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Istambul: A Cidade de Muitas Faces. - Página 5 Empty Re: Istambul: A Cidade de Muitas Faces.

Ter maio 08, 2018 5:27 am
Hardestadt não expressou nenhum outro comentário. Al-Amin percebeu que a mente do ancião parecia fervilhar, traçando planos e possibilidades. O Assamita sabia da fama de Hardestadt, sabia que ele invariavelmente alcançava seus objetivos. Al-Amin deixou o homem sozinho, deixando a residência sem passar pelo salão do Conselho, onde presumivelmente o visitante de Berlim se apresentava. Na saída, antes de chegar ao jardim, passou pelo homem que havia chegado com Hardestadt, possivilemente o General Karsh. Era alto, musculoso e bestial, com longos cabelos escuros trançados e olhos vermelhos como o carvão incandescente. O homem olhou para Al-Amin, mas não expressou nenhuma palavra.

O carro o levou de volta a casa. Presumivelmente Ibn-Sayad havia enviado Levi até a sua residência, onde poderia esperar em segurança. Al-Amin se sentia ansioso. Nunca havia conhecido um Filho de Saulot. Sabia que alguns deles sobreviviam, espalhados pelo mundo, condenados a viver em fuga dos odiosos Tremere e de sua propaganda. Esperava que Levi fosse capaz como lhe havia dito Ibn-Sayad, mas esperava também ser capaz de orientá-lo em meio às tramas de Istambul, de forma a protegê-lo.

Quando alcançou sua residência, notou alguém sentado num dos bancos do jardim. Era um homem alto e magro, de pele estranhamente morena, quase corada. Tinha cabelos castanhos, um rosto jovial coberto por uma barba igualmente castanha. Vestia-se de forma simples, com roupas bastante ocidentais. Não era por nada impressionante. Talvez por isso, pensou Al-Amin, tenha sobrevivido por tanto tempo. O Assamita notou, na medida em que se aproximou, uma pequena cicatriz horizontal na testa, assim como tatuagens nas mãos.

- O Senhor deve ser Aziz Al-Amin. Eu sou Levi - tinha um sorriso cordial no rosto. - É um prazer conhecê-lo finalmente.

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Na sala do Conselho, Geits expressava aos presentes a razão de visitar Istambul. Todos ouviram em silêncio as palavras do vistante, mas foi Vashtai quem respondeu.

- Não tenho certeza de que seja um bom momento para um cainita estrangeiro estar em Istambul. A cidade vem passando por alguns problemas, senhor Vorbeck. Este Principado pode não conseguir garantir a sua segurança e...

Um dos homens interrompeu a Toreador. Geist não sabia quem ele era, mas o homem tinha uma face notadamente europeia mediterrânea. Era mais alto que os demais, podia-se inferir ainda que ele estivesse sentado. Sua expressão, contudo, era de abatimento e cansaço, como se fosse um homem velho preso no corpo de um jovem.

- Não vamos hiperdimensionar os nossos problemas, cara Vashtai. Istambul é uma cidade aberta aos visitantes, é esta a nossa tradição desde tempos imemoriais. Todas as Cortes, neste momento, tem conflitos internos e externos e estou seguro que o senhor Vorbeck pode, de alguma forma, contribuir conosco.

Geist percebeu que um dos homens, uma criatura deformada como ele, o observava atentamente. Provavelmente se tratava de Agambios, Nosferatu listado no relatório de Goebbels. Foi ele quem interrompeu gentilmente o europeu.

- Não se preocupe com nossa segurança, Vorbeck. Se você fosse uma ameaça, não teria chegado aqui.

O homem europeu voltou-se para Vorbeck.

- Além disso, eu imagino que o senhor Vorbeck tenha meios para se proteger muito bem. Ou, ao menos, aliados poderosos que podem garantir a sua segurança. Um Colecionador é sempre muito bem relacionado, não estou certo, Herr Vorbeck.

Tinha algo de estranho no homem. Era como se tivesse uma força muito maior do que parecia, do que seu corpo poderia sustentar. Geist notou que do Conselho, somente Vashtai parecia notar o que ele notava. O homem se levantou, caminhando em direção de Geist.

- Se mais nada for dito neste Conselho, imagino que devamos nos recolher e nos preparar para a próxima noite, quando deveremos nos encontrar novamente com Hardestadt - dirigiu-se a Geist - Eu gostaria de trocar contigo algumas palavras, Herr Vorbeck. Ocorre que também eu sou um colecionador de obras de arte. Acha que podemos discutir algumas horas sobre nosso interesse em comum?

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Era uma bela cidade, Istambul. Podia-se sentir a influência das dezenas de povos e nações que haviam passado por aquele local. As construções eram belíssimas, as ruas apinhadas de mortais. Havia uma alegria no ar, muito parecida com a constante alegria do povo russo. No entanto, Dmitri sentia também uma tensão. Estava li, invisível mas palpável, uma sensação de que uma tempestade se avolumava no horizonte daquela bela cidade.

Sabia o endereço do Principado graças a Krasnov. Caminhou alguns minutos, tanto a estação de trem quanto o endereço eram no mesmo bairro. Deparou-se, quando chegou, com uma casa em estilo árabe, de um só andar larga e aparentemente espaçosa. Os portões estavam abertos e diversos carros e carruagens esperavam do lado de fora, nos jardins. Dmitri notou que um homem de estatura média, cabelos castanhos e casaco pesado, marrom escuro, fumava um charuto diante da fachada da casa. Teve a impressão de que se tratava de Hardestadt. Já havia visto o cainita em uma ocasião, num Conclave em Veneza algumas décadas atrás.
Dmitri Bogdanov
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Istambul: A Cidade de Muitas Faces. - Página 5 Empty Re: Istambul: A Cidade de Muitas Faces.

Ter maio 08, 2018 9:58 am
A presença de uma autoridade da seita, ali em Istambul, alarmou de imediato o brujah. Seus passos vacilaram por um instante, antes de continuar. Típico de seus costumes, Dmitri foi direto ao homem, sem rodeios, com as palavras prontas a serem ditas.

Saudações Hardestadt! É uma surpresa adorável vê-lo aqui, vai me economizar boas horas de viagem.

Dmitri pára de falar por um momento, percebendo que não havia se idenficado.

Perdoe meus modos rudes, sei quem és mas, não fazes ideia de quem sou. Deixe me apresentar. Sou Dmitri Bogdanov, vindo de Moscou. Vim tratar com uma anciã dos toreador um assunto que possivelmente seja de vosso interesse. Creio que podemos, se desejares é claro, conversar após eu me apresentar ao príncipe. Vai ser bastante útil que tenha o conhecimento das informações que carrego comigo.

Dmitri adentra a casa e deixa a autoridade em seu momento particular de. Meditação.

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Istambul: A Cidade de Muitas Faces. - Página 5 Empty Re: Istambul: A Cidade de Muitas Faces.

Ter maio 08, 2018 10:27 am
Dmitri adentra a sala. Repara que a casa é belíssima, decorada com muito bom gosto, ainda que com um estilo notadamente oriental. Hardestadt não se opôs à sua entrada, tampouco respondeu. O ancião parecia imerso em seus próprios pensamentos, e a chegada de Dmitri parece ter adicionado um novo elemento sobre o qual pensar. O Brujah atravessou um pequeno corredor, chegando até uma sala de reuniões pouco convencional: os Membros ali estavam sentados em almofadas dispostas no chão. Atendiam a um segundo cainita que, de pé, aparentemente se apresentava como era a sua intenção fazer.

Um dos Conselheiros se levantou e caminhou em direção ao homem no exato momento em que Dmitri entrou. Era uma figura claramente europeia, com longos cabelos e vestindo um terno azul marinho. O Brujah identificou outros homens, mas era a mulher, presumivelmente Vashtai, que atraía sua atenção. Era um deusa de ébano, altiva e impressionante, vestida em um branco diáfano e com um impressionante turbante equilibrado na cabeça. Foi dela a iniciativa de falar.

- Em que podemos ser úteis neste dia movimentado, visitante?
Al-Amin
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Ter maio 08, 2018 11:02 am
Al-Amin percorreu o caminho até seu refúgio com uma certa preocupação. Esperava não ser seguido e sabia que Istambul estava ficando cada vez mais cheia de Cainitas desconhecidos e imprevisíveis.

Ao chegar em casa e ver o jovem Salubri em seu jardim, recebeu seus cumprimentos com um sorriso. Estendeu a mão para cumprimentá-lo.

- Sim, Levi. Sou Aziz Al-Amin e sou eu quem tem a honra e o prazer de conhecê-lo e recebê-lo em minha casa.

Observou os traços do rapaz. O tom de pele, os cabelos e o formato do nariz, bem como o nome, obviamente, lhe indicavam uma ascendência sefardita. Nos últimos anos, o Império começou a receber um fluxo cada vez mais crescente de judeus, que iam em direção à Palestina. Talvez pudesse conversar com Levi a respeito da situação de seu povo, que tanto lhe interessava. Olhou também a tatuagem e a cicatriz na testa, com certa curiosidade, mas decidiu não perguntar nada.

Al-Amin olhou para os lados e disse:

- Sei que a noite está bela e amena, mas creio ser melhor entrarmos. Istambul não vem sendo uma cidade muito segura nos últimos meses e espero que ao menos a inviolabilidade dos refúgios ainda seja respeitada.

Ao entrarem, Al-Amin indicou uma das poltronas de sua sala e sentou-se em outra. Serviu uma taça de vitae e ofereceu para Levi. Com outra taça para si, cruzou as pernas e perguntou.

- Espero que sinta-se acomodado aqui nas próximas noites. Sei que teremos uma difícil missão pela frente, mas não quero que o dever lhe prive de bons momentos. Mas enfim... Diga-me, Levi, o que espera de mim e como gostaria de proceder com sua tarefa?
Arthas Baratheon
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Istambul: A Cidade de Muitas Faces. - Página 5 Empty Re: Istambul: A Cidade de Muitas Faces.

Ter maio 08, 2018 1:22 pm
* Estava por um fio. O Nosferatu tinha plena consciência disso.

Estava exposto aos cainitas de maior poder em Istambul e isso precisava ser corrigido, o quanto antes. As palavras de Vashtai tenderiam a complicar seus planos quando o homem alto com cabelos longos amarrados lhe proporcionou a chance ideal.

A começar, aceitar sua proposta o manteria em Istambul e o daria tempo para continuar sua busca e, mais importante que isso, o tiraria daquela sala e das perguntas que se seguiriam. Além disso, ao citar aliados poderosos, um certo estalo ocorreu ao nosferatu. Assim como Eigermann moveu suas peças em Berlim, Antiorix deveria o estar fazendo em Istambul. Citar a origem de sua Corte Alemã pode ter aberto uma brecha importantíssima para a continuidade de sua busca.

Primeiro, concentrou-se em responder a anciã, Vashtai.*


- Sou grato por ter sido recebido por este conselho, Senhora Vashtai. Ainda mais agradecido fico pelos avisos quanto ao perigo que ronda Istambul. Manterei-me cauteloso, graças a vossa preocupação.

* Olhou em seguida o homem e o respondeu, em tom amistoso embora sua face move-se mecanicamente.*

- Certamente, Senhor...

* Deixou espaço para que o homem falasse*

- Vem muito a calhar encontrar um outro apreciador de coleções específicas neste salão. Parlamentar com o Senhor será de muita ajuda, além de uma troca de informações essencial para o engrandecimento das coleções que mantenho na Alemanha e, quem sabe, para as que o senhor mantém em Istambul.

* Atiçou o homem, deixando entrelinhas legíveis em caso daquele ser um dos servos de Antiorix. Se não o fosse, nada demais seria apreendido na frase dita. Em seguida, concluiu.*

- Onde posso encontrá-lo? Devo antes somente atender ao chamado de Hardestadt, que, obviamente é inegável e prazeroso.



Istambul: A Cidade de Muitas Faces. - Página 5 Cgwo10


* Esperou a informação com o endereço e o horário para encontrar aquele homem novamente e rumou até a saída. Desejava deixar aquele salão o quanto antes mesmo que ainda tivesse que enfrentar outro grande percalço, o fundador da Camarilla. Notou, por último, a entrada de mais um homem. Istambul lhe parecia mesmo uma bagunça.*
Dmitri Bogdanov
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Istambul: A Cidade de Muitas Faces. - Página 5 Empty Re: Istambul: A Cidade de Muitas Faces.

Ter maio 08, 2018 6:17 pm
Dmitri caminha lentamente no recinto, observando atentamente todos os detalhes da decoração. Seus olhos curiosos devoravam cada detalhe daquela cultura, que para ele era estranha, exótica. Ele aproximou-se da bela mulher, olhando-o com certo desejo e então, após se aproximar o suficiente, começou a falar num alegre,num inglês carregado de sotaque.

Lamento chegar num momento impróprio, de muito movimento. Nada nos irrita mais do que tirarnos de nossa normalidade decadente. Falou Dmitri num tom amigável Chego a vossa cidade num momento particularmente delicado e a minha vinda até aqui não será demorada, apesar de que me parece que fui afortunado, já que lord hardestadt encontra-se na cidade, polpará muito trabalho e tempo. Ele faz uma pausa e olha para todos os presentes na sala, analisando as feições de cada um.

Procuro pelo príncipe, preciso daquela autorização para permanecer na cidade por no máximo três noites, devo encontrar Vashtai, uma sábia do clã toreador. Desculpe, me desatei a falar e não me identifiquei, sou Dmitri Bogdanov, oriundo de Moscou. Venho em nome da corte que componho, e quem seria a senhora, já que eu esperava ver o príncipe?

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Sex maio 11, 2018 9:34 am
Levi observava Al-Amin da mesma forma que o Assamita fazia. Parecia ser uma pessoa agradável, de sorriso fácil e modos suaves. Sentou-se diante de Al-Amin, mas recusou a taça de vitae oferecida pelo Assamita.

- Não quero ser indelicado, Al-Amin Bey, mas as condições nas quais eu bebo são muito restritas.

Apoiou a taça numa mesa lateral. Parecia não exibir nenhum sinal de tentação ou de Sede. Olhou fixamente para Al-Amin. Seus olhos brilhavam intensamente, um castanho-dourado como o sol do deserto. A cicatriz na testa pareceu distender-se.

- Eu fui ensinado pelo meu Senhor, Qaphsiel O Vingador, a combater o inimigo onde quer que ele se encontre. Nossos inimigos não são os inimigos da maioria da raça de Caim. Não são, por incrível que pareça, os Tremere. Ao menos não neste momento.

Sorriu.

- Não, meus inimigos são aqueles que passam a eternidade cultuando entidades obscuras e oprimindo mortais e outros membros da mesma forma. Meus inimigos tem nome. São os Baali, Al-Amin Bey.

- A amizade de meu Senhor com Al-Ashrad é antiga e notória. Quando o Feiticeiro apontou para a possibilidade que um dos inimigos estivesse em Istambul, me prontifiquei de imediato para vir até esta cidade. Meu Senhor, em seu Sono, guiou meus passos e minhas convicções, assim como guia as minhas palavras. Então, cá estou eu, pronto para o bom combate.

Olhou diretamente para Al-Amin.

- O que eu necessito de ti, ou melhor o que podes fazer por mim me foi explicado por Al-Ashrad. O espelho que tens em casa, lhe possibilitará localizar o inimigo. Teu antecessor, Ibn-Sayad, poderia tê-lo feito, mas seu tempo como protetor de Istambul se havia esgotado. É tua esta função, Al-Amin. No entanto, usá-lo desta forma significa tornar-te um alvo, uma vez que o inimigo entenderá que está sendo observado e quem o observa. Portanto, a escolha é tua. Posso localizá-lo por meio menos místicos, mas isto me tomaria um tempo que talvez não tenhamos. Fazê-lo, contudo, te coloca na linha direta de ataque daquele, ou daqueles, que habita esta cidade.

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O homem com cabelos presos retirou do bolso do paletó um cartão. Nele estava escrito "Carlo Ballestra", acompanhado de um endereço que parecia simples a ser localizado. O indivíduo cumprimentou Geist, apertando sua mão, e o Nosferatu pode notar uma força contida no gesto. Em seguida, Geist deixou a sala enquanto um outro homem, notadamente russo, adentrava o local. Ballestra tornou a sentar-se junto ao Conselho.

O Nosferatu caminhou para os jardins, localizando rapidamente Hardestadt, sentado em um dos bancos de madeira. Nas mãos, um charuto de perfume intenso. O Ventrue notou a aproximação do Nosferatu e cedeu espaço para que Geist se sentasse ao seu lado. Depois, começou.

- Interessante ver um membro da Corte de Berlim em Istambul, Herr Vorbeck. Ainda mais nestas noites... conflituosas, eu diria. Não é minha função questionar sobre a sua presença aqui, não sou o soberano desta cidade.

Hardestadt se ajeitou no banco. Geist percebeu que o olhar do Ancião era calmo, sereno. No entanto, conhecia a fama de Hardestadt. O Ventrue comandava uma vasta rede de aliados e informantes, pouca coisa na Europa passava despercebida aos seus olhos atentos. Ainda assim, perguntou.

- Como andam as coisas em Berlim, Herr Vorbeck? A Camarilla foi golpeada recentemente com a destruição de Gustav Briedenstein, e eu ainda não tive tempo de avaliar os impactos do acontecimento. Diga-me. Quais as suas impressões sobre o fato?

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- Eu sou quem procuras, Dmitri Bogdanov. Me chamo Vashtai, do Clã Toreador.

A Toreador se levantou e caminhou em direção a Dmitri. Os outros acompanharam com o olhar.

- O Príncipe Mustafá está em viagem pelo interior do país. Em sua ausência, este Conselho rege Istambul, e acredito que concordará comigo na análise de que, se a tua única intenção aqui era procurar-me, cabe a mim decidir tua permanência.

Dmitri notou olhares de estranhamento no Conselho. Istambul não lhe parecia unificada. Na ausência de um Príncipe era normal que os Conselhor de Primogenitura atuassem como governantes. Ainda assim, parecia ao Brujah que a situação da cidade era frágil, impressão que se tornara ainda mais pungente após chegar e perceber a presença de Hardestadt.

Contudo, se o Conselho discordava de Vashtai, nada declarou. Limitaram-se a concordar com a cabeça, dando espaço para que a Toreador conduzisse Dmitri até uma sala privada, distante dos demais. Dirigiu-se a Dmitri quando alcançaram o local e Vashtai fechou a porta. Era um pequeno escritório, com uma mesa e duas poltronas. As janelas possibilitavam uma belíssima vista de Istambul. Quando a Toreador falou, seu tom não era de afronta ou ira. Mas era extremamente taxativa.

- Diga-me o que deseja, Dmitri Bogdanov, do Clã Brujah. Teu nome é conhecido em Istambul e a tua presença aqui é vetada, assim como é para todo o teu Clã. Diga-me o que deseja e seja breve e conciso.

Fitou intensamente Dmitri.

- Muito embora eu já imagine do que se trata, e é a única razão pela qual estou disposta a tolerar a tua permanência.
Arthas Baratheon
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Istambul: A Cidade de Muitas Faces. - Página 5 Empty Re: Istambul: A Cidade de Muitas Faces.

Sex maio 11, 2018 11:56 am
*  O Fantasma despediu-se de Carlo Ballestra, nome que o cartão indicava, e caminhou até o jardim apoiado em sua bengala de mão. Avistou o homem por trás da Camarilla e aproximou-se, sentando no local que lhe foi indicado.

Sua face era inexpressiva e mantinha um olhar desinteressado, durante toda a conversa. Por baixo da Máscara das Mil Faces havia a sua própria máscara de gás, com os olhos preocupados do Nosferatu encobertos por ela naqueles globos negros reflexivos.

Ajeitou a gravata, como um tique nervoso, e o respondeu em um alemão - finalmente - polido*



- Me entristece o fato, mas não me gera nenhuma surpresa.

* Fez uma pausa em sua fala, gerando uma expectativa proposital em seu interlocutor. O observou, antes de continuar*

- Fui informado da trágica morte do Príncipe. Aparentemente, um atentado contra a estrutura do principado. Minhas impressões são irrelevantes, Hardestadt, visto que um atentado de tamanha proporção será gerido pelo alto escalão da Camarilla.

- No entanto não posso, e não irei, deixar de enfatizar a falha nas relações internacionais cometidas pela Camarilla para o Senhor, que a encubou com tanto carinho e que são diretamente ou indiretamente responsáveis pelo ocorrido, em minha opinião e por isso não me parece ser nenhuma novidade.


* Ajeitou-se no banco, cruzando as pernas*

- Vejas, meu caro. Embora França, Alemanha, Inglaterra e Rússia sejam todas geridas por Príncipes da Camarilla e sob sua égide - no caso das ilhas inglesas muito mais sob a mão pesada de Mithras que pela seita, diga-se a verdade - as relações entre as nações são desastrosas.

- Sanções econômicas são aplicadas há alguns anos sobre a Alemanha. Restrições estas feitas especialmente por França e Inglaterra. Tal aperto econômico influencia negativamente nos interesses de diversos membros da corte e expõem um grave problema de relações entre as três nações.

- O que a Camarilla fez para solucionar o problema? Não me recordo de nenhuma ação, Senhor Hardestadt. Não me surpreende o atentado, creio até que é uma consequência extremamente previsível dentro do contexto político e econômico atual.

- Consequência esta gerada pela incapacidade da Camarilla em manter uma coesão entre os Príncipes, evitando disputas territoriais internas como se não houvesse uma ordem maior. E, de fato, não me parece existir tal ordem nas relações citadas uma vez que Inglaterra e França se beneficiam de um acordo enquanto as demais nações sofrem para se manterem estáveis. Colapso gera conflito, é um tanto óbvio.

* Fez uma pausa, novamente ajeitando a gravata*

- Seriam os três Príncipes incompetentes ou a estrutura geral da Camarilla é mal gerida e incapaz de garantir soberania aos países que controla?

- Vale citar, por exemplo, que meus informantes deram conta de que a Cria de Gustav está em cárcere privado nas terras Francesas. Waldburg é um prisioneiro de Villon. Assim como, veja só, um cainita russo era prisioneiro de Gustav.

- Volto a enfatizar, não somos todos pertencentes a Camarilla? Vejas a que nível chegamos, encarcerar iguais somente porque pertencem a outra corte. Entender a destruição de Briendenstein, a meu ver Herr Hardestadt, passa por compreender as difíceis relações entre as nações sob a gestão da Camarilla que tem falhado gravemente no processo.

- Para mim é um tanto óbvio que conflitos virão a partir dessa situação. Conflitos internos, externos e quem sabe até mesmo globais.

* Fez mais uma pausa, encerrando após descruzar as pernas*

- Como um membro menor, porém ativo, me entristece ter que explicitar isso ao Senhor.
Dmitri Bogdanov
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Istambul: A Cidade de Muitas Faces. - Página 5 Empty Re: Istambul: A Cidade de Muitas Faces.

Sex maio 11, 2018 2:10 pm
Dmitri acompanhou Vashtai em silêncio até o outro aposento. Uma vez mais olhou para aquele débil conselho, até que a porta se fechasse atrás dele. Ainda em silêncio, ouviu as palavras ditas de forma inamistosa e áspera, contudo, manteve a serenidade no olhar. Dmitri não sentou, ficou a olhar a bela cidade de Istambul pela grande janela. Quando a toreador terminou de falar, ele sorriu, deixando a carta que Krasnov havia lhe dado na noite anterior no colo da anciã.

Ele esperou que ela lesse o conteúdo da carta, para finalmente começar a falar.



Istambul: A Cidade de Muitas Faces. - Página 5 20180510

Quando Krasnov falou sobre uma anciã de seu clã, que portava sabedoria e conhecimentos inimagináveis para mim, não sei porque imaginei uma velha decrépita, mas, a surpresa me foi agradável. Falando em surpresa, fico pasmo em saber quem sou, considerando que passei décadas na obscuridade e por não ter nenhum tipo de proeminência política dentro de nossa seita.

Não sei o que os brujah aqui fizeram para merecer esta medida punitiva a todos os membros do clã, contudo, estou aqui única e exclusivamente a favor de nossa organização. É para mim tão desagradável estar longe de casa e ser recebido desta forma quanto para você receber alguém de meu clã, logo, estamos em igualdade.

Isto não será ignorado e, num momento tão delicado e tenso, tanto para nós quanto para os mortais, estes pequenos impasses podem ter resultados catastróficos para a seita. Peço que vocês, membros de Istambul, não esqueçam o papel que nós brujah executamos. Muitos não percebem, mas, saiba que outros muitos sabem que somos os primeiros a perecer, já que somos suas buchas de canhão. No entanto, este não é o caso, vamos direto ao assunto que aqui me trouxe, para que eu possa sair o mais breve possível de vossa cidade.
Falou em tom brando, mas, com uma raiva contida.

Como pôde ler na carta de Krasnov, estamos numa situação delicada, já que Berlim teve seu príncipe destituído por alguém cuja idade e poder não podem ser mensurados por mim. Imagino que já tenha ouvido falar de Eric Eigermann. Eu estava lá. Eu o vi.

Sintetizando, este indivíduo tem o apoio de vários cainitas residentes dentro e fora de Berlim. Um deles é Eric Gould, conhecido membro berlinense. Outro, membro aliado deste ser era Mikhailov, antigo primógeno do clã Brujah em Moscou. Infelizmente, este último foi morto por um grupo de nosso clã, pelo que tudo indica, enviado da Áustria somente para destruí-lo.

Parte desta trama foi descoberta por membros brujah que desconfiaram das relações entre Gould e Mikhailov e, me parece, que minha ida a Berlim acelerou o processo, já que estávamos no rastro deles.

Além da perda da cidade e da morte do príncipe, outro que pereceu, imagino, foi Herr Lutz, membro do seu clã, pelas mãos do próprio Eigermann.

Para finalizar, tenho registros do que Andreiev descobriu e suas impressões sobre o que acontecia em Berlim.

Contei-lhe toda esta história para chegar a esta pergunta: O que sabes sobre uma organização chamada a ordem e qual a relação de Eigermann com ela?


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Al-Amin
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Sex maio 11, 2018 3:51 pm
A recusa da taça de vitae fez Al-Amin se dar conta de que pouco sabia sobre os Filhos de Saulot. As histórias que ouvia eram apenas aquelas que circulavam entre seu clã. Tal como os Filhos de Haqim, os descendentes de Saulot sofreram nas mãos dos Tremere. Mas a contrário do que aconteceu com sua família, os Salubri sofrem desde então uma perseguição generalizada e brutal. Um clã que outrora era admirado por sua nobreza e altruísmo passou a ser caçado em todos os cantos da sociedade Cainita.

Al-Amin estava curioso. Como um rapaz de aparência jovem e gentil poderia ser o elemento essencial para a eliminação de Maria, a Negra, uma representante dos malditos Baali? Que tipo de poderes esconderia Levi? Se Al-Ashrad havia dito que o Salubri seria capaz de dar conta da tarefa, Al-Amin não tinha motivos para desconfiar. Ainda assim, havia curiosidade. Mas optou por deixá-la de lado.

Quando ouviu as duas estratégias apresentadas por Levi, Al-Amin ficou sério. Em silêncio, virou o pescoço para poder olhar o espelho por alguns segundos. Voltou para Levi:

- Como pode ver, Levi Bey, eu não sou um homem de armas. Não sei se conseguiria me defender diante de uma ameaça tão grande quanto Maria. Ainda assim, fui instruído a protegê-lo e, agora, você me apresenta um curso de ação onde deverei me expor ao perigo.

Em sequência, abriu um sorriso. Era um sorriso melancólico.

- Mas creio que essa situação represente muito bem a sina de minha família. "Viva pela espada, morra pela espada". Não é assim que dizem? A nós, Filhos de Haqim, não existe outro caminho senão o da espada. No final, vizires e feiticeiros, somos todos igualmente destinados à guerra.

Mesmo sorrindo, Al-Amin tem um tom de tristeza em sua voz.

- Eu amo minha Família e amo Istambul, Levi Bey. Ambos me deram tudo o que tenho hoje. Penso no que Ibn Sayad faria em meu lugar e não tenho muitas dúvidas sobre qual seria a escolha dele. A verdade é que meu clã me delegou uma missão. E Istambul passa por um momento onde não existe tempo à perder.

Al-Amin volta a ficar sério. Ainda sentado, inclina seu corpo em direção à Levi.

- Não há escolha, Levi Bey. Eu usarei o espelho.

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Dom maio 13, 2018 9:25 am
Hardestadt ouviu com atenção as palavras pronunciadas por Geist. Os olhos do Ventrue passeavam pela face do Nosferatu, mas não expressavam nenhum desagrado ou desacordo durante a fala do mesmo. Se estivesse julgando Geist ou suas palavras, era notável que Hardestadt conseguia dissimular perfeitamente seus pensamentos. Continuou a fumar seu charuto enquanto Geist realizava sua profunda análise sobre a Camarilla Europeia. Quando o Nosferatu finalmente terminou, Hardestadt respondeu, de forma calma e elegante.

- Eu agradeço pelas tuas impressões, Herr Vorbeck. Me foram úteis para compreender a dinâmica de Berlim, e as opiniões da cidade, ou de parte relevante dela, sobre a Camarilla. O Senhor está dispensado.

O Ventrue voltou o olhar para o jardim, ignorando visivelmente o Nosferatu. A fumaça do charuto ofuscava sua face de tempos em tempos, mas Geist percebeu que o Ventrue continuava a não expressar nada em particular. O encontro foi interrompido com a saída de Carlo Ballestra, que aparentemente procurava Geist pelo jardim.

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Vashtai leu atentamente o conteúdo da carta de recomendação de Krasnov. O que quer que havia sido escrito no documento, fez a anciã mudar a sua atitude. Enquanto Dmitri se pronunciava ela ouviu atentamente, e começou a sua resposta com um pedido aparentemente sincero.

- Peço-lhe desculpas pela minha indelicadeza, Dmitri. Os acontecimentos em Istambul tem me exasperado nos últimos dias.

Ajeitou-se na cadeira. Sua beleza assombrava Dmitri.

- Não gostaria de discutir, neste momento, as relações de Istambul com a tua Família, mas esteja certo que as instabilidades provocadas pelos Brujah nos levaram a tomar a decisão de interditar o acesso do Clã à Istambul. Podemos discutir isso com mais tempo, se desejar. Mas, agora, gostaria de me ater ao teu questionamento.

Olhou diretamente para Dmitri.

- Existem... descontentes, Dmitri. Descontentes tanto na Camarilla quanto no Sabá. Sempre existiram. Eu antecedo a formação destas duas seitas, e minha escolha em alinhar-me com a Camarilla foi meramente pragmática. No entanto, nem todos os que se submeteram a uma ou outra seita à época da fundação o fizeram de maneira sincera. Alguns anciões se ressentiam da autoridade que lhes foi confiscada. Lembravam-se dos séculos após a queda do Império Romano, quando governavam seus territórios sem nenhuma autoridade a qual se submeter.

A Toreador acendeu um cigrro e tragou profundamente. Soltou a fumaça em maneira lenta e cadenciada.

- Estes cainitas juraram restabelecer tais regras de governo, desprezando, secretamente, a Tradição da Máscara e tudo o que ela representa. Formaram círculos e recrutaram outros que dividiam a mesma ideologia ou que foram seduzidos por ela, esperando que os ventos estivessem propícios para que a sua Ordem fosse forte o suficiente para golpear as estruturas que conhecemos hoje. E o tempo aparentemente chegou, Dmitri.

Deu um segundo trago e soltou novamente a fumaça.

- Esta ordem não dispõe de um nome, embora a sua identidade, princípios e objetivos sejam razoavelmente claros. Contudo, se desejares identificá-los daqui para a frente, podes referir-se a eles como O Senado.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________

O Salubri escutou as palavras de Al-Amin. Eu seu olhar havia admiração pela abnegação e altruísmo, assim como pelo senso de dever do Assamita. Havia, contudo, algo estranho em relação a Levi. Al-Amin já havia percebido que sua aparência - demasiadamente moderna e adaptada aos novos tempos - parecia denunciar uma certa juventude no Sangue, e se perguntava se o Salubri seria capaz de cumprir os objetivos para os quais fora escolhido. O olhar de Levi, contudo, continha uma intensidade e experiência que atraiam Al-Amin.

Ele abriu uma bolsa de couro que levava a tiracolo. Dela retirou um pequeno pergaminho envelhecido, enrolado e selado com cera de abelhas. Entregou-o a Al-Amin para depois explicar do que se tratava.

- Al-Ashrad, o Magnífico, me encarregou te entregar-lhe tal documento. Foi mantido em minha posse por razões de segurança. Contido nele estão dois rituais. Um deles lhe permitirá orientar o espelho para que ele identifique e localize quaisquer infernalistas que façam de Istambul o seu esconderijo, com o eventual ônus que, dependendo de suas capacidades individuais, eles possam se tornar cientes de que estão sendo observados. Por isso a tua localização, como já dito por mim, deverá dar lugar a uma ação rápida e efetiva da minha parte e da parte dos guerreiros de seu Clã.

Fez uma pausa.

- Sobre o segundo ritual, nada me foi explicado a respeito. Al-Ashrad me confiou somente a tarefa de informar-te que ele abrirá a passagem para o Rei, se e quando você decidir que a passagem deverá ser aberta.

O Salubri se levantou.

- Os guerreiros de teu Clã se aproximam com celeridade, Al-Amin. Estarão aqui ainda esta noite. A decisão de quando usar o espelho, no entanto, cabe somente a ti. Da minha parte, estou pronto.

Abriu o Terceiro Olho.
Al-Amin
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Dom maio 13, 2018 1:42 pm
Al-Amin segurou o pergaminho fechado em suas mãos. Observou-o por um instante e abriu o selo. Contemplava o que estava escrito ali. As misteriosas palavras pareciam terem sido escritas aleatoriamente, mas conforme ia absorvendo-as, intuitivamente sabia o que deveria fazer. Um frio percorreu sua espinha ao se dar conta que portava uma parcela do poder, delegado a ele, de Al-Ashrad.

Quando Levi falou a respeito do segundo ritual, que abriria a passagem do Rei, Al-Amin sabia do que se tratava. Era o feitiço que permitiria o acesso à câmara de repouso de Antonius. Ainda tinha muitas dúvidas quanto ao que fazer sobre isso, mas não pensaria nelas agora. No momento, tinha uma missão em mente: eliminar Maria, a Negra. Tal ato não só seria necessário para assegurar um eventual retorno de Antonius. Ao escutar Levi, se deu conta que tratava-se de algo maior. Maria era uma infernalista, responsável por lançar uma praga sobre parte da população Cainita de Istambul. Sua existência era uma ameaça à estabilidade da cidade. Pensar que ela poderia ser útil politicamente, pois coloca os orgulhosos Ventrue em xeque seria um pensamento mesquinho e de curto-prazo. Ao menos era o que Al-Amin achava.

Pensou também em Ballestra. O verdadeiro Ballestra, não a figura macabra que surgia quando Antonius tomava seu corpo. Quantos Ventrue como ele corriam risco enquanto Maria vivia? Poucos, talvez. Mas estes poucos valiam a pena salvar.

Olhou Levi e disse, com o pergaminho em mãos.

- Eu sei o que Al-Ashrad pretende com esse segundo ritual. No entanto, ele precisa aguardar. Temos que cumprir nossa missão primeiro.

Quando o terceiro olho do Salubri se revela, Al-Amin não pode deixar de se surpreender com a visão. Ele para por alguns segundos, atônito. Que vampiros eram aqueles? Do que seriam realmente capazes?

Al-Amin sai do breve transe e caminha para se posicionar diante do espelho. Observando seu próprio reflexo, diz em tom irônico:

- Espero que esteja certo quanto ao passo dos guerreiros de meu clã, Levi Bey. Alamut’s finests, como diriam os ingleses.

Com um suspiro, Al-Amin começa o ritual.
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Dom maio 13, 2018 2:37 pm
Os olhos passaram tranquilamente pelo pergaminho. O idioma não era um problema, assim como não o era a escrita. A voz de Al-Amin se propagava pela sala de reuniões. O convidado estava de pé, Al-Amin conseguia vê-lo através do reflexo do espelho. Ao menos até o momento em que este se tornou preenchido por nuvens escuras, pesadas, exatamente como acontecia quando falava com o Ninho da Águia.

E ali Al-Amin perdeu qualquer conexão com o mundo físico ao seu redor, e teve consciência disso, pois esperou, profundamente, que Levi fosse capaz de defendê-lo em qualquer eventualidade.

As nuvens se abriram e Al-Amin viu Istambul. Mas ainda não era a cidade que amava, era a sua versão antiga, tão apaixonante quanto. Constantinopla. Al-Amin viu uma figura encapuzada que caminhava pelas ruas enlameadas. Seu toque fazia definhar os mortais, ação que ela executava somente por prazer. O olhar da figura se elevou, em direção à Catedral de Santa Sofia, mas ela não ousou se aproximar. Ao seu redor, o mundo decaía em putrefação, mas ela passava incólume.

A imagem mudou.

Constantinopla ardia em chamar, saqueada pelos cruzados. Sobre as cinzas e corpos e sobre a luz da lua ela dançava. Al-Amin sentia o calor do fogo e os gritos das mulheres estupradas e crianças degoladas pelos invasores venezianos. Ela, e agora o Assamita sabia que se tratava de uma mulher, pois via as formas delicadas e curvilíneas e o cabelo negro, longo, que lhe caía em tranças pelas costas, se regozijava diante da destruição.

E Al-Amin soube várias coisas naquele momento.

Mas a mais importante delas era que a Rebelião que se seguiu após a destruição de John Paleogolus, antigo Príncipe da Cidade, rebelião que havia justificado a interdição permanente ao Clã Brujah havia sido orquestrada por ela, numa tentativa de enfraquecer, ainda mais, a cidade que por alguma razão tanto odiava.

E ficou clara a razão de odiar tanto aquele lugar. Ao menos, em partes.

Pois Constantinopla era o Sonho de Miguel. E ela não poderia descansar enquanto as estruturas daquele Sonho ainda estivessem de pé.

E então, numa velocidade estonteante, a visão mudou. Al-Amin se viu sobrevoando o Mosteiro de Zeyrek, sua visão descendo em direção à terra, atravessando muros e paredes, solo e raízes, pinturas de catacumbas, arcos e colunas, até se tornar visível a mesma figura que vira antes. Ela se girou velozmente em direção à visão de Al-Amin. Mas não o viu.

Não o viu por uma simples razão. O Assamita havia sido afastado da frente do espelho, seu corpo praticamente lançado ao chão. Diante do objeto, estava Levi. O Terceiro Olho brilhava intensamente, emitindo uma luz feroz e avermelhada, enquanto sua voz, nitidamente mais imponente, pronunciou as seguintes palavras.

- Sou eu o teu inimigo, Maria.
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Dom maio 13, 2018 8:19 pm
* Ouviu o veredito de Hardestadt e, pela primeira vez em todo o diálogo, sorriu. Levantou-se ajeitando a gravata uma última vez e, caminhando lentamente apoiado por sua bengala, encerrou*

- É sempre um fato, mas entristece-me a percepção de que, invariavelmente, o mito é maior que o homem.


* Notou Carlo Ballestra sair e aparentemente buscar algo, ou alguém, naquele jardim. No entanto, pretendia manter tal aproximação longe dos olhos de Hardestadt.

Deixou o jardim e, ao cruzar a esquina, ofuscou-se aguardando o momento no qual Ballestra sairia daquele local. Quando o fizesse, o acompanharia - entraria em seu carro se fosse o caso ou caminharia o seguindo - e quando estiverem longe o suficiente, sua voz se faria presente antes de sua visão.*

- Creio que já podemos dialogar sobre nossas...coleções, Herr Ballestra.
Al-Amin
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Seg maio 14, 2018 6:45 pm
Al-Amin estava no chão de sua sala, recuperando-se das visões que o espelho lhe mostrou. Havia visto Maria, a Negra. E a havia visto em momentos distintos da história de Istambul, atestando o quanto aquela Cainita era antiga.

Enquanto contemplava Levi demonstrando seu poder diante do espelho, Al-Amin não pôde deixar de se dar conta de algo. O sentimento que a Baali nutria por Istambul era uma antítese do que ele próprio sentia pela cidade. Eram opostos. Se ele tinha amor, Maria tinha ódio. Se ele queria ver a cidade prosperar apesar da guerra, Maria queria que tudo ali ardesse em chamas.

Al-Amin era movido por amor e um senso de dever. Maria se orientava pelo ódio e uma busca incessante pela destruição.

Fora Maria a responsável por uma série de desgraças que se abateram sobre Istambul e, mais uma vez, ela se empenhava em construir seu temível legado.

Sabia agora onde ela estava: o Mosteiro de Zeyrek.

O Vizir ouviu claramente as palavras de Levi, declarando-se como o inimigo de Maria. Sentiu-se protegido sabendo que ele estava ali e os guerreiros de seu clã estavam a caminho. Ainda assim, sentiu-se também empenhado a cumprir seu dever. Se havia uma prova de amor que poderia entregar à Istambul, ainda que perecesse no caminho, era a eliminação de Maria, a Negra.
Dmitri Bogdanov
Dmitri Bogdanov
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Qua maio 16, 2018 9:24 am
O brujah levantou-se de sua cadeira, ainda com o olhar fixo na bela Vashtai. O cheiro de perfume, misturado ao odor da fumaça do cigarro o inebriava lentamente. Respirou fundo, para guardar aqueles cheiros em sua mente, até voltar ao raciocínio que o levou até ali.

Provavelmente os cainitas de Viena estão de conluio com Eigermann e isso me é preocupante. De qualquer forma, sei com o que estamos nos metendo e isso me preocupa ainda mais. Ele sorri de forma simpática, ele de fato estava encantado por aquela mulher. Agradeço a sua gentileza e lamento, mais uma vez, tê-la incomodado e a sua corte. Se me permite, trocarem algumas poucas palavras com Lord Hardestadt e em seguida abandonarei a sua cidade, para voltar, se voltar, somente quando o embargo acabar. Adoraria vê-la mais uma vez.

Dmitri de repente fica sério, abandonando abruptamente seu jeito amável e risonho.

Não é que seja da minha conta, mas, me sinto no dever de falar. Este embargo pode ruir, de forma significativa, as relações dentro da Camarilla e a forma como ela funciona. Por maior que tenha sido o problema, impedir que um clã inteiro adentre a vossa cidade, é um erro. Como pode ver, uma parcela dos brujah parece estar aliada ao Eigermann e a sua ideologia. Pensem direito sobre o que fazer. Não se sabe quando precisarão do apoio, mesmo que fragmentado, de nosso clã.

Ele volta a sorrir, caminha até a direção da anciã, toma sua mão entre as suas, beija educadamente e começa a se retirar do cômodo, em busca de Hardestadt.

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