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Sex Jan 26, 2018 8:56 pm
Catacumbas Romanas Capill10

As catacumbas são a nova forma de sepultar os mortos na capital romana. O costume antigo de queimar os corpos vem perdendo espaço junto ao mais jovens patrícios que parecem aderir aos costumes Etruscos de enterrar os mortos. O preço por agregar culturas e digerí-las é mudar a própria forma de viver em Roma. Por hora, apenas duas catacumbas foram escavadas e preparadas para eventos fúnebres, são elas:

As catacumbas de Domitila, em homenagem a uma patrícia de família nobre de mesmo nome, que alcança cerca de quinze quilômetros de extensão abaixo do solo e por fora dos muros de Roma. A construção é a mais detalhadas das duas catacumbas existentes, possui dezenas de câmaras e caixas fúnebres feitas em pedra, a maioria vazia.  Nos últimos vinte anos os Patrícios têm adquirido posse e enterrado seus mortos nas catacumbas de Domitila.

A segunda, menor e muito menos visitada é a catacumba de Comodila, na qual fora encontrada na década anterior uma imagem do Cristo barbado. Um símbolo da fé cristã que se espalha pelo mundo conhecido, enaltecendo o messias, Cristo. Esta catacumba é fechada para toda e qualquer visitação. Sempre sob os olhos atentos dos Legionários dispostos nas entradas da Via Ostiense, onde está localizada, é o abrigo de um imortal imerso no estudo da vida e do que está além dela.
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Sex Jan 26, 2018 9:08 pm
* A noite parecia promissora, as tochas recobertas pelas gaiolas de ferro com o intuito de esconder as chamas e suprimir o medo que o fogo atiça na besta estavam dispostas de forma a clarear a Câmara principal da Catacumba, revelando os papiros empilhados sobre uma mesa de madeira. A luz amarelada sobre as pedras revelava muito mais. O local, que deveria ser um espaço fúnebre, abrigava o necessário para que alguém - ou algo - de fato vivesse por ali.

Na redoma circular que compõe a câmara principal, haviam uma cama recoberta de peles e tecidos, uma mesa disposta repleta de papiros e anotações, tinta e pena, além de alguns jarros decorativos com especiarias diversas oriundas dos vários cantos do Império. Alguns mapas, abertos, demarcando as últimas expansões da pátria mãe e uma curiosa pintura do Cristo barbado no teto.

Imerso em seus estudos, Appius é surpreendido por uma voz que há muito não ouvia.*


- Se há alguém mais disposto a entregar a eternidade aos estudos, eu desconheço. Como o invejo, meu bom Galerius.

* A voz era polida, masculina mas não muito grave. Algumas vezes encontraram-se na residência de seu Senhor, mas pouco dialogaram. A importância política daquele homem deixava claro que sua presença nunca era uma mera visita trivial. Acompanhado de dois legionários que logo dispensou, adentrava às Câmaras o Senador Lisandro.*

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Sex Jan 26, 2018 9:50 pm
*Appius estava há algumas noites debruçado sobre aquele pergaminho em particular: escritos do judeu Saulo de Tarso, morto algumas décadas antes, que parece ter posto um semblante de ordem na caótica religião da turba cristã; talvez terminasse de traduzí-los ao fim da semana. Porém, isso haveria de esperar. O Capadócio ergue sua cabeça lentamente ao ouvir a voz de seu visitante, e enquanto se ajeita na cadeira (se afastando do fogo), aproveita o movimento para se recuperar da surpresa.*

-Os cristãos atribuem toda sorte de milagre ao seu deus. A maioria são fantasias de mortais famélicos como aumentar pão e vinho. Mas eu confesso que acharia mais fácil acreditar em qualquer um deles do que a presença de Sua Excelência nessas catacumbas. Eu sinto honrado e surpreso por sua visita, Senador. E essa não-vida nos fornece poucas chances de sermos genuinamente surpresos.

*Após a fala, o sacerdote se levanta e faz uma reverência respeitosa ao Senador e lhe oferece um lugar para se sentar. Não conseguia imaginar o que teria despertado a atenção do Senador para sua pessoa, mas desconfiava que invariavelmente um problema viria junto.*
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Sex Jan 26, 2018 10:00 pm
* Lisandro, o Senador, observava curioso as pinturas nas paredes e teto pedregoso do local, assim como os pergaminhos que se avolumavam por todo o lugar. Sentou-se na cadeira de madeira escura que lhe fora destinada e, como de costume, sorriu amistosamente*

- E não somos nós - Roma - que acreditamos em toda a sorte de Deuses? D'aquele que ergue o Sol por detrás das montanhas àquele que mergulha no vinho todas as noites. Os homens e suas crenças sempre foram tão fascinantes quanto estúpidos, se me permite. Talvez a estupidez seja, de fato, a característica mais importante do homem. Afinal, é ela que nos leva a criatividade.

- Sem isto seríamos um invólucro de perfeição, chato e repleto de certezas. Qual a graça nisso, meu caro?

* Após sorrir por algum tempo, Lisandro começa a esboçar um tom mais sério. Talvez, sério demais para o sempre gentil Senador*

- Minha invasão de forma tão pouco educada em seus aposentos, sem prévio aviso, tem um motivo Appius. É seguro tecer palavras carregadas de consequências neste local?

*Questionou o Ventrue, conhecido como a Voz do Senado.*
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Sex Jan 26, 2018 11:55 pm
*O Capadócio esboça um fraco sorriso*

-Deveras. Cada deus acorrentado e arrastado até a capital em um Triunfo e mais um tijolo no monumento que é Roma.

-Quanto à sua pergunta, Senador, um dos motivos para eu escolher fazer minha residência entre os mortos é que o que quer que eles ouçam, têm muita relutância para dizer.

*Enquanto aguarda o que o Ventrue tem a dizer, Appius busca aguçar seus sentidos sobrenaturais, procurando perceber algo de anormal nas sombras que os cercam.*
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Dom Jan 28, 2018 7:16 pm
* A expressão amistosa e sorridente do Senador ganha traços sisudos, preocupados*

- Busquei, nas longas últimas noites, compreender o quadro geral e pintar um quadro com as tintas da informação colhida. Como bem sabes, estamos em guerra.

* Ele ergue o dedo indicador*

- Quando não estamos? Deve se perguntar.

* Ele levanta-se, inquieto e começa a circundar a sala indo - perigosamente - em direção à uma das tochas recoberta por uma gaiola de ferro*

- Desta vez, travamos uma guerra contra os nossos próprios antigos aliados.

* Ele ergue uma das mãos, colocando-a à frente da luz que se projeta da tocha, fazendo uma sombra tremular em uma das paredes*


- Tramam contra o Imperador Venturus Camillus, contra os nossos modos de viver a noite e, por conseguinte, contra Roma.

- Me inquieta ter atestado que...

* Se aproxima de Galerius. Seus olhos refletiam as chamas do outro lado da sala e sua expressão calma, porém firme, intimidava.*

- Teu senhor conspira, junto ao Clã da Noite, contra nós.

* Silêncio - outrora repleto de paz - sepulcral.*
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Dom Jan 28, 2018 8:15 pm
*O silêncio se estende por mais do que poderia ser confortável. O Senador sabe muito bem o efeito causado por suas palavras, e o Capadócio aproveita para organizar os pensamentos. Seus pensamentos e os de seu interlocutor. Galerius soube desde o início que a visita da Voz do Senado era qualquer coisa menos casual, mas as palavras ditas agora jamais poderiam ser revertidas, e arrastariam o sacerdote para algo que ele tinha dedicado suas décadas de não-vida para fugir: as políticas de sua espécie.*

*Appius Galerius Buteo observa Lisandro por mais um momento, por dentro e por fora [Auspícios 2] antes de se concentrar numa resposta:*


-Sua Excelência sabe melhor que ninguém o peso que essas palavras carregam. Uma frase simples carrega quase todos os pecados reconhecidos por nossos pares, e eu escuto isso com uma mistura de fascínio e horror.

-O senhor mencionou um quadro. Eu gostaria de ver as peças que formam esse mosaico, e qual a parte que eu ocupo nele.
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Dom Jan 28, 2018 8:36 pm
*O capadócio vislumbra no Senador através de suas habilidades de percepção uma aura pálida, mas recoberta em tons de roxo e vermelho, denotando certa ira e, ao mesmo tempo, prazer durante as palavras ditas.

Lisandro aproxima-se uma vez mais das tochas emanando chamas em tom púrpura, que iluminavam confortavelmente os aposentos mas não forneciam nenhum tipo de calor. Observou-a por um momento. *


- Fascinante.

* Volta-se ao jovem vampiro. Sua expressão continua fechada, embora não fosse inquisidora. Ainda.*

- A traição é fascinante. Imagino que tenhas conhecimento sobre a queda de Cartago.

* Ele se senta uma vez mais, cruzando as pernas*

- Nós, Ventrue, a destruímos por magnânima inveja. A maioria de nós atribui a invasão e destruição aos infernalistas e aos modos...tribais, que nossos iguais passaram a viver na cidade de sangue. Não estão errados.

* Ainda sentado, ele inclina o corpo em direção a Appius*

- A verdade absoluta, contudo, reside na incapacidade do nosso Clã de não estar no centro das tomadas de decisão. Não estávamos e eles prosperavam. Tramamos e a destruímos, e após um longo tempo lambendo feridas, construímos Roma.

* Como se precisasse, ele "respira" fundo*

- Se há alguma característica latente em comum entre nós e o Clã da Noite é  a incapacidade de ser figurante no espetáculo da noite. Este é o quadro, meu caro. O Império Romano - notóriamente Ventrue - através de Camilla e dos números sempre maiores no Senado, compeliram os Lasombra ao longo dos séculos a finalmente nos trair e, assim como nós fizemos com Cartago, fatalmente nos destruir.

* O Senador reclina-se, voltando a sentar-se elegantemente na cadeira *

- Óbviamente, Os Brujah de Cártago eram mais ferozes que nós, mas careciam dos milênios de liderança que nos formaram. Antevemos o que eles não puderam, a seu tempo.

- Teu Senhor e outros dois membros do Senado tramam há algum tempo - e acreditam que nós não sabemos - para a remoção de Camilla do Império e da não-vida.

* Ele sorri*

- Teu papel? Fazer uma escolha e dar a pincelada final no quadro, agora que conhece o tema.
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Ter Fev 06, 2018 1:30 pm
*Alegria e raiva. Que espécime singular era o Senador. Independente de suas intenções, ou da raiva que sentia pela suposta traição, estava claro que isso, este mundo de intrigas e política era, junto com o sangue, o que mantinha Lisandro noite após noite. E ao que tudo indicava, queria arrastar Appius para o mesmo caminho. O Capadócio escuta a palestra sobre Cartago com atenção: por mais que fosse apenas um prelúdio para os reais motivos do Senador, Appius não conseguia evitar a oportunidade de aprender um pouco mais.*

-Sede de poder Ventrue misturada com práticas diabolistas dos Brujah. Independente dos motivos (e eram bons motivos), Cartago possuía a receita certa para ser destruída, e o foi. E é da opinião do Senador que Roma trilha o mesmo caminho? E por traição de seus próprios filhos?

-A traição de um filho é um crime monstruoso, Excelência. Sua Excelência diz que meu Senhor conspira contra Roma e seu Imperador, o verdadeiro Imperador, por assim dizer, porém agir contra ele, nesse momento, nessas condições, não seria uma traição tão grande quanto a de que ele é acusado? Minhas relações com o Senador Dionysius estão longe de serem calorosos, quiçá cordiais, mas ainda lhe devo um módico de respeito, se não a ele, no mínimo às leis que nos regem. Eu lamento imensamente em decepcionar sua Excelência, mas se me procura para tomar qualquer tipo de ação contra meu Senhor tendo com base alegações fracas, receio que tenha perdido o seu tempo, embora tenha tido a oportunidade de conhecer a forma como os cristãos sepultam seus mortos. Porém...

*Ele se levanta e passa uma mão pelos tijolos que revestem a catacumba. Sob a luz púrpura, seu rosto parece ainda mais cadavérico que o normal para seu Clã.*

... Eu nunca deixei de ser um filho de Roma. Eu sei que deveríamos estar acima de tais sentimentalismos, mas receio que eu nunca tenha me libertado desse grilhão. Quando mortal, marchei sob a Águia a comando de Júlio César, e após minha primeira morte, migrei minha devoção das legiões para os deuses, mas meu coração ainda ficou em Roma.

-Todos nós ouvimos e comprovamos o que o finado imperador Augusto disse: que ele pegou uma cidade de tijolos e entregou uma de mármore. Há mais verdade nessa frase do que ele imaginava. Roma é mais do que uma cidade, é uma fera. Uma fera sempre sedenta de morte, terras e deuses. Nenhuma outra obra humana gerou tanta morte em sua História, nem trouxe para si povos de tantos lugares diferentes. Nós devoramos povos, devoramos deuses e os incorporamos aos nossos, e como que por mágica, conhecimentos ocultos da Britânia ou Assíria estão a nosso alcance.

-Essa cidade... essa obra não pode cair pelo capricho do Clã da Noite. Quanto a isso, Senador, sua Excelência pode contar com meu serviço, por mais humildes que sejam meus talentos.
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Ter Fev 13, 2018 9:32 am
* O Senador ouve atentamente as palavras do cainita à sua frente. Ao fim e notoriamente de forma proposital, confere alguns segundos de silêncio absoluto aplacado somente pelo som leve, quase nulo, da brisa noturna que adentra as paredes de pedra das catacumbas e se faz ouvir em eco, como se os mortos lamentassem ou se regojizassem em seus túmulos.*

- Estes aposentos são deveras interessantes, devo dizer. Assim como seu ocupante.

* Ele sorri*

- Se conhece verdadeiramente um homem - tal qual um vampiro - quando seu mundo desaba sobre si. Toda vaidade, orgulho, medo e devoção se convertem aos instintos mais primitivos e cabais que desembocam em um único objetivo - A sobrevivência.

* Ele se levanta, aproximando-se *

- Aprecio um homem leal. E lealdade possui um conceito muito mais amplo do que se imagina. Mas tuas palavras se desencontram, meu caro Appius.

* Com um discreto sorriso na face, ele continua*

- Roma não pode cair por um capricho do Clã da Noite, como bem dito. Mas esse capricho foi transformado em ação. Ação que arrastou para suas entranhas alguns outros membros de outros clãs, como teu Senhor, por exemplo. Portanto se Roma pode contar com seu auxílio contra nossos inimigos íntimos, filho amado, invariavelmente estará combatendo teu Senhor, que agora nos opõe e tantos outros, além dos Lasombra.

* Ele se aproxima um pouco mais *

- No entanto, não cabe a mim julgá-lo ou exigir qualquer ação de tua parte. É uma escolha pavorosa, eu diria. Roma e tudo que ele representa ou o teu Criador, e tudo de representatividade que ele traz para ti. Eu, contudo, trago a informação e o convite à um filho de Roma que possui uma estima considerável.


* Mais alguns segundos de silêncio quase absoluto. Até que o Senador bate palmas e os passos de um dos Legionários que o acompanham são ouvidos no corredor. *

- o Imperador Titus Venturus Camillus o convoca para uma audiência em seu Domus, na próxima noite.

* O soldado romano se aproxima e em suas mãos está um pergaminho selado com o símbolo de um leão e uma águia em suas costas. O ícone em cera derretida do reconhecido Imperador Cainita, Camilla.

O Senador se mantém em silêncio*
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Qui Fev 15, 2018 1:44 pm
*Appius segue o Senador com o olhar por uns instantes, mas depois se concentra no seu refúgio, enquanto escuta o que o Ventrue tem a dizer. Enquanto reina o silêncio de efeito causado pela Voz do Senado, o Capadócio começa a pensar que essa deve ser sua última noite de paz nas catacumbas. E enfim responde:

-De fato, um refúgio interessante. Por motivos práticos e religiosos, eu sou muito simpático ao novo hábito de enterrar os mortos, mas não é por isso que estamos conversando, lamentavelmente. Falávamos sobre lealdade, e como eu disse, é um crime monstruoso que um filho se volte contra o pai. E isso inclui um cidadão se voltar contra a cidade que tanto o amou. Se alguma noite eu me deparar com tal situação, não tenha dúvidas aonde estarão minhas lealdades. E é o máximo que posso ou irei dizer sobre o assunto.

*O sacerdote avança e toma o pergaminho da mão do legionário, com um leve aceno da cabeça.

-Se um imperador chama, ao súdito nada mais resta do que atender. Talvez um ou outro membro do Senado faria bem ao se lembrar da história de Mithras e Camdem, e o que hoje são conversas poderiam ser apenas isso, conversas...

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Qui Fev 15, 2018 9:43 pm
* O legionário entrega o pergaminho e ao tocá-lo, imediatamente, Galerius é acometido por uma série de imagens que inundam sua mente na seguinte e exata ordem*

Um rosto indecifrável, envolto em sombras, reúne duas outras faces em volta de si. Estas sim, visíveis. Não são humanos, são monstros deformados em verde musgo, com pele derretendo por suas bochechas, dentes afiados e protuberâncias ósseas que lembram chifres. Aos pés dos  três, Roma arde em chamas.


Uma reunião repleta e exclusiva de Cainitas, realizada no Panteão, na qual as faces do Imperador e de Lisandro se destacam. Sangue verte das paredes em torrentes, uma face dentre tantas as presentes sorri. O rosto permanece oculto na escuridão, mas sua toga senatorial é vista plenamente.

Duas espadas se encontram firmes, uma se quebra. Homens avançam e uma Villa inteira é posta em ardentes chamas. A luz do fogo cintilante retrai as sombras por um breve momento, que novamente ganham volume e engolem não só a vila, como toda a visão.


* Voltando a si, como em um tardio despertar pós-abraço, Galerius nota que o Senador falava-lhe algo já há algum tempo*

-...e por isso o Imperador deseja reunir-se convosco, Appius. Tens a minha aprovação e indicação, após a avaliação cuidadosa de sua posição sobre as notícias trazidas por mim. Talvez, Camilla precise de um Camdem, como Mithras precisou. Embora o último tenha escolhido deixar o Senado e isolar-se em suas amadas ilhas e nos deixar orfãos de sua presença.
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Qui Fev 22, 2018 2:49 pm
*Se um Cainita se encontrar num momento contemplativo, pode chegar à conclusão de que nada na Maldição de Caim pode de fato ser considerado uma maldição. Appius se sentia agora dessa maneira acerca da maldição que assolava o Clã da Morte. Ao receber o pergaminho do legionário, o Capadócio sente na alma uma visão profética, como quando esteve no limiar da morte enquanto ainda era mortal, e essa experiência era ainda mais pavorosa. Roma, o Senado Eterno, todos envoltos numa trama mortal que terminaria por envolver a todos em chamas, metafóricas ou não. O fato é que ao ver o que tinha visto, qualquer mortal ou Membro com maior contato com seu seu lado humano assumiriam uma palidez lívida em resposta ao choque. Como Capadócio, Appius parecia ter visto um fantasma, independente da situação. Passado o choque da revelação recebida, ele percebe que o Senador estava envolto em um monólogo há um tempo considerável. Felizmente o amor ao som da própria voz característico dos Ventrue lhe deu tempo o suficiente para se recompor.*

-Certamente, certamente, Senador. Agradeço no que me diz respeito.

...

-A história de Mithras certamente é uma interessante. Não consigo entender por que ele abandonaria Roma por suas ilhas nos cantos mais distantes do Império, mas por outro lado entendo que as preocupações de sua idade e Geração estão além de minha compreensão. Agora... se houver algo em que eu possa ser útil, Senador?

*Embora de comportamento discreto e taciturno, Appius não consegue deixar de transparecer certo nervosismo. Ao observá-lo, poderia-se imaginar que a causa da apreensão era o pergaminho com a convocação em suas mãos. Quem tomasse essa conclusão estaria certo, mas pelos motivos errados.*
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Sex Fev 23, 2018 12:31 pm
* Lisandro sorri e começa a deixar os aposentos*

- Me alegro ao mesmo passo que me entristeço em ter trazido tais notícias a você, meu caro Galerius. Sejas bem-vindo ao jogo da eterna noite.

* Sem aguardar respostas, o pomposo cainita deixa os aposentos do Capadócio acompanhado de seus legionários. Appius volta a sua cômoda solidão ao lado dos que já passaram, apenas com o pergaminho ainda fechado em mãos.*
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Sex Fev 23, 2018 4:08 pm
*Finalmente sozinho, Appius pode por seus pensamentos furiosos em ordem.

-Pense, sua desculpa infeliz para um erudito! O que pode isso tudo significar?

*Uma conferência com um colega seria ideal, mas que colega? Dionysius? Depois do que havia descoberto esta noite, não tinha dúvidas de que qualquer contato com seu Senhor seria invariavelmente observado por alguém a serviço do Senado Eterno. Sahar? Opção ainda pior que Dionysius. Ele pode ter acesso a mais conhecimento devido à relação próxima com o ancião, mas era mais jovem que o próprio Appius e, se o que Lisandro disse for verdade, o provável é que Sahar esteja envolvido até o pescoço com o que quer que o mentor estivesse envolvido, isso sem contar o desapreço mútuo entre os dois. A verdade é que, até onde podia dizer, Appius era o maior erudito entre os Membros na cidade, pelo menos fora do Senado Eterno. O esperado seria Appius ser consultado acerca de questões esotéricas, e não o contrário, portanto, por ora, o Capadócio estava sozinho.*

*Galerius limpa a mesa onde estava estudando antes da chegada do Ventrue e senta nela, apenas com o pergaminho da convocação do Imperador à sua frente, enquanto tenta se lembrar do que havia visto. O rosto envolto nas sombras certamente deve ser uma referência aos Lasombra, as duas espadas às facções em conflito iminente, ainda que não declarado até o momento, e o sangue e fogo eram auto-explicativos. A villa não remetia Galerius a nada, mas desconfiava que saberia na hora certa.*

*Portanto restavam as duas figuras medonhas ao lado do aparente mentor de tudo. Duas opções mais óbvias vinham à mente: os Nosferatu, Cainitas monstruosos que dedicavam suas noites a se esgueirarem suas formas desagradáveis para longe dos olhos mortais, embora o sacerdote não acreditasse que o Clã, por mais amargo que fosse, tivesse motivos reais para um ataque à Roma e ao Senado Eterno; a outra opção, porém, era mais concreta: a conversa com o Senador sobre Cartago lembra Appius dos Infernalistas, e sobre os motivos óbvios que teriam para antagonizar Roma. Certamente um pensamento a ser analisado com mais dedicação no momento certo.*

*A verdade é que, no momento, Appius deveria se concentrar na ferramenta mais óbvia e acessível, logo à sua frente: o pergaminho com o selo do Imperador Camilla. O vampiro rompe o selo e lê o conteúdo com cuidado. Terminada a leitura, o Capadócio se põe a examinar novamente o pergaminho, mas dessa vez com algo além de seus olhos. Usando o Toque do Espírito [Auspícios 3], ele procura se concentrar no dono antigo do pergaminho, além de seu mero portador, se possível, e os caminhos e motivações que levaram à criação daquele objeto.*
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Sex Fev 23, 2018 11:11 pm
* O momento no qual o taciturno e recluso capadócio fora dragado para  o intenso e perigoso joguete político da noite eterna finalmente chegou. Imerso em seus pensamentos após a partida dos tão ilustres quanto indesejáveis visitantes, Appius utiliza-se de seu dom de percepção de eventos passados através do toque no pergaminho.

Imediatamente um cheiro adocicado e forte invade suas narinas. Vitae, em grande quantidade. Um homem banhando-se em um impluvium repleto de sangue, uma pequena piscina de mármore esculpida no centro do Átrium, o salão principal de uma casa romana. *



Catacumbas Romanas Casa-d11

*A visão, de um ângulo diagonal, não permite ver o rosto daquele imerso no vitae e foca no outro que escreve o pergaminho. Sua face é amplamente conhecida, respeitada e até mesmo temida em Roma.*

Catacumbas Romanas 1011

* Juno Prestes, o Conselheiro e mão direita do Imperador Camilla escrevera o pergaminho que repousa nas mãos de Galerius. Seus lábios se movem conforme a pena traça seu caminho no papel amarelado e seu olhar retorna ao impluvium. Um sorriso e a visão se esvai em tom de sépia até que Appius veja somente o pergaminho em sua mesa de estudos e as seguintes palavras contidas nele.*

Caro Appius Galerius Buteo,

É com pessoal júbilo e curiosidade que o convido ao Domus do Imperador Titus Venturus Camillus para uma audiência formal acerca de eventos recentes que, imagino, já lhe tenham sido revelados por nossos emissários. Indico, para que tenhas ciência e leveza, que o encontro tem a função exclusiva de elucidá-lo de demais questões que compreendem este assunto e estender-lhe a mão atenciosa e os carinhos devidos de um pai para com um filho amado.

Certo de vossa presença,

Prestes, Juno.
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Sáb Fev 24, 2018 6:26 pm
*Após ler a carta, além de todo o seu conteúdo espiritual, Appius passa uns instantes meditando, até que enfim pega um pergaminho de vellium em branco para escrever uma mensagem a seu carniçal.*

Seleucas,

Não estarei disponível nesta noite e na seguinte. Recolha quaisquer cadáveres disponíveis, como de costume, que lidarei com eles pessoalmente assim que possível. Se algum rito for exigido de minha pessoa, você será mais do que suficiente para conduzí-los sozinho.

Seu Mestre.


*O sacerdote deixa as instruções simples para que seu servo as veja durante a madrugada ou o dia. Pelas próximas horas, se dedica à criação de algumas Velas de Cadáveres, trabalho metódico e prático que restaura um pouco de ordem aos seus pensamentos conturbados. Em seguida, se retira para os recônditos mais profundos das catacumbas, aonde encontra seu sono em meio aos cadáveres, buscando uma paz que jamais encontra entre os vivos ou não-vivos.*
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Ter Fev 27, 2018 1:56 pm
* Uma noite conturbada e inquieta com os assuntos da noite se vai. O dia e o descanso merecido transcorrem mais rápido que o desejado pelo Capadócio. Um novo despertar ocorre e com ele, o peso da resolução de assuntos que há muito tentou se afastar.

Ao acordar, nas mais profunda ala das catacumbas. Appius ouve uma voz - em sua mente - que também tentara se afastar ao longo dos anos*


- Um filho distante e apático. Outro dedicado e presente, mas invariávelmente menos capaz. É minha sina fracassar na escolha mais sublime que um de nós, pesquisadores da morte e do além, pode ter?

* Dionysius invadia seus domínios e para além disso, sua particularidade e exclusividade do campo dos pensamentos. A pressão exercida por suas palavras talvez possam ser sobrepujadas pela vontade do Capadócio, se assim desejar, mas o esforço seria considerável.*
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Qui Mar 01, 2018 8:41 am
*Enfim, a trama se desenrola. Após anos de distância, não era coincidência que seu distante mentor entrasse em contato logo hoje, dentre todas as noites. Pois bem, talvez isso facilitasse as coisas.*

*Appius inala ar (mais um gesto reflexivo de concentração do que qualquer outra coisa) e fecha os olhos, expandindo seus sentidos para ficar em sintonia com o seu ambiente antes de abrir seus pensamentos mais superficiais para o contato de seu senhor. Porém, caso qualquer tentativa de sondagem mais profunda fosse realizada, ele imediatamente se concentraria em fechar sua mente.*


-Eu não diria fracasso, apenas estradas diferentes. A minha me levou à procura dos deuses e da morte, a sua à aprovação de nossos pares na noite. Eu ainda estou distante de encontrar o que procuro na minha, e a sua, meu senhor? Trouxe bons resultados?
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Catacumbas Romanas Empty Re: Catacumbas Romanas

Qui Mar 01, 2018 11:21 pm
* A voz rouca e cansada de Dionysius ecoa na mente de Galerius e parece, assim como sua cria, inspirar profundamente como se seus pulmões há muito mortos precisassem de ar*

- Perdoe a falta de polidos modos, meu filho, mas o tempo - e não somente ele - atuam contra mim. Aprovação de nossos pares? Ah, meu amado Galerius, tu nunca compreendestes e, como poderia? Fui afortunado por conseguir mantê-lo longe o suficiente para que neste momento possas enxergar o grande quadro.

* A luz púrpura de uma das tochas vibra com mais força, cintila no ar, cresce alguns centímetros em profusão e dela uma figura translúcida e pálida, com contornos azuis turquesa se forma aos poucos. Appius já ouvira falar das habilidades transcendentais da carne de seu Senhor, como se houvesse uma alma a se desprender do corpo morto-vivo e a vagar pela imensidão do cosmos.

Pela primeira vez, contudo, estava ali diante do mais jovem Capadócio. A imagem parece esfumaçar, perder foco e forma em alguns pontos durante as palavras ditas*


Catacumbas Romanas 0711

- Foi necessário atestar que não havia intrusos ou espiões em teus domínios, antes de minha projeção se concretizar. Há muito a dizer e, ironicamente para nós, tão pouco tempo.

* A figura fantasmagórica e translúcida levita lentamente, como se caminhasse*

- Agora, amado filho, perto do fim eu venho a vós e trago-lhe a revelação da podridão que reside por detrás das cortinas de Roma.

* Ele ergue um dedo*

- Antes, contudo, responda-me algo. Lembra-te de nossas aulas iniciais? Dos passos necessários para o estudo e compreensão de qualquer objeto, fenômeno ou situação? Cite-os, preciso averiguar se tua capacidade investigativa permanece afiada e inalterada, mesmo que tenhas se confinado neste local.
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Seg Mar 05, 2018 10:06 am
*Algo no tom do velho Capadócio preocupava Galerius. Era uma sensação que sentia muitas vezes quando aplicava uma benção ou realizava rituais para seu rebanho mortal, mas era a primeira vez que sentia isso em outro Membro: Dionysius sentia a proximidade da morte. Isso, por si só, despertou sua atenção, como se a projeção espectral não fosse o suficiente.*

-Eu desconfio que tenhas muito a dizer. Eu certamente tenho muito a ouvir, pois sei que estou diante de um mosaico, mas com diversas placas faltando.

-O senhor fala de confinamento, mas minha não-vida no sacerdócio e erudição nada mais é do que uma pedra de amolar para a mente, e acredito que finalmente seja a hora de tirá-la da bainha.

-Pois bem. Queres saber como minha mente funciona, e eu responderei. Baseado em nossas aulas iniciais e pensamentos próprios, me faço quatro perguntas toda vez que tenho a oportunidade de observar qualquer fenômeno, humano ou não, de maior complexidade:

*Appius começa a contar com os dedos*

...

-Quais são os ângulos dos quais posso observar isso?

-Quem se beneficia?

-Quanto tempo uma ideia se sustenta perante uma ideia contrária?

-E finalmente: quais as ferramentas que tenho à minha disposição para lidar com isso?

...

-Não é a primeira vez que ouço falar em um grande quadro, e, como disse antes, faltam peças para este mosaico, o que me leva diretamente para as três primeiras perguntas.
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Ter Mar 06, 2018 1:32 pm
*Se através da figura translúcida e pouco decifravel a face de seu Senhor fosse mais visível, Galerius veria um sorriso nele estampado como há muito não se mostrava. As luzes púrpuras das tochas parecem recuar um instante, escurecendo o ambiente e dando o tom das próximas palavras da projeção de Dionysius*

- Me alegra e enche de orgulho, perto do fim, notar que tu és a melhor de minhas obras nesta existência. Peço que ouças, filho amado, e possas usar tua afiada e perspicaz mente para compreender todos os motivos de minha ausência e forçada distância.

* Desta vez, a emanação translúcida emite uma luz mais vibrante, fortalecendo sua presença nas catacumbas*

- Dentre os ângulos, seria eu um Senhor obcecado pela política dos nossos contemporâneos a ponto de mergulhar em seus assuntos diplomáticos e burocráticos e com isso desdenhar de nossa natureza estudiosa e pesquisadora da Morte e de tudo aquilo que vem dela, me desfazendo no processo de minhas Crias, meus filhos ou seria eu um Senhor preso entre a difícil escolha de sacrificar-me dentro das entranhas de uma besta política descomunal enquanto empenho todas as minhas capacidades em manter meu mais amado filho livre para seguir o seu, e o meu, caminho?

- Dos ângulos apresentados, quem - de fato - se beneficiou com o duro golpe da distância imposta? Eu, o Senhor amarrado e subjulgado nos salões do Senado e de suas decisões unilaterais e guiadas por monstros que vão muito além de minhas capacidades ou o Filho que, em paz, busca seu caminho de iluminação do qual fui deliberadamente privado por minha posição necessária?

- Duzentos longos anos de sustentação da máscara, das aparências, não cairão quando questionados por dúvidas e sementes plantadas em teu coração, meu Filho, por aqueles que permanecem interessados na farsa que Roma se tornou.

- Tens tudo que aprendeu e se tornou e tens, como um último presente meu, o distanciamento necessário da podridão política do Império para enxergar o grande quadro e rumar livre em uma direção oposta ao fim que terei.

* Um minuto, talvez menos, de silêncio e a figura fantasmagórica continua*

- Pouco depois de teu abraço, adquiri ciência de uma farsa tão monumental quanto nociva no interior de Roma. Indícios de que o Imperador de fato, Camilla, havia sido substituído por um engodo friamente planejado e executado. Longos séculos e muitos sacrifícios - entre eles mantê-lo longe de mim e da noite romana - me levaram a compreender melhor a profundidade da questão. Eu precisava estar na mais profunda camada dos que tomam as decisões para encontrar as respostas que procurava.

- Titus Venturus fora morto ou subjulgado de alguma forma. Seu paradeiro, se ainda existente, permanece um mistério. Em seu lugar, de um modo que eu falhei em descobrir, um sósia de carne e espírito foi colocado para que as aparências se mantivessem e o poder sobre o Império continuasse inalterado.

- Desde então, pactos foram quebrados. Famílias cainitas foram atiçadas com o fogo da vingança e territórios que deveriam permanecer intocados foram invadidos. Roma expandiu-se nos últimos trezentos anos o dobro do que fizera nos quinhentos os antecederam. Aqueles que tramaram sentam-se ao trono imutável ocupado por um fantoche. Finalmente, reuni as provas cabais de tal trama e as enviei para os que possuem a capacidade necessária para intervir. Falhei, contudo, em sobreviver ao processo.

- Sahar jamais foi abraçado por mim, ele me encarcera em suas capacidades oriundas de seres inomináveis. Somente agora, no fim, pude escapar de seu controle e contar-lhe o necessário.

* A imagem tremula, rapidamente. Por um breve instante Galerius sente um forte odor de papiros e madeira queimada. O Cheiro forte de fumaça lhe invade as narinas e o susto inicial é aplacado quando o mesmo odor desaparece sem vestígios. A figura pálida e imaterial de Dionisyus volta a ganhar forma e a estabelecer discurso*

- Não me sobra mais tempo. De fato, já alcancei a minha morte final, meu Filho. Saiba apenas, Appius, que não há amor maior na noite do que aquele despertado em um Pai ao gerar um filho.

* A imagem se desfaz lentamente, como uma chama de tocha a se apagar com o vento. Galerius sente ter visto lágrimas rubras escorrerem pelos olhos da figura de luz púrpura a sua frente*

- De mim, que as parcas boas memórias de teus primeiros anos permaneçam.

* A voz e a projeção se foram, para a eternidade e o vazio que se alongam agora para o próprio coração inerte de Appius*
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Qui Mar 08, 2018 4:17 pm
*Ele não podia ter certeza do quanto tempo havia ficado parado nas catacumbas, afinal, a passagem do tempo é algo difícil de se medir embaixo da terra. Igualmente difícil de se medir era o tamanho do impacto das palavras causadas por seu Senhor. Por dois séculos, todas as diferenças que Appius julgava ter com o velho Dionysius os aproximavam mais do que ele jamais teria imaginado. E agora, que tinha ciência disso, Dionysius havia cruzado o Véu, rumo ao submundo e seu julgamento.*

*Appius começa a andar em direção ao seu altar, onde acende uma de suas velas de cadáver. Durante sua não-vida, havia sido um filho faltoso. Em sua Morte Final, faria o mínimo que estava a seu alcance: como sacerdote, poderia ao menos garantir os ritos apropriados para que sua alma fizesse a travessia em paz, fosse para o Tártaro ou aos Elíseos.*

*Sem um corpo, Appius coloca duas moedas em cima do altar; esperava que seu Senhor pudesse usá-las para pagar o barqueiro Caronte e ter uma jornada tranquila. Não havia família para fazer o cortejo fúnebre, ou o discurso. Até onde o Capadócio sabia, o que poderia ser considerado sua família fora responsável sua morte. Appius Galerius Buteo seria ao mesmo tempo familiar, sacerdote, orador e enlutado da morte de Dionysius, cria de Japheth, cria de Capadocius. Então ele começa um discurso curto, talvez apropriado para a situação.*


-Coube ao titã Atlas carregar o firmamento dos céus em seus ombros como punição por seus crimes contra os deuses. Ao longo de seus Doze Trabalhos, o herói Hércules cruzou com o titã, enquanto buscava um pomo das Hespérides. Sendo o único que poderia andar pelo pomar de suas filhas sem ser molestado, Atlas ofereceu a Hércules que pegaria os pomos se trocasse de lugar com ele, e carregasse o seu fardo por alguns instantes. Hércules era o mais forte dentre os mortais. Talvez mesmo até o mais forte dentre toda a prole de Júpiter, mas toda sua força de pouco adiantou para carregar o fardo suportado por Atlas por eras infindas. Hércules não foi capaz de carregar tamanho fardo, mas assim o fez. Eu não sou Hércules, mas sou igualmente incapaz; e igualmente o carregarei.

*Havia algo diferente no altar... Gotas de sangue. E foi com surpresa que Galerius descobriu que as gotas vinham de seu próprio rosto. Ele não conseguia se lembrar da última vez que havia derramado sangue ou lágrimas, mas agora fazia ambos. Conforme o sangue se acumula, o sacerdote se concentra e continua o rito.*

-Deuses do submundo, eu vos encaminho esta alma. Dis Pater, que é Plutão, senhor dos mortos. Perséfone, que senta ao seu lado como sua rainha. Eu vos encaminho essa alma desgarrada e rogo por sua proteção.

-E eu juro em nome de toda bile, veneno e enxofre do submundo, que esta morte não será em vão.

*Appius segue a uma tumba vazia onde deposita a vela e duas moedas. Com o sangue derramado, escreve o nome e a linhagem de Dionysius, além de seu epitáfio: De mim, que as parcas boas memórias de teus primeiros anos permaneçam.
*

*Ele precisava manter sua compostura, ao menos por hoje. Sua audiência o aguardava, e talvez a única coisa mais perigosa que comparecer a ela, neste momento, seria faltá-la. Munido apenas com o pergaminho de convocação e suas vestes sacerdotais, Appius Galerius Buteo deixa seu refúgio para sentir na pele morta o ar noturno de Roma.*


Última edição por Appius Galerius Buteo em Qua Mar 14, 2018 6:53 pm, editado 1 vez(es)
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Catacumbas Romanas Empty Re: Catacumbas Romanas

Sex Mar 09, 2018 12:59 pm
* O ritual é concluído e Galerius ruma para a fria, e agora mais escura, noite de Roma. Em seu âmago, uma verdade dolorida reverbera em um pensamento contínuo, porque todas as decepções são secundárias. O único mal irreparável é o desaparecimento físico de alguém a quem amamos.

Ao sair das Catacumbas de Comodilla, atravessando os níveis e galerias que as compõem, Appius finalmente chega a superfície e vislumbra as Estradas Romanas, traçadas com pedras batidas, a percorrer o horizonte em direção a Capital do Império. Vislumbra também, que a noite será cercada de novas companhias.

Legionários e uma carruagem romana o aguardam poucos metros após a saída de seu refúgio. O mesmo soldado que lhe entregara o pergaminho na noite anterior se apressa em sua direção. É um homem jovem, com cabelo militarmente cortado, um gládio na cintura e uma pilo nas mãos, sandálias de couro, um elmo e malha de ferro trançada, além de um tecido vermelho carmesim a lhe cair sobre o ombro por baixo da armadura, denotando algum grau de comando.*


- Senhor, fui designado para, pessoalmente, levá-lo a seu destino em segurança.

* Olhando mais adiante, Appius nota que os outros seis homens estão também fortemente armados, assim como seu interlocutor. A carruagem está com a porta lateral aberta, embora aida esteja há dez ou quinze metros do Cainita e do Legionário que lhe fala.*
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Sáb Mar 10, 2018 11:14 pm
*Appius observa o seu redor e o grupo de soldados. Uma escolta ou uma guarda - talvez ambos. Ele inclina a cabeça de leve para o comandante, e o cumprimenta em alto e bom som.*

-Salve, comandante. Me conforta saber que minha segurança e bem-estar são dignos de tamanho esforço, e tenho certeza que nessas condições não tenho nada a temer.

*O sacerdote se aproxima mais, e ele estende sua mão ao legionário, e continua falando num sussurro*

-Porém, tenha em mente que eu sou um arauto dos deuses do submundo, e eles não são inclinados à confiança cega...

*Através do toque, o Capadócio canaliza os poderes de sua linhagem, e aflige o comandante com a Máscara da Morte [Mortis 1], roubando um pouco de sua energia vital, fazendo com que ele sentisse o sopro de Dis, se tornando um pouco mais como um cadáver.*

-Entenda que o deus Dis tomou um pouco de sua vida como prova de confiança, mas nada tema. Tenho certeza de que nossa jornada será proveitosa e sem qualquer eventos, e ao final de seu leal serviço, faça uma prece e uma oferenda a Dis Pater. Se sua lealdade e oferenda forem ao agrado do deus, quando o sol raiar você recuperará o que lhe foi tomado, e talvez até saia mais sábio da experiência.

*Com um cumprimento final da cabeça, Appius segue adiante e entra na carruagem.*
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