem e, sem abrir a porta do passageiro, se direciona ao sino no portão. É um indivíduo baixo e corpulento, mas vestido de forma elegante, ainda que, de acordo com seus movimentos, a indumentária seja pouco prática para a sua atividade.

O som do sino no portão corta o ar, como se despertasse Al-Amin dos últimos segundos de êxtase após as orações da meia noite.
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Sex Mar 16, 2018 11:07 am
Ao ouvir o sino, Al-Amin suspira. A noite havia começado. Antes de sair da sacada e fechar as elegantes portas de vidro, o Cainita lança um último olhar para Istambul:

- Adoraria passar o resto da noite contigo, minha amada. Mas um homem precisa cumprir suas obrigações mundanas.

Aparentemente, o homem que tocara o sino não era ninguém que já havia conhecido. Pelo menos era o que parecia, observando-o daquela distância. Porém, mesmo nestes casos, quando desconhecidos batiam à sua porta, Al-Amin já havia orientado seus criados para que o recebessem. A ordem era que o hóspede fosse levado à uma antessala, onde perguntariam seu nome e o assunto a ser tratado. O criado reportaria essa informação a Al-Amin, que passaria as novas instruções a serem realizadas. Normalmente isso se desdobrava em um convite para que o hóspede se encaminhasse à sala de estar, onde estava agora.

Al-Amin raramente temia esses desconhecidos. Poucas eram as pessoas, Cainitas ou mortais, que o enxergavam como ameaça ou alguém que valeria à pena ser eliminado. O procedimento era mais uma etiqueta do que uma medida de segurança. Dessa forma, sentou-se em uma das poltronas, aguardando as informações sobre a primeira reunião que teria essa noite.
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Sex Mar 16, 2018 11:46 am
Esperou o visitante, mas foi um dos criados que apareceu à porta do salão. Era jovem, contava com cerca de dezessete anos, e Al-Amin sabia que se chamava Samir. Sua estatura franzina, segundo o que havia descoberto o Assamita, escondia um cérebro arguto e poderoso, capaz de transitar entre o analfabetismo e a escrita de belíssimos poemas no arco de pouco menos de um ano.

- Al-Amin Bey, o homem se recusou a entrar. Desejava somente anunciar a presença de seu Senhor, Carlo Ballestra. Tomei a liberdade, de acordo com os protocolos, de permitir a sua entrada.

Sem dar as costas, Samir se curva levemente. Sua mão permanece segurando a maçaneta dourada enquanto seu corpo dá espaço para que o visitante entre.

O som dos sapatos precede a entrada do homem. Os olhos de Al-Amin observam enquanto Carlo Ballestra adentra sua sala de reuniões. É um homem alto, esguio, com longos cabelos escuros presos num rabo de cavalo. Suas vestes são ocidentais, mas os anéis em seus dedos e o broche no colarinho tem um toque de oriente. Pequenas rugas surgem ao redor de seus olhos, grandes, mas que diminuem quando ele sorri. Aliás, toda a expressão muda quando o sorriso lhe cobra a face, deixando de ser exclusivamente amigável para adquirir um tom, levemente, predatório.

- Eu agradeço a distinção de receber-me, Al-Amin Bey. É uma belíssima residência, a Vossa. Espero não incomodar e poder dispor de alguns minutos da sua noite para tratar de assuntos que, imagino, interessam a nós dois.
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Sex Mar 16, 2018 12:09 pm
Ao ver Carlo Ballestra adentrando sua sala de estar, Al-Amin tentou disfarçar a surpresa. Sabia que o Ventrue era um personagem, digamos, "polêmico" na política Cainita da cidade. O italiano era uma das poucas oposições ostensivas ao Princípe Mustafá, de modo que sua entrada ali já colocava Al-Amin em uma posição complicada num intrincado jogo de xadrez...

Posição na qual Al-Amin era expert em saber jogar.

Ele se levanta da poltrona e recebe Ballestra, abrindo os dois braços e curvando levemente a cabeça, num cumprimento propositalmente exagerado, porém não surpreendente para aqueles que conheciam a origem árabe de Al-Amin.

- Mil vezes abençoada seja a noite em que o nobre Carlo Ballestra agraciou essa residência com sua presença.

Al-Amin sorriu. A bajulação aos seus convidados também era algo notório, uma assinatura do anfitrião.

- Não há incômodo em ter a companhia de tão ilustre figura. Por favor, sente-se e me diga o que e em que posso servi-lo.

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Sex Mar 16, 2018 1:19 pm
Ballestra se senta na poltrona escura. Avançam espaços ao lado, dada sua compleição esguia, mas suas pernas avançam, longas, na direção de Al-Amin. Em silêncio, e por alguns segundos, seu rosto observa atentamente a decoração do salão. Vota-se, posteriormente, ao seu anfitrião, com o mesmo sorriso predatório de outrora. Não parece, contudo, um efeito desejado ou consciente.

- Caro Al-Amin. A razão de minha visita é muito simples. Tu és, de longe, o membro do teu Clã mais acessível nessas noites. Tua personalidade diplomática é de conhecimento de todos em Istambul, assim como são as minhas posições e a minha reputação. Não me sentiria confortável em procurar um outro membro do teu Clã mas, dado que imagino que vocês são os únicos que podem aconselhar-me neste momento, resolvi solicitar uma audiência a ti.

Carlo torce as mãos, colocando-as entre os joelhos. Abaixa a cabeça por uma fração de segundo e, quando a levanta, Al-Amin consegue distinguir algo em seus olhos escuros. Uma fagulha. Não de ambição ou ódio. De receio, talvez. Ele apoia o cotovelo esquerdo no braço da poltrona, cobrindo a boca com as mãos. Suspira. Enfim, fala.

- Como bem sabes, a região de Üsküdar está sob minha autoridade, como estava sob a de meu ancestral, Antonius, antes de mim. Ali eu detenho o poder sobre o rebanho e decido que se alimenta dele. Três noites atrás, meu servos capturaram um Membro que se alimentava da Canaille sem a minha permissão.

Pausa. Olha nos olhos de Al-Amin.

- É jovem. Ou era. Esse Membro foi trazido até a minha residência, mas recusava-se a colaborar. Notei, em seu corpo, feridas purulentas, malcheirosas. O aprisionei enquanto pensava em levar esse assunto à atenção do Príncipe Mustafá. Mas, assuntos pessoais tomaram meu tempo.

Ballestra se levanta e se dirige a uma das paredes da sala. Suas mãos finas acariciam um dos inúmeros tapetes decorativos.

- Quando acessei o local onde o havia deixado, dias depois, ele havia se reduzido a uma massa de pus e sangue escuro. E agora um dos jovens Membros que participaram em sua captura apresenta os mesmos sintomas.

Carlo Ballestra se vira, encarando novamente Al-Amin.

- Eu sou um Ventrue, Al-Amin Bey, de modo que meus conhecimentos são limitados em certas áreas. Não sei o que pode estar acometendo ao meu associado. Não o trouxe por razões óbvias e ele está isolado, sendo mantido sob observação. Era minha esperança que o Clã Assamita pudesse - se assim for seu desejo e da sua Família - usar os vossos conhecimentos acumulados para esclarecer um problema que, a curto prazo, pode afetar toda Istambul.
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Sex Mar 16, 2018 5:00 pm
Al-Amin escuta o depoimento de Ballestra com atenção. Reclinado em sua poltrona e segurando o próprio rosto com a mão em L, o Filho de Haqim franzia o cenho diante dos detalhes mais extravagantes da fala do Ventrue.

As expressões de seu interlocutor indicavam receio. De certo, o caso em questão apresentava uma situação que, se verdade, poderia escalar para uma crise na sociedade Cainita de Istambul. Ainda assim, era preciso ter certeza sobre as intenções de Ballestra. Amin usa sua Visão da Alma [Auspícios 2], para compreender as reais sensações do convidado.

Aguardou o Ventrue terminar sua fala e se levantou, ainda o fitando.

- Decerto, Ballestra Bey, tomaste a decisão correta ao vir aqui me informar deste fato. Tens em mãos... Ou melhor, TEMOS em mãos uma situação curiosa e possivelmente perigosa.

Al-Amin caminha pela sala, com uma das mãos sob o queixo e olhando para o chão. Era notável o modo como a atitude do Assamita mudava quando estava diante de um problema a qual foi apresentado. Toda a afetação dava lugar a uma expressão de foco e compenetração.

- Me parece um caso pelo qual minha família teria total interesse em investigar. Uma doença que afeta os de nossa espécie de modo letal... ao menos é o que me parece até o presente momento, de acordo com as informações que o Ballestra Bey me traz.

- Posso... ou melhor, DEVO, levar tal caso para que aqueles acima de mim possam deliberar rapidamente. Contudo...

Uma pausa. Al-Amin vira e volta a fitar seu hóspede.

- Preciso que Ballestra Bey me esclareça alguns pontos de antemão.

Levantando a mão direita, ele começa a contar, segurando os dedos da mão esquerda conforme vai contando os pontos que enumera

- Primeiramente, quem era esse membro capturado? A qual família pertencia? De onde veio? Em qual língua falava?

- Em segundo lugar, como exatamente ele "se recusava a colaborar"? Quais tipos de resistência ele oferecia e que tipo de insistência seus acessores usaram para extrair informações?

- Terceiro ponto: que tipo de contato esse jovem que se contaminou na captura teve com o primeiro Membro... "contaminado"? Quem mais teve o mesmo tipo de contato?

- O último ponto...

Al-Amin pausa mais uma vez. Ele sorri para Ballestra.

- Não me entenda mal, Ballestra Bey, mas devo perguntá-lo: por que mudaste de ideia e vieste até mim para contar essa notícia, ao invés de levá-la para Mustafá, tal como tinha planejado de início?
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Sáb Mar 17, 2018 6:20 am
Enquanto fixa Ballestra e tenta discernir suas motivações e sentimentos com a ajuda dos Dons das Trevas, Al-Amin observa, inicialmente, uma emanação pálida, comum a todos os Cainitas. Não detecta nenhum resquício que indique o Amaranto: a aura de seu convidado é tão limpa quanto a de um cainita recém Abraçado. As cores não tardam a se manifestar, e a alma de Carlo Ballestra irradia tons intensos de amarelo, ocasionalmente ofuscados por ondas de laranja.

A expressão de Carlo muda, claramente, quando Al-Amin assume como seu o problema comunicado. É alguma coisa entre alívio e admiração. Ouve atentamente o Filho de Haquim e e se põe de frente ao seu interlocutor, encarando-o com seus olhos escuros. Quando o Assamita termina de enumerar suas dúvidas, Ballestra as responde de imediato.

- Não sabemos a sua identidade. O que pudemos observar é que ele era incapaz de elaborar raciocínios complexos, limitando-se a balbuciar frases estranhas e desconexas. Quando efetuava um mínimo de comunicação inteligível, o fazia em sérvio. Seus traços físicos eram notadamente eslavos, o que me faz pensar que é de origem balcânica. Parecia desconhecer completamente o conceito de Clãs, considerando o diálogo que tivemos nos poucos segundos em que demonstrava sobriedade. Eu tentei, sem sucesso, acessar informações através da leitura de sua mente: não havia nada a não ser uma maré de ódio e de confusão. Além de dor, muita dor.

Tornou a sentar-se, cruzando as pernas enquanto respondia ao Assamita.

- Na maior parte do tempo tentava se livrar das mãos dos meus assessores para atacar-nos. O meu assessor mais próximo foi quem teve o contato mais duradouro: ambos se enfrentaram fisicamente até que Elio, fosse capaz de imobilizá-lo e trazê-lo à minha morada. Meus servidores mortais ajudaram na imobilização durante todo o tempo que durou a tentativa de interrogatório. Não demonstraram até agora, contudo, nenhum sinal de contágio. Somente Elio permanece enclausurado e nem mesmo eu ouso aproximar-se do lugar onde o estamos mantendo. Os servos mortais afirmam que sua mente está se deteriorando rapidamente, assim como seu corpo.

Ballestra respondia a tudo com um olhar fixo no tapete que decorava uma das paredes da sala de reuniões. Quando começou a responder o último ponto, entretanto, tonou a olhar fixamente para Al-Amin.

- Não é um segredo que não confio no Príncipe, Al-Amin Bey. Não confio em sua gestão, não acredito que seja independente em relação aos Toreador. Contudo, amo profundamente esta cidade, que é a cidade que meu ancestral ajudou a construir, para tomar medidas mais drásticas em relação ao Trono. Não arrastaria Istambul em direção a uma Guerra Civil. E, não confiando no Príncipe, não levei este assunto ao seu conhecimento. O que me garante que as forças por trás do Trono não tentarão usar este incidente, esta doença ou o que quer que isso seja contra os seus inimigos? Não, Al-Amin Bey. Eu o procurei por seu amor a Istambul, que é quase tão grande quanto o meu. Levei em consideração igualmente o conhecimento do seu Clã. Eu sei muitas coisas, Al-Amin, mas pouco sei sobre sortilégios e maldições.
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Sáb Mar 17, 2018 12:37 pm
Observando a aura de Ballestra e escutando sua declaração de amor à Istambul, Al-Amin se compadece com os anseios de seu convidado. Ainda tinha receios de que talvez, apenas talvez, seu clã estivesse prestes a ser usado em uma disputa política que ainda não conseguia enxergar os detalhes. Mas havia sinceridade nas preocupações do Ventrue.

Al-Amin voltou a se sentar enquanto Ballestra respondia suas perguntas. Ele balançava a cabeça afirmativamente, conforme o Ventrue lhe dava mais informações. Já havia aprendido que era importante deixar seus interlocutores falarem bastante e, para isso, era preciso disparar perguntas. Pois sabia que era na nuance das resposta, na linguagem corporal e nas escolhas das palavras que residia a verdade.

Quando Ballestra terminou, Al- Amin retomou seu pequeno ritual de caminhar lentamente pela sala enquanto respondia:

- Então temos um cainita estrangeiro, provavelmente eslavo, que chegou em Istambul acometido por uma doença que lhe afeta o corpo e a mente. Essa doença o mata, ao mesmo tempo que contamina o pobre Elio... Supreendentemente, ela parece não afetar os mortais que tiveram contato com os vetores.

Al-Amin pausa e para de caminhar. Volta a fitar Ballestra.

- Disseste que o Membro foi capturado 3 noites atrás, correto? E que já apresentava sinais da doença. Quando exatamente aconteceu sua morte? Acho importante sabermos isso para termos alguns parâmetros sobre o tempo de incubação e e estágios da doença.

- Quanto a Elio, fizeste bem em mantê-lo isolado. Eu poderia fazer uma visita, mas meus conhecimentos em medicina ainda são muito primários...

Al-Amin olha Ballestra de modo inquisitivo.

- Não quero fazer conjecturas sem termos mais informações, mas me lembrei agora de um fato ocorrido séculos atrás, quando os Ingleses usaram infectados por sarampo para atacar os selvagens americanos... usar doenças como arma. Genioso, não? Ainda que cruel...

O Assamita vai até a janela e fita o horizonte.

- Enfim, Ballestra Bey. Me parece um caso para ser levado aos meus superiores. Se me permitir, farei isso ainda esta noite. Existe algo mais que gostaria de me contar?
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Sáb Mar 17, 2018 12:58 pm
Carlo observou enquanto o Assamita elaborava suas observações, no que parecia ser uma tentativa inicial de ligar pontos importantes, mas dispersos. Respondeu rapidamente à pergunta feita por Al-Amin:

- Nós encontramos o forasteiro, ou o que sobrou dele, na noite passada. Em compensação, Elio ainda não se encontra na mesma situação que o eslavo se encontrava quando o encontramos. Mas a infestação parece evoluir rapidamente, e me parece que as faculdades mentais são atacadas primeiro. Elio ainda consegue se comunicar, mas a irracionalidade parece tomar conta rapidamente do seu intelecto.

Quando Al-Amin mencionou levar o caso ao conhecimento de seus superiores, Carlo Ballestra pareceu aliviado. Não opôs nenhuma objeção à possibilidade. Em prosseguimento, levantou-se, preparando para sair. Antes, porém, aproximou-se de Al-Amin. Seus olhos escuros fixaram os do Assamita, e Ballestra estendeu a mão em cumprimento. A expressão de predador havia retornado, e era mais intensa do que antes.

- Istambul será em dívida com você e o Clã Assamita, Al-Amin. E Istambul saberá, se necessário, pagar o que deve.

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Seg Mar 19, 2018 1:55 pm
O olhar de Carlo Ballestra o perturbava. Al-Amin se esforçava para não demonstrar o nervosismo, mas tinha claro que preferia lidar com o Ventrue amedontrado e receoso de minutos atrás, e não com este que olhava a tudo como um predador.

- Eu é que estou sempre em dívida com Istambul, Ballestra Bey. Essa cidade já me deu muito. Por isso me compadeço com todos aqueles que a amam tanto quanto eu, tal como o Senhor.

Al-Amin estende a mão para cumprimentar Carlo com firmeza, mantendo o esforço de olhá-lo nos olhos, sem titubear. Após se despedir do Ventrue, vai até a sacada, para, através do vidro, ver seu convidado indo embora. Quando verifica que sua carruagem não está mais lá, Al-Amin chama seu criado.

- Samir, peça ao cocheiro que prepare minha condução. Preciso fazer uma visita à Ibn Sayad ainda esta noite.

O Assamita iria reportar o caso ao representante máximo do seu clã em Istambul. O relato de Ballestra lhe parecia ser suficientemente inusitado para ser levado aos seus superiores. Além disso, pelo tom da conversa que tiveram, era isso mesmo que o Ventrue esperava que acontecesse. Antes de partir, Al-Amin lança um olhar para seu grande tapete na parede, encontrando o alfinete que representava Ballestra, fixado em um dos círculos mais ao centro da mandala.
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Ter Mar 20, 2018 7:16 am
A carruagem escura corta as ruas de Istambul em movimentos rápidos e graciosos. A cidade, semi vazia e quase adormecida, parece saudar a passagem do Assamita. As inúmeras torres, que se opõem ao céu plúmbeo são um atestado da imortalidade da cidade. Há música no ar e alguns grupos cantam e tocam instrumentos em algumas esquinas. Acima de tudo, Istambul é viva, pulsante. Difere-se das outras capitais europeias justamente por isso: há alegria no ar, não obstante os conflitos, revoltas civis e complôs políticos.

A viagem conduz Al-Amin até o distrito de Zeytinburnu, onde as estradas mal cuidadas se misturam ao suave cheiro de sargaço do Mar de Marmara. Não muito distante, Al-Amin divisa os muros da cidade antiga, que resistiram a todos os invasores que passaram pela antiga Bizâncio e, posteriormente, Constantinopla. Estão ali, firmes, como mais um monumento à resistência de Istambul. Ao fundo, ergue-se o imponente o Forte Yedikule, palco de inúmeras batalhas. Por onde quer que o Assamita olhasse, a cidade o agraciava com seus monumentos e sua beleza, como se saudasse a sua passagem.

Em uma pequena colina diante do mar, ergue-se a morada de Ibn-Sayad, autoridade máxima dentre os Assamitas de Istambul. É um local pequeno, cercado por portões desgastados e muros baixos. Uma pequena torre se prolonga em direção ao seu, enquanto a arquitetura omíada, com seus belos arcos e estruturas pontiagudas, se ocupa de dar um caráter quase místico ao local. Não há jardins nem seguranças, o portão se encontra aberto, como se o proprietário - ou a casa - esperasse a visita de Al-Amin. Atrás do Assamita, somente o som das ondas golpeando as partes mais baixas da colina. À sua frente, um dos servos de Ibn-Sayad o aguarda.

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Ter Mar 20, 2018 2:32 pm
Cruzar as noites de Istambul era sempre um prazer a parte. Mesmo quando se deslocava pela cidade em razão de alguma diligência - tal como agora - Al-Amin aguçava seus sentidos. Os cheiros, luzes e sons o encantavam. Gostava das músicas que escapavam dos bares, dos cheiros das especiarias e do fumo queimado, das cores dos muros e roupas, que assumiam um tom soturno à luz da lua.

Ir de Sultanahmet até o distrito de Zeytinburnu já permitia contemplar parte da grandiosidade de Istambul. A mistura de estilos arquitetônicos serviam de evidência para sustentar a alcunha da Cidade de Muitas Faces. Os minaretes das mesquitas que não paravam de ser erigidas se mesclavam às ruínas e prédios da antiguidade. Al-Amin observava tudo com um grande sorriso no rosto. Era como olhar uma amante nos olhos, sentir seu perfume misturado ao suor, ouvi-a sussurrar juras de amor e paixão em seu ouvido.

Ao chegar na morada de Ibn Sayad, Al-Amin contempla a arquitetura da pequena construção. Ele pede que seu cocheiro para próximo ao portão e desce da carruagem. Se aproxima devagar do portão aberto, para sentir em seu rosto o vento que carregava o cheiro do mar. Diante do servo de Ibn-Sayad que o aguardava, Al-Amin faz uma pequena reverência:

- Salaam Aleikum! Peço desculpas por interromper o venerável Ibn Sayad sem aviso prévio, mas trago notícias que precisam ser ditas a ele com uma certa urgência.
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Ter Mar 20, 2018 5:39 pm
O servo, um homem de meia idade de pele olivastra e olhos amendoados sorri. Sem dizer uma palavra - mas ainda sorrindo - acompanha Al-Amin até belíssimo jardim interno cercado por bancos em mármore branco. A lua cheia brilha, serenamente, acima da casa e o silêncio é quebrado somente pelo vento e pelas ondas. Ainda no jardim o servo indica um corredor de teto baixo, com lâmpadas elétricas nas paredes de tom avermelhado. As paredes são decoradas com pinturas islâmicas, retratando batalhas recentes e antigas.

Ao final do corredor, se abre uma salão redondo imaculadamente branco. O local é sustentado por quatro pilares de mármore. Nas laterais, jardins internos adornam o ambiente e ao fundo dos quatro pilares, repousa uma pesada mesa de madeira escura. A poltrona, da mesma cor da mesa, está em descompasso com a mesa. A única parte não prefeitamente branca do salão é a parede ao fundo, adornada com fórmulas matemáticas aparentemente divinas, e na qual escreve um homem baixo e de pele quase obsidiana, vestido somente calças de linho branco e com um turbante igualmente branco cobrindo a cabeça.

Ele parece não notar a entrada de Al- Amin enquanto suas mãos se movem elegantemente pela extensão do muro.
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Qua Mar 21, 2018 3:00 pm
Muitos Cainitas que conhecem Al-Amin se perguntam dos motivos que levaram o clã Assamita a Abraçá-lo. Os vampiros apontam que alguém como ele estaria muito mais acomodado no Clã da Rosa, tendo em vista a frivolidade de seu comportamento e sua predisposição à vida social entre Cainitas e mortais. Porém, toda essa dúvida seria dissipada se tivessem a oportunidade de vê-lo diante dos anciões dos Filhos de Haqim. Obediência e respeito substituem as bajulações vazias e a verborragia. Em meio aos irmãos, Al-Amin é indubitavelmente um descendente de Haqim.

Disciplina, hierarquia e lealdade. Seja ele um guerreiro, vizir ou feiticeiro, um Assamita sempre vai respeitar esses valores. Ali, diante de Ibn Sayad, Al-Amin é só mais um Filho de Haqim cumprindo seu dever.

Antes de adentrar no salão branco, Al-Amin remove os sapatos, em respeito à Fé Islâmica de seu superior. Ele se aproxima lentamente, observando Ibn Sayad trabalhar. Temia perturbar o feiticeiro, mas precisa se reportar a ele.

- Salaam Aleikum, Venerável Ibn Sayad - disse Al-Amin em árabe, sua língua materna. Ele se dirigia ao feiticeiro com a cabeça abaixada - Que a benção de Alah esteja convosco. Peço mil desculpas por chegar sem aviso e interrompê-lo em seus afazeres, mas trago uma notícia que julgo ser importante.

- No início desta noite, o Ventrue Carlo Ballestra veio à minha casa, trazendo uma notícia deveras extravagante, ao menos para mim, um Vizir de poucos conhecimentos místicos. Ballestra me reportou que estava aflito, pois, há três noites encontrou um jovem Cainita em seu território, Üsküdar, com uma estranha doença. O vampiro apresentava chagas espalhadas pelo corpo, além de ter perdido grande parte das suas faculdades mentais. Ele foi mantido em isolamento, até que na noite passada foi encontrado morto. No lugar de seu corpo havia apenas sangue e pus. Para piorar a situação, um dos vampiros que servem Ballestra, que capturou e manteve contato com o primeiro infectado, começou a manifestar sintomas da doença, tendo sido também colocado em isolamento.

- Curiosamente, nenhum dos mortais à serviço de Carlo manifestou qualquer sintoma, de modo que nos parece ser uma doença que afeta apenas Cainitas. Sobre o vampiro em questão, o Ventrue disse que não sabia a que família pertencia, nem sua origem com exatidão. Mas parece que era de origem balcânica, pois o pouco que se manifestou foi em sérvio.

Al-Amin faz uma pausa, para colocar seus pensamentos em ordem.

- Devo dizer que Ballestra estava legitimamente amedontrado e preocupado. Não creio que tenha inventado a história por completo. Ele me pareceu muito contente quando eu disse que levaria essa questão aos superiores do meu clã. Sou conduzido a pensar que era isso que queria, tendo em vista que todos os Cainitas com influência em Istambul sabem que sou um canal fácil para os Filhos de Haqim.

Mais uma pausa. Dessa vez, Al-Amin levanta a cabeça.

- Contudo, também devo dizer que tenho receios. Carlo Ballestra é uma figura polêmica no círculo de poder de nossa cidade. Suas inclinações são claras, no que tange à governança de Istambul. Me pergunto se ele não está levando nossa família para um lugar que afetaria nosso convívio com Mustafah e os Toreador.

Al-Amin volta a baixar a cabeça.

- O que pensas disso tudo, meu senhor Ibn Sayad?
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Qui Mar 22, 2018 6:40 am
Ibn-Sayad parece escutar parcialmente toda a explicação de Al-Amin. Suas mãos cessam o movimento, descansando atrás do corpo. Sayad não se gira. A cabeça se move lentamente, como se conferisse os intrincados cálculos escritos no muro branco. É somente quando Al-Amin faz a última pergunta que o outro Assamita se gira, em direção ao visitante.

Seu rosto é sulcado, adornado com um nariz grande e adunco. Os lábios são finos, como os das pessoas cruéis, e os olhos são sempre impactantes para Al-Amin, não importa quantas vezes tenha estado em presença de Al-Amin. O esquerdo é escuro como uma noite de inverno e o direito emite uma cor alaranjada, quase como a de um felino. Ibn-Sayad responde e sua voz é rouca como o vento que passa entre as árvores ressecadas no deserto.

- Salaam Aleikum, Al-Amin.

Ibn-Sayad indica a Al-Amin que se sente na única poltrona disponível, a que repousa atrás da mesa de trabalho. Caminha por alguns segundos, pondo-se diante do visitante, como se fosse ele aquele que procura conselhos. O desnível entra a mesa, numa posição mais alta, e Ibn-Sayad dá a Al-Amin uma inevitável sensação de superioridade em relação ao seu par.

- A notícia que me trazes me causa grande comoção, meu Senhor Al-Amin. Não enxergo a razão pela qual Istambul deva, continuamente, passar por tais provações.

Ibn-Sayad dá alguns passos. Observa o muro, agora atrás de Al-Amin, por alguns segundos. Seus lábios parecem se mover, como se estivesse tentando memorizar alguma informação.

- Nem sempre é belo ver como a história se repete. Eu sou velho, mas mais velhos do que eu são as histórias. São elas que nos ensinam. E, de certa maneira, não me surpreendem as notícias, pois tal tipo de infecção já foi observada séculos atrás. Eram anos de violência quando Constantinopla, governada pelo Triunvirato, foi acometida por uma praga vampírica que dizimou boa parte da população de Cainitas da capital. Os residentes alegavam que a praga havia sido trazida pelos cainitas do Oeste, deliberadamente, numa tentativa de enfraquecer o Império. De fato, frear o contágio só foi possível graças à intervenção pessoal de um dos membros do Triunvirato. Dizem que o Drácon, munido de poderosos conhecimentos alquímicos, elaborou um antídoto. Quando Constantinopla se reergueu, a fúria de Drácon caiu sobre as terras do Ocidente e tratados foram feitos, às pressas, para evitar que uma guerra explodisse.

Ibn-Sayad se senta no chão branco. Al-Amin quase não consegue enxergá-lo.

- Eu não caminhava entre os Filhos quando isso aconteceu. Mas as histórias passaram por cada um dos responsáveis de Istambul até chegar a mim. Os sintomas eram os mesmos que você me descreve, mas a velocidade de contágio me parece diferente. Nossas fontes falam de muitos cainitas destruídos em poucas noites. Podemos, portanto, traçar três hipóteses interessantes: é uma infecção totalmente diversa, a praga se tornou menos mortal com o progredir dos séculos ou quem a trouxe de volta não é tão competente quanto os agressores de outrora.

Ibn-Sayad sorri pela primeira vez. Os dentes são alvos, contrastando imensamente com a pele escura.

- Desnecessário dizer que, com o desaparecimento do Drácon de Constantinopla, muitos dos conhecimentos acumulados foram perdidos. Os saques e a violência das invasões fizeram o resto. Muito foi roubado. Se desejarmos conter tal infecção sinto que teremos de começar do zero.

- Os meus conhecimentos sobre as laços que unem e desunem nossas famílias nessas últimas noites são limitados. Dentre nós, é você o estudioso das teias. E então, lhe pergunto, meu Senhor Al -Amin: alguma intuição sobre esta infecção?

Ibn-Sayad se levanta e se aproxima da mesa de trabalho. Ao fundo, Al-Amin ouve o que parecem ser disparos de armas de fogo. O outro Assamita, todavia, parece imperturbável.

- Quanto a Ballestra e os Toreador, não há muito com o que se preocupar. Quando e se decidirmos intervir pelo bem de Istambul, as indisposições entre eles serão irrelevantes.
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Qui Mar 22, 2018 2:53 pm
Estar perto de Ibn-Sayad e ouvi-lo falar era sempre uma experiência interessante. O Feiticeiro exalava autoridade, mesmo que sua postura e modos fossem aqueles de um velho humilde.
Sayad carregava não só a autoridade de seu clã em Istambul, mas também era um repositório das memórias dos Filhos de Haqim na cidade. Ainda assim, compartilháva-os com membros mais novos e perguntáva-lhes sua opinião, tal como acabara de fazer com o Vizir.


Diante da pergunta, Al-Amin, ainda sentado na poltrona, apóia a cabeça em sua mão e solta um riso abafado e melancólico:

- Devo dizer, Syd Sayad, que a Europa encontra-se em um nível de tensão tão grande que qualquer conjectura que eu faça será mera especulação. A Paz Armada sob a qual vivemos está cada vez mais frágil e é sabido que as Famílias estão envolvidas até o pescoço. Na verdade, temo inclusive que qualquer especulação que gere um curso de ação pode disparar um conflito que será a fagulha que incendiará tudo o que conhecemos. Nos últimos anos, o Império vem perdendo força e território como nunca antes. Muitos são os atores que nos observam como abutres olhariam um animal prestes a morrer...

Al-Amin suspira. Ver Istambul mergulhada na guerra era um pesadelo que se tornava cada vez mais real.

- A derrota que sofremos nos Bálcãs foi mais do que territorial. O Império gastou muito dos seus recursos e continua com um nível baixo de industrialização. Hoje, se formos nos comparar a países como a jovem Alemanha, por exemplo, perceberemos que estamos séculos atrás. Diante disso, imagino que muitas famílias estejam interessadas na perda de poder do Império... Os próprios Ventrue, na disputa constante que vêm travando entre si, poderiam ter interesse na queda do Príncipe.

- Contudo, pelo que me dizes, a infecção tem natureza esotérica. Não creio que os Ventrue estejam entre os mais aptos para infligir esse tipo de ataque. Os Tremere do Império Austro-Húngaro, no entanto, seriam candidatos muito mais aptos. As divergências e animosidades entre os dois impérios já vêm de alguns séculos. Podemos pensar também nos malditos Filhos de Set, que estão sempre batendo à nossa porta com suas mãos cheias de escamas. Sabemos que a presença deles em Istambul não é nenhum segredo e o clima geral de tensão lhes é muito favorável.

Al-Amin pensa em como colocará as próximas palavras.

- Mesmo entre nossa Família, Syd Sayad, é sabido que existem posições divergentes sobre o destino do Império. É notório que fui Abraçado por irmãos contrários ao domínio otomano no Levante. Nunca escondi minha simpatia à autonomia árabe, mas prefiro viver sobre o jugo do Império Otomano por mais mil anos, do que ver as terras onde nasci dominadas por potências ocidentais. O Império é uma das maiores obras do nosso clã junto aos mortais.

Olhando de modo inquisitivo para Ibn Sayad, Al-Amin pergunta:

- Se me permite uma pergunta, Syd, é sabido quem foi o responsável por essa infecção no passado? Isso não nos forneceria pistas para descobrir quem está envolvido no seu retorno.

Ao escutar os barulhos de tiros, Al-Amin vira o rosto em direção a saída. O fato de Ibn Sayad não esboçar reação o deixava um pouco mais calmo, mas ainda assim, levantou-se da poltrona e ficou olhando para trás pelo canto dos olhos, aguardando qualquer alteração de Sayad.
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Qui Mar 22, 2018 3:42 pm
Ibn-Sayad se afasta da mesa, caminhando ao redor do salão. As mãos estão contidas atrás do corpo e os passos são lentos, quase cansados. A certo ponto, cessa a caminhada e gira-se para encarar Al-Amin.

- Sim, é sabido que as posições divergentes existem. Contudo, elas nunca foram razão de graves problemas entre os Filhos. Tenho ciência de suas convicções, Al-Amin, e as respeito. Sua leitura sobre a realidade é fascinante. Diga-me, estamos mesmo próximos de uma guerra? O que Istambul deverá fazer?

Ibn-Sayad senta-se em um dos degraus que porta à parede onde trabalhava. A face é serena.

- Quanto ao passado, conforme dizem os nossos registros, a identificação do responsável só aconteceu muito tempo depois de as mortes terem cessado. Aparentemente, as raízes do problema foram traçadas ao Egito e, como você bem observou, aos Seguidores de Set. Parte do Triunvirato era contra, mas Antonius, viajou até o Egito, onde dizem que seu acertar de contas com as Serpentes não foi... simpático. Desde então as relações entre os Seguidores e a Corte de Constantinopla, e depois de Istambul, somente pioraram.

A conversa é interrompida por mais tiros. Ao longe, os gritos de uma multidão se fazem sentir. Uma voz, solitária e distante, grita "Não à Guerra!" Ibn-Sayad, novamente parece não ouvir ou ignorar os acontecimentos externos.

- No entanto, duvido que os Setitas estejam novamente por trás de um ataque assim. Em Istambul há aqueles que se recordam, que aqui estavam à época. Vashtai é uma deles. E o conhecimento que ela detém identificaria diretamente os Seguidores. No entanto, os rituais profanos usados pelos Setitas jamais foram encontrados por Antonius...

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Qui Mar 22, 2018 5:25 pm
Al-Amin não consegue mais ignorar o que está acontecendo do lado de fora do refúgio de Ibn-Sayad. Ele responde o Feiticeiro com olhando para o lado de onde o barulho emana.

- Os ânimos estão acirrados, Syd Sayad. Estamos vivendo em um barril de pólvora. Por baixo da camada de civilidade que tanto gostam de exaltar, os Europeus se odeiam. Meu medo é que a guerra que virá chegue até Istambul. Não acho que o Império deveria entrar nesse conflito, pois as consequências serão devastadoras. Não temos recursos financeiros e materiais para suportar um confronto armado contra as nações européias.

Ainda olhando prestando atenção no barulho da multidão, Al-Amin balança a cabeça negativamente.

- Infelizmente, Syd Sayad, o modo como as coisas se desenham me levam a acreditar que participar de uma guerra não será uma escolha. Eu gostaria que fosse diferente. Gostaria de ver o Império recuperando sua capacidade agrária e investindo os excedentes em um amplo processo de industrialização. Mas não poderemos. Não teremos tempo. Muitos otomanos querem a guerra. Veem nela o único meio do Império se manter forte... não teremos como fugir.

Al-Amin se volta para olhar Ibn Sayad.

- Creio que nas próximas noites nosso clã precisará tomar decisões importantes. Precisaremos nos envolver com a política regional para que o movimento inevitável da guerra siga ao menos por um fluxo que nos seja favorável. O número de contratos vem aumentando. As Famílias do Ocidente estão ficando ansiosas para eliminar inimigos. Teremos que usar isso em nosso favor. Não importa o resultado dessa guerra, os Filhos de Haqim precisarão garantir sua influência sobre essas terras. Deixemos que os Ventrue e Toreadores pensem o que quiserem, mas Istambul é nossa e assim deve-se manter.

Al-Amin percebe que se exaltou mais do que o usual. Ele baixa o tom de voz.

- Quanto à infecção, Syd Sayad, tenho certeza que é uma ação neste conflito que se inicia. Se não são os Setitas a nos perturbar dessa vez, nem os Ventrue descendentes de Antonius, as possibilidades se mostram mais nebulosas. O que pensas dos Tzimisce que governam os Bálcãs? Fomos expulsos de lá nos últimos anos. Desde o desaparecimento de Drácon, sua influência em Istambul se reduziu. Talvez ainda exista interesse em conquistá-la como um novo centro de poder?
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Sex Mar 23, 2018 6:13 am
Ibn-Sayad continua sentado no degrau. As palavras de Al-Amin o fazem mover o rosto em direção a uma das poucas janelas, localizada sobre na parede atrás dos jardins internos. Em seguida, volta a observar Al-Amin com sua face ressecada e cheia de rugas.

- Estas manifestações de violência tem sido cada vez mais frequentes aqui no distrito e em outras partes da cidade. Especialmente nos últimos cinco dias. Alguns grupos de mortais se opõem ao governo, denunciando que as decisões temerárias dos Jovens Turcos nos carregarão a uma nova guerra.

Al-Amin se levanta. Caminha em direção à mesa de madeira, apoiando-se nela com as duas mãos e resultando bastante próximo de Al-Amin.

- Se você não tivesse vindo me visitar eu teria, eventualmente, lhe convocado. Por razões absolutamente diversas, é claro, uma vez que não estava ciente da infecção. No entanto, nossos observadores mais atentos notaram que algumas destas mobilizações políticas ocorrem sempre muito próximo ao refúgio de alguns cainitas notáveis de Istambul. Não me parece uma simples coincidência.

*Al-Amin se recorda de uma pequena passeata, dias atrás, nas proximidades de seu refúgio*.

- Quanto às nossas decisões, meu caro Al-Amin, deverão ser fruto de um longa ponderação entre os Filhos. Mesmo dentre nossas fileiras existem aqueles mais e aqueles menos beligerantes. A cidade, como um todo, não se divide de forma diferente. O Príncipe Mustafá e os Toreador tem usado muitos de seus recursos para evitar que as ações do governo nos levem a um conflito maior. Contudo alguns cainitas, liderados pelo notável Carlo Ballestra, defendem que o Império deva estabelecer alianças cada vez mais sólidas com as potências europeias. Mas destes interesses você já está ciente, pois nada escapa ao seu escrutínio. Os resultados deste enfrentamento, entretanto, a mim são desconhecidos. É um talento seu prever as vicissitudes da política.

Ibn-Sayad se afasta. Mais alguns tiros ecoam do lado de fora. Depois, silêncio quebrado somente pelo barulho do mar e pela voz do Assamita.

- Quanto à infecção, creio que posso ajudar a identificar suas origens ou, ao menos, as forças que foram usadas para colocá-la em movimento. Necessitarei, entretanto, de uma amostra de sangue infectado. Acha que seria possível obtê-la?
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Sex Mar 23, 2018 12:12 pm
Al-Amin fica pensativo. De fato, uma das passeatas em Sultanahmet ocorreu próxima de sua casa. Como não havia conversado com ninguém sobre isso, não havia se dado conta do padrão. Ele se vira para Ibn Sayad.

- Peço desculpas se me exaltei ao expor minhas opiniões, Syd Sayad. Sei que a posição que os Filhos de Haqim vão assumir nos dias vindouros será fruto da ponderação entre os sábios entre nós. Seja ela qual for, será a posição que defenderei.

Mesmo se acalmando, o Assamita não consegue conter toda a sua raiva. Ele cerra os pulsos enquanto continua dizendo:

- No entanto, não posso deixar de amaldiçoar os Três Pashas e suas atitudes infantis. O Império não é composto apenas de otomanos orgulhosos. Esse nacionalismo besta que professam será a desgraça de árabes, gregos, armênios e todos os outros povos que tem no Império a esperança de se manterem longe da influência do Ocidente. Istambul será servida como prato principal para os Cainitas sedentos por aumentar sua influência.

Ao perceber que o barulho diminuiu, Al-Amin volta a se acalmar e prepara-se para despedir de Ibn Sayad.

- Enfim, teremos noites interessantes à frente. Quanto à amostra do sangue infectado, creio que consigo obtê-la com Ballestra. Vamos torcer para que Elio, seu ajudante infectado, ainda esteja vivo para nos fornecê-la.

- Se me permite, Ibn Sayad, vou me retirar para seguir com essas diligências. Há algo mais que deseja de mim?
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Sáb Mar 24, 2018 6:31 am
Ibn-Sayad olha atentamente para Al-Amin. Pela primeira vez em todo o diálogo, esboça um sorriso. Sua face se torna quase gentil. O sorriso é interrompido por uma nova expressão de seriedade e Al-Amin tem a nítida sensação de que um dos olhos - aquele alaranjado - emana um brilho mais intenso que o normal.

- A única coisa que desejo é que você avalie bem as suas posições. Seja firme, mas não inflexível. Tempo chegará em que as ações de Filhos iguais a você definirá o sucesso ou o fracasso de uma empreitada. Tenha cuidado com as novas ideias e ouça atentamente os mais velhos. Você pode ir, agora. Estarei aqui, esperando, que a sua empreitada com Ballestra seja bem sucedida.

Ibn-Sayad caminha, lentamente, em direção à parede coberta de fórmulas. Depois de pegar um pedaço de carvão em cima da mesa de trabalho, se põe a produzir novos cálculos, aparentemente ignorando a presença de Al-Amin no salão.

É o servo de Ibn-Sayad quem conduz Al-Amin para fora da residência, sempre com maneiras educadas e atenciosas. Não expressa uma palavra, mas sorri continuamente. A carruagem do jovem Assamita o espera no jardim, pronta para fazer a viagem de Zeytinburbu até Üsküdar, onde esperava encontrar Carlo Ballestra. Deixa a propriedade através dos portões aberto, contornando-a antes de ter acesso à estrada que a conduz até a parte mais movimentada do distrito.

A descida da colina onde se localiza a casa de Ibn-Sayad conduz a uma rua apinhada de pequenas casas. A passagem é de barro e algumas barracas de madeira sugerem a existência de um mercado diurno. O local está quase vazio, com exceção de alguns bêbados ocasionais e de indivíduos que se movimentam furtivamente entre os becos que dão acesso a outras ruas. Al-Amin observa as marcas de bala em algumas paredes. Não há música, só um silêncio opressor quebrado pelas ondas distantes. Em um dos muros, escrito em tinta vermelha, a frase: "Não à guerra europeia".

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Dom Mar 25, 2018 1:02 pm
Enquanto a carruagem segue seu caminho até a balsa que o levaria para Üsküdar, atravessando o Estreito do Bósforo, Al-Amin ficou remoendo as últimas palavras de Ibn-Sayad. O que o ancião quis dizer com aquilo? Não estariam os mais antigos do seu clã de acordo com Al-Amin? Será que eles desejavam a guerra? A tolerância do seu clã com as ações de Carlo Ballestra era notável, mesmo com a oposição que este fazia a um princípe que, até então, havia sido favorável aos Filhos de Haqim. Ainda havia muitos fios obscuros na teia da política Cainita. Fios que Al-Amin ainda não conseguia compreender.

O Vizir ainda estava convicto de que uma guerra causaria a ruína do Império e, consequentemente, ameaçaria sua amada Istambul. Contudo, Ibn-Sayad deixou claro, ainda que de forma paradoxalmente hermética, que deveria ser flexível em suas opiniões.

Por hora, Al-Amin tentaria se distrair com o caso que tinha em mãos. Estava se dirigindo ao refúgio de Carlo Ballestra. Esperava chegar e ser recebido ainda esta noite, pois precisava da amostra de sangue do tal Elio. Também torcia para que o Ventrue cooperasse. Afinal, ele pareceu interessado na resolução deste caso.
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Dom Mar 25, 2018 2:25 pm
A travessia do Estreito foi rápida e tranquila. Al-Amin alimentava seus pensamentos ao embalo do Mar de Marmara. Soprava um vento frio que lembrava a ao Assamita o sussuro de uma amante. Diante dele, a cidade adormecida estava silenciosa, mas parecia encará-lo com seus olhos amarelados. O caminho até Üsküdar foi feito com uma certa pressa, A-Amin não pretendia ser pego pelo sol durante o retorno. As vielas, praças e ruas avançavam rapidamente enquanto o vampiro acompanhava com os olhos. Poucos mortais estavam fora de casa em um horário assim avançado e o público que acompanhava a célere carruagem era de bêbados, soldados e prostitutas.

As mesquitas se desenhavam contra o céu noturno, desafiando a grandiosidade do Palácio de Beylerbeyi. As casa ali eram de um alto padrão, pertencentes, em sua maioria, à nobreza do Império e aos funcionários abastados do governo. As calçadas eram limpas e as árvores eram bem cuidadas. A residência de Carlo Ballestra surgiu, impressionante, depois de girada uma esquina. Era uma grande propriedade, com um terreno circundante ainda maior. Um branco ligeiramente amarelado dava um ar respeitável à construção, que contava ainda com amplas varandas e balcões superiores. A arquitetura não era árabe, remontando evidentemente os grandes palazzi italianos. Era ainda circundada por grades e uma guarita de acesso. O cocheiro anunciou seu mestre, e os guardas abrem os portões com velocidade.

Enquanto a carruagem cruza os jardins, Al-Amin nota a presença de Carlo Ballestra em um dos balcões superiores. Tem um ar distraído, que se torna mais e mais atento enquanto a carruagem se aproxima da entrada. Em seguida, desaparece para reaparecer já diante da porta, onde parece se preparar para receber o visitante.
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